UE: Mais importante neste momento é assegurar a paz em Moçambique

Da Redação
Com Lusa

Filipe Jacinto Nyusi em discurso na 70ª Assembleia Geral. Foto: ONU/Cia Pak
Filipe Jacinto Nyusi em discurso na 70ª Assembleia Geral. Foto: ONU/Cia Pak

O representante da União Europeia (UE) em Maputo defendeu que “o mais importante é assegurar que haja paz” em Moçambique, num momento em que o país conhece um agravamento da crise política entre Governo e oposição da Renamo.

Sven von Burgsdorff, em declarações divulgadas pela Rádio Moçambique, considerou também que o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, foi “muito honesto” quando disse, na quarta-feira no parlamento, não estar ainda satisfeito com o estado da nação.

“É normal, porque a situação politica não parece resolvida, a pobreza continua a afetar uma boa parte da população e o Presidente [da República] está muito consciente disso”, afirmou.

Salientando que a UE apoia os esforços do Governo para promover o crescimento econômico e inclusivo, o diplomata saudou igualmente o apelo do chefe de Estado “para assegurar o envolvimento da sociedade civil e dos partidos na busca de soluções para ultrapassar todos os desafios políticos e econômicos”.

O mais importante neste momento, destacou, “é assegurar que haja paz”.

Filipe Nyusi disse na quarta-feira estar insatisfeito com o estado da nação, quando se dirigiu ao parlamento para fazer o seu primeiro discurso anual, numa sessão em que os deputados da oposição da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) abandonaram a sala.

“Estaríamos contentes se tivéssemos resolvido definitivamente os problemas básicos da pobreza, da exclusão e da paz”, afirmou perante o plenário da Assembleia da República Filipe Nyusi, na Informação Anual do Chefe do Estado sobre a Situação Geral da Nação.

“Esta é a verdade. Se perguntarem se estamos orgulhosos, a resposta é que sim, estamos orgulhosos. Se perguntarem se estamos satisfeitos, a resposta verdadeira e sincera é esta: não estamos ainda satisfeitos”, declarou.

Na sua intervenção sobre o estado da nação, o Presidente moçambicano voltou a manifestar disponibilidade para se reunir com o líder da oposição, com vista a que, juntos, encontrem uma saída pacífica para a atual crise política e militar.

No mesmo dia, o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, disse que se prepara para controlar seis províncias do centro e norte de Moçambique a partir de março de 2016.

“A Renamo vai governar a partir de março de boa maneira, vamos ocupar politicamente e democraticamente Sofala, Nampula, Zambézia e Manica, iremos ocupar Tete e Niassa”, afirmou Afonso Dhlakama, falando por telefone para jornalistas e membros do seu partido, reunidos num hotel em Maputo.

O líder da Renamo, que não é visto em público desde 09 de outubro, após a polícia ter cercado e invadido a sua casa na Beira para desarmar a sua guarda, referiu que está bem de saúde e em Sadjundjira, uma das principais bases do partido e onde já refugiara durante a última crise militar com o Governo entre 2013 e 2014

“Não iremos disparar nenhum tiro, mas quero deixar claro que, se os da [Unidade de] Intervenção Rápida ou as ‘fademos’ [Forças Armadas], em cumprimento das ordens de Nyusi, tentarem fazer brincadeira, vamos destruir. Repito, vamos destruir e não iremos encontrar nenhuma resistência”, declarou Dhlakama, manifestando apenas disponibilidade para negociar depois de controlar aquelas seis províncias.

As palavras de Dhlakama seguem-se ao chumbo pela maioria da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), a 07 de dezembro, da proposta de revisão pontual submetida pela Renamo ao parlamento e que visava acomodar o seu projeto de autarquias provinciais.

A Frelimo já tinha rejeitado em abril um projeto de lei prevendo a criação daquelas novas figuras administrativas, consideradas pela Renamo como indispensáveis para ultrapassar a fraude que alega ter existido nas eleições gerais de 15 de outubro de 2015.

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