Mundo Lusíada
Com agencias
O cante alentejano, um canto coletivo, sem recurso a instrumentos e que incorpora música e poesia, foi classificado como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
A distinção foi aprovada na manhã de 27 de novembro, pelo Comitê Intergovernamental da UNESCO para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, que está reunido esta semana em Paris (França). O comitê aprovou a candidatura do cante alentejano e a sua inscrição na lista representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, assim como a Capoeira.
O Presidente português felicitou os grupos do Cante Alentejano e os promotores desta candidatura. “Foi com profunda satisfação que tomei conhecimento da decisão, tomada hoje na reunião do Comité Internacional da UNESCO, em Paris, de integrar o Cante Alentejano na lista representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade”.
Para Cavaco Silva, a cultura portuguesa é assim colocada em destaque no panorama internacional. “Homenageia-se hoje uma arte que nasceu de uma tradição vernacular e rural, um canto do povo, que é tão belo como as planícies do Alentejo onde nasceu.
A 25 de abril de 2012, tive ocasião de promover, no Palácio de Belém, uma iniciativa dedicada ao Cante Alentejano, como incentivo à candidatura que hoje triunfou”.
Segundo o presidente, a consagração irá certamente contribuir para um maior conhecimento e salvaguarda desta expressão musical. Em Portugal existem cerca de 150 grupos deste “canto da terra”, que Cavaco felicitou juntamente com todos os que se dedicaram à elaboração e ao sucesso da candidatura.
O secretário português da Cultura também congratulou com a inscrição, dizendo que é uma distinção de grande relevância e significado para Portugal e que “em muito honra os portugueses”. “Trata-se do reconhecimento da importância de uma prática que é parte integrante da Cultura Portuguesa e que, apesar de nascida no Alentejo, é valorizada em todo o território nacional e, cada vez mais, a nível internacional” declarou.
A importância do Cante Alentejano vai além da sua vertente cultural, integrando uma componente social muito forte que se manifestou ao longo de séculos de história e através da sua capacidade de transmissão geracional, que une cidadãos das mais diversas faixas etárias, tornando-o um veículo dinamizador de muitas comunidades.
A inscrição do Cante Alentejano na Lista Representativa da UNESCO contribui ainda para um aumento do potencial de desenvolvimento cultural do País e, em particular, da região do Alentejo, além de garantir uma maior divulgação da manifestação cultural, segundo o secretário.
A candidatura do Cante Alentejano foi apresentada pelo Estado Português à UNESCO em 2013, depois de alguns anos de preparação, num processo que contou com o trabalho do Município de Serpa e dos Municípios do Baixo Alentejo; da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo; da Direção Regional de Cultura do Alentejo; da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e da Comissão Nacional da UNESCO e, acima de tudo, dos grupos corais de cantadores, respectivas associações e “todos aqueles que, ao longo dos anos, têm contribuído, de forma ativa para manter vivo o Cante Alentejano e se empenharam no sucesso desta candidatura” finalizou.
O cante alentejano junta-se ao fado e à dieta mediterrânica, classificados em 2011 e 2013, respectivamente. Era uma das 48 candidaturas submetidas à 9ª Sessão do Comité Intergovernamental da UNESCO para a salvaguarda do Patrimônio Cultural da Humanidade nesta semana.
Para a Turismo do Alentejo, a conquista deste selo da UNESCO é, acima de tudo, uma homenagem ao Alentejo e às suas gentes e o reconhecimento da grandeza de um bem identitário e singular de um território que se qualifica e ambiciona a certificação, apostando no que é único e diferenciador. Turismo do Alentejo está a elaborar um Plano Operacional de Suporte ao Desenvolvimento e Dinamização do produto “Patrimônio da Humanidade no Alentejo” que visa otimizar a promoção e comercialização de um produto estratégico para uma Região que ostenta agora três selos da UNESCO, nomeadamente o Centro Histórico de Évora, as Fortificações de Elvas e o Cante Alentejano.