Bienal de São Paulo abre novamente a porta a artistas portugueses

Arquivo: O Primeiro Ministro português Antonio Costa, e ministro da Cultura, Castro Mendes, já visitaram a Bienal de SP.

Da Redação
Com Lusa

O curador-geral da Bienal de São Paulo, Jacopo Crivelli Visconti, que apresentou nessa semana no Porto as linhas gerais da 34.ª edição, disse estar em Portugal para “ver artistas”, sublinhando que, contrariamente a 2018, a edição de 2020 terá portugueses.

O curador revelou que a edição de 2020 tem início em fevereiro, mas prolonga-se por todo o ano.

Esta apresentação, tal como a que aconteceu em Lisboa, insere-se num programa mais amplo definido pela equipe de curadores, que tem viajado pelo mundo “principalmente para ver artistas”.

“Já vi vários em Lisboa, vou ver alguns aqui no Porto e isso é parte do nosso momento de pesquisa internacional”, frisou, em declarações à Lusa.

Em 2018, pela primeira vez desde que a Bienal de São Paulo abriu portas em 1951 naquela cidade brasileira, não houve registo da presença de artistas portugueses na exposição, quebrando a relação histórica que existia.

“Em 2018 foi uma Bienal também muito especial porque não havia uma única curadoria que tivesse um controle de onde vinham os artistas, foram convidados vários artistas e aí o curador-geral não tinha ingerência sobre a curadoria de cada um. E aí se criou essa situação paradoxal de a Bienal de são Paulo não ter portugueses. Foi a primeira vez na história e certamente que vai ter artistas portugueses na próxima”, sublinhou Jacopo Visconti, reiterando que a viagem a Portugal serviu para procurar artistas que não conhecia e rever outros.

Sobre a possibilidade de a Fundação Serralves voltar a acolher itinerância da Bienal, o responsável referiu que esse objetivo ainda não está a ser trabalhado, mas admitiu que “gostaria de trazer alguma coisa para a Europa”.

“Vamos ver. Acho que se trata de começar essas conversas e ver se elas vão para a frente”, salientou.

A 34.ª edição da Bienal de São Paulo arranca em fevereiro de 2020 com um conjunto de exposições individuais e performances.

Segundo Visconti, esta edição explora a poética das relações, tendo adotado uma estrutura operacional inovadora, que envolve a apresentação de espetáculos e atividades no Pavilhão da Bienal, a par do desenvolvimento de uma rede de 25 instituições de São Paulo.

“Talvez o aspeto mais singular seja que a exposição vai durar praticamente o ano inteiro, porque a partir de fevereiro vai haver exposições individuais e três grandes performances no Pavilhão da Bienal e depois, quando a bienal ocupa o pavilhão inteiro, entre setembro e dezembro”, revelou.

Quando o Pavilhão da Bienal estiver completamente ocupado pela mostra principal da edição, em setembro de 2020, as instituições vão promover exposições nos seus próprios espaços.

“A ideia é mostrar, tornar quase tangível a interpretação que se faz de um trabalho dependente muito das relações que se criam entre esse trabalho e tudo o que está ao seu redor. Primeiro vê-se o trabalho individual e depois encontra-se esse mesmo trabalho numa coletiva e é-se levado a fazer leituras diferentes. Porque essa ideia de relações é um pouco uma das ideias centrais da exposição”, explicou.

Apesar de a situação política no Brasil não ser tema da exposição, o curador salienta que acaba por ser retratada nesta edição, ainda que de uma maneira mais aberta.

“Ela não quer ser uma bienal política no sentido convencional de falar especificamente de questões que estão no noticiário. Ela quer ser política no sentido em que propõe uma postura com o mundo, ou com o país pelo menos, que não é de fechamento, mas que é de abertura, que é tudo o que a gente não vê nas ruas e na vida quotidiana”, concretizou.

Visconti frisou ainda que a restante programação da Bienal, intitulada “Faz escuro, mas eu canto”, está ainda a ser definida, dado que não há propriamente um tema, mas uma metodologia.

“Os temas, na verdade, vão-se definindo, estão-se definindo pouco a pouco a partir dos artistas que nos interessam e não o contrário, como se faz normalmente – escolher um tema e encaixar os artistas”, explicou.

Entre os artistas confirmados está Ximena Garrido-Lecca, em fevereiro, com uma performance que explora o impacto cultural dos padrões neocoloniais transmitidos pelos processos de globalização. Esta performance coincide com outra, “A Maze in Grace”, de Neo Muyanga, em que um grande coro de vozes apresentará uma composição com base na música “Amazing Grace”.

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