Casos sarampo: Portugal mantém coberturas das vacinas até aos sete anos “muito elevadas”

Da redação com Lusa

As coberturas das vacinas recomendadas no Programa Nacional de Vacinação (PNV) permaneceram muito elevadas em 2023, com “melhorias importantes” na vacinação contra o HPV nos rapazes e contra o tétano e difteria nos adultos

Os dados constam do Relatório Síntese Anual da Vacinação 2024 da Direção-Geral da Saúde (DGS), hoje divulgado, segundo os quais as coberturas vacinais de todas as vacinas recomendadas no PNV, avaliadas até aos 7 anos, se situavam, em 2023, em cerca de 99% no fim do primeiro ano de vida e atingiram ou ultrapassaram a meta dos 95% nos seguintes, à semelhança de anos anteriores.

Segundo o documento, divulgado no evento “Vacinas: A Proteger Gerações”, que decorreu em Arronches, em Portalegre, promovido pela DGS e integrado no programa de atividades da Semana Europeia da Vacinação 2024, a vacinação contra o sarampo, cumpriu e ultrapassou a meta nacional e internacional dos 95%, “reforçando a proteção com o objetivo de evitar ou limitar surtos”.

Na vacinação contra a doença meningocócica do grupo B, introduzida no PNV em outubro de 2020, foi atingida ou ultrapassada a meta dos 95% em todas as ‘coortes’ abrangidas, à semelhança das restantes vacinas recomendadas na mesma idade”, realça a DGS em comunicado.

“A vacinação recomendada aos dois meses de idade é cumprida, mas existe uma franja de 17% a 19% de crianças que se mantêm suscetíveis ao sarampo e doença meningocócica C, aos 13 meses de idade”, lê-se no relatório.

Para a DGS, a “meta dos 95% é crítica para o sarampo, por ser altamente transmissível e por estas crianças frequentarem estabelecimentos pré-escolares, facilitadores da sua transmissão”, defendendo, por isso, que este é “um indicador a melhorar, por exemplo, através da sensibilização do(s) progenitor(es) ou tutor legal do menor para o cumprimento da vacinação recomendada aos 12 meses”.

Segundo a autoridade de saúde, “a vacinação do sexo feminino contra HPV mantém o seu nível de excelência, de 90% para o esquema completo, quando completam os 12 anos de idade”.

Também a cobertura vacinal do sexo masculino contra HPV, introduzida no PNV em outubro de 2020, revela “uma significativa adesão à vacinação”.

Nas ‘coortes’ de 2009, 2010 e 2011 (respetivamente 14, 13 e 12 anos), verificam-se coberturas próximas de 90% para o esquema vacinal completo.

Quanto à cobertura vacinal estimada da grávida, para proteger o recém-nascido contra a tosse convulsa, o relatório revela que esta se mantém níveis elevados (84% em 2023).

Segundo o documento, o cumprimento da vacinação de reforço contra o tétano e a difteria ao longo da vida variou entre 98% na ‘coorte’ que completou dois anos e 87% no grupo que completou 65 anos.

O relatório também inclui dados preliminares referentes à Campanha de Vacinação Sazonal Outono-Inverno de 2023-2024, que continua a decorrer até 30 de abril.

“Em 2023 assinala-se o alargamento da população dos 60 aos 64 anos abrangida pela gratuitidade da vacinação contra a gripe, e a inclusão da rede de farmácias na estratégia vacinal”, recorda a DGS.

Adianta que a gratuitidade neste grupo etário dos 60-64 anos permitiu aumentar a cobertura para 45%, representando um aumento de 18 pontos percentuais em relação ao ano anterior.

“A manutenção dos excelentes resultados da vacinação no âmbito do PNV é resultado do esforço e dedicação diário dos profissionais de saúde, bem como da confiança que a população deposita na vacinação”, salienta a DGS no comunicado.

O relatório acrescenta que, para a manutenção destes resultados, “é necessário manter o contínuo investimento no seu cumprimento pelas unidades de saúde e seus profissionais, bem como a confiança da população”.

“No entanto sucessos passados e presentes não determinam sucessos futuros, é necessário melhorar a capacidade de identificar populações suscetíveis e hesitantes, reforçando a importância da vacinação”, defende a DGS no documento.

Sarampo

Portugal tem 20 casos confirmados de sarampo, revelou hoje a diretora-geral da Saúde, Rita Sá Machado, que realçou as “elevadas taxas de cobertura nacionais” na vacinação contra esta doença.

“A nível do sarampo, temos elevadas taxas de cobertura nacionais. Temos, neste momento, 20 casos de doença por sarampo confirmados em Portugal”, disse Rita Sá Machado a jornalistas, à margem de uma cerimónia em Arronches, no distrito de Portalegre.

“Precisamos de atuar para que as pessoas continuem a vacinar-se e para se vacinarem de forma atempada. Se for para vacinar ao ano de idade não devemos vacinar ao ano e três meses”, alertou.

A diretora-geral da Saúde aconselhou também que aquelas pessoas que não tenham sido vacinadas contra esta doença ou apenas tenham recebido uma dose da vacina a confirmarem esta situação no seu boletim de vacinas.

“Olhem para os boletins e vejam, de acordo com o ano de nascimento, se têm duas doses de vacina ou apenas uma dose”, frisou, referindo que “estão são as medidas que, enquanto cidadãos”, devem ser adotadas, cabendo à DGS tomar outras.

Ainda quanto aos dados sobre a vacinação no ano passado em Portugal, a diretora-geral da Saúde considerou importante olhar para alterações a nível regional.

“Notamos que também existem umas um pouco mais elevadas, umas um pouco mais baixas”, sendo “importante” fazer “essa diferenciação” e entender “porque é que isto está ou não a acontecer”, argumentou.

Questionada ainda pelos jornalistas sobre se há falta de vacinas no país, Rita Sá Machado afirmou que “não existe uma rotura de ‘stock’ vacinal”.

“Desde o início do ano estamos a acompanhar a reorganização do Serviço Nacional de saúde, onde muitas das questões associadas às vacinas passaram para as unidades locais de saúde (ULS)”, disse.

Rita Sá Machado considerou que “já era expectável” o aparecimento de perturbações e disse que a situação está a ser acompanhada com a direção executiva do Serviço Nacional de Saúde “para tentar minimizar os impactos na população”.

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