A operação de busca e apreensão no Consulado do Rio e nos endereços residenciais

OPINIÃO

POR ODAIR SENE

Há dias assistimos perplexos a ação conjunta das polícias de Portugal e do Brasil numa operação de busca e apreensão não só no Consulado do Rio mas em onze endereços de pessoas que trabalham no órgão. O assunto foi destaque em jornais importantes dos dois países.
Os funcionários diplomáticos foram separados numa sala e interrogados. Segundo soubemos, com “humilhações, mentiras, e invenções”.
Suas casas foram invadidas pela polícia logo após 5 da manhã “e ficou tudo revirado, celulares apreendidos, familiares e vizinhos acordados assistiram essas pessoas sendo levadas (conduzidas) como bandidas”, nos relatou uma fonte dessas “investigadas” com mais de 30 anos de serviços prestados sem nunca ter errado em suas condutas, conforme relatou, revelando que o assunto resultou em um abalo emocional tamanho, que atualmente toma remédio “tarja preta” para cuidar do psicológico e conseguir dormir – o “investigado” e seus familiares acordaram com pancadas da polícia mandando abrir “senão vamos arrombar”.
E junto com tudo isso, (também segundo as fontes) o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) agora contemplou vários países com uma atualização salarial, MENOS OS FUNCIONÁRIOS DOS CONSULADOS DO BRASIL.
Os funcionários, aliás, apresentados pela justiça nos jornais (sem suas identificações, portanto todos no mesmo grau de julgamento) como “suspeitos” de ligações com o PCC. “Essa do tal de PCC foi uma maldade. Estamos tontos até agora com o circo que foi formado. Não tenho nada com isso. Mas tenho família, amigos. Morrendo de vergonha. Enfim…vamos q vamos”, relatou a mim outra fonte (uma mãe) que prefere não ser identificada, mas está abalada porque foi colocada como criminosa perante os usuários, familiares e imprensa.
Conclusão dessa história – esses funcionários do Consulado do Rio foram os que mais se manifestaram (ao longo dos últimos dois anos pelo menos) contra o descaso do MNE referente aos seus salários congelados desde 2013, que segundo eles garantem, ainda não foi atualizado como anunciado pelo secretário).
E são esses os funcionários que perderam o poder de compra ao longo dos últimos anos, ao ponto de terem que vender carros, imóveis, parar de pagar seus planos de saúde, tiveram que tirar seus filhos das escolas particulares (para a pública) e passaram a trabalhar de transporte público.
Seria uma ligação bastante “burra” com uma facção criminosa, ou fazendo receitas irregulares, porque não estão recebendo uma contra-partida dessa “associação criminosa”.
Curiosamente, até o momento, ninguém foi preso, não se apresentou provas das irregularidades, ou algum volume de recursos além do normal em suas contas, nada, apesar do barulho feito na mídia (tanto no Brasil quanto em Portugal).
Essa “operação” teria mesmo algum fundamento? Ou não passou de uma “repreensão”?

Por Odair Sene
Editor do Mundo Lusíada

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