Não basta o dinheiro de Bruxelas, é preciso que a economia arranque – presidente

Arquivo/Lusa: Presidente em restaurante de Lisboa. Marcelo Rebelo de Sousa afirmou em entrevista que passou a noite num hotel para verificar as condições de higiene.

Da Redação
Com Lusa

O Presidente de Portugal considerou que o apoio União Europeia para minimizar os efeitos da covid-19 “ajuda muito”, mas advertiu que “não basta o dinheiro de Bruxelas” e “é preciso que a economia arranque”.

“As notícias que vieram de Bruxelas foram boas notícias, mas também é importante que a economia funcione. Não basta só o dinheiro de Bruxelas. Ajuda muito, se se puder confirmar em junho ou julho aquele tipo de montantes, ajuda muito. Mas é preciso que a economia arranque”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa.

O chefe de Estado, que falava aos jornalistas no final de uma visita à Livraria Barata, em Lisboa, referiu que “as notícias são de que as empresas já estão a arrancar mais e de que já há situações em que quem estava em ‘lay-off’ passou a trabalho”.

“Mas é preciso que isso se confirme”, acrescentou.

O Presidente da República insistiu que, “se houver meios financeiros”, deve haver um prolongamento do mecanismo de ‘lay-off’ simplificado atualmente em vigor, para “permitir a recuperação das empresas, que não é de um dia para o outro”, e conter o desemprego.

Quanto ao prazo desse prolongamento, Marcelo Rebelo de Sousa remeteu a questão para o Governo: “Isso é um juízo que eu não gostava de formular. Quem tem de decidir é que tem de fazer esse juízo no caso concreto”.

Questionado se entende que há condições para a realização da Festa do Avante, do PCP, no início de setembro, o Presidente da República respondeu que, “neste momento, esse tipo de realidades não está nem proibida nem permitida” e insistiu que é importante haver regras conhecidas com antecedência e iguais para todos.

“O que se espera em relação a essas realidades que venham a existir é que se conheça com antecipação as regras das autoridades de saúde, e que elas sejam iguais para todas – qualquer que seja o partido, qualquer que seja a associação, qualquer que seja a confissão religiosa, qualquer que seja a iniciativa regional ou local ou social. Que sejam conhecidas as regras, para não haver a ideia de que se beneficia um ou outro ou prejudica um ou outro, com tempo, e sejam aplicadas de forma igual”, defendeu.

O chefe de Estado realçou que, atualmente, “aquilo que está proibido, em princípio, são festivais e espetáculos análogos, desde que não haja lugares marcados, desde que não se respeitem determinado número de regras sanitárias”, e que nesse quadro legal “não entram outras realizações políticas, político-partidárias, religiosas, sociais, as mais diversas”, cabendo essa qualificação ao “próprio organizador”.

Noite em Hotel

Marcelo Rebelo de Sousa afirmou em entrevista que passou a noite num hotel para verificar as condições de higiene e considerou que “são muito estritas”, com “desinfeção permanente”.

Em direto na Rádio Renascença para falar sobre a covid-19, o chefe de Estado revelou também que tem feito testes de diagnóstico de 15 em 15 dias, por ter “uma necessidade de contato público maior” e “a responsabilidade de ir a mais cerimônias”, o último dos quais depois de ter ido a Ovar.

Em relação aos novos casos de covid-19 na região de Lisboa e Vale do Tejo, o Presidente da República reiterou que não existe “uma situação descontrolada” que “justifique alarme social”, mas assinalou que os números disponíveis retratam sempre apenas o que se passava há 15 dias e não o cenário atual.

Por outro lado, alertou que os jovens são um grupo etário com menor risco, mas devem pensar que “têm avós, têm pais e têm tios” e comportar-se tendo em conta “o risco social dos outros”.

A propósito da sua experiência pessoal nesta fase de reabertura gradual de atividades e estabelecimentos encerrados devido à pandemia, Marcelo Rebelo de Sousa contou: “Esta noite que passou passei-a num hotel, para verificar as condições de higiene do hotel”.

“E achei que as condições são muito estritas. É um hotel que nunca fechou. São muito estritas. Tudo é desinfetado: a mala, a pasta, o computador. Há uma desinfeção de quem entra, há uma desinfeção permanente dos quartos. Mas tem de ser assim”, acrescentou.

Em relação aos testes de diagnóstico, declarou: “Eu estou a fazer em princípio, como tenho uma necessidade de contacto público maior, de 15 em 15 dias, para garantir que não há risco, não para mim, mas para os meus colaboradores”.

O Presidente da República referiu que fez o primeiro teste quando ficou confinado ainda antes do estado de emergência, que vigorou em Portugal entre 19 de março e 2 de maio, e que o último “depois da ida a Ovar”, concelho do distrito de Aveiro onde foi estabelecida uma cerca sanitária durante cerca de um mês.

Em Portugal, os primeiros casos de infecção com o novo coronavírus foram confirmados no dia 02 de março e já morreram 1.369 pessoas num total de 31.596 confirmadas como infectadas, com 18.637 doentes recuperados, de acordo com o relatório de quinta-feira da Direção-Geral da Saúde (DGS).

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