Folclorista de São Paulo nomeada conselheira da Diáspora Madeirense no Brasil

Por Vanessa Sene

Maria Vieira Sardinha, e esposo José Pedro Gonçalves, durante evento na Casa Ilha da Madeira de São Paulo. Foto: Arquivo Mundo Lusíada

Durante evento na Casa Ilha da Madeira de São Paulo, a folclorista Maria Vieira Sardinha, diretora do grupo da casa Folclore e Etnografia da região Autônoma da Madeira e também segunda secretária do Conselho Deliberativo, foi chamada ao palco em representação ao Governo Regional da Madeira, como conselheira da Diáspora Madeirense no Brasil.
Recentemente, no Governo do presidente regional Miguel Albuquerque foi instituído o Conselho da Diáspora Madeirense, um órgão consultivo do Governo Regional em que os Conselheiros são escolhidos pelo próprio governo. São ao todo 21 conselheiros distribuídos entre alguns países e regiões onde a imigração madeirense é representativa, em quantidade ou em ações. Deles apenas 3 são mulheres, e duas delas são do Brasil, sendo uma representante a Maria Sardinha de São Paulo, e a outra, a Doutora Catia Ornelas, pesquisadora em Nanomedicina da Unicamp.
Entre as atribuições do Conselho está analisar as ações ou medidas respeitantes à política regional para as comunidades madeirenses; contribuir para a definição de políticas globais para a promoção e o reforço dos laços que unem as comunidades madeirenses entre si e entre a Região; elaborar recomendações ao Governo Regional ou a outras entidades públicas sobre matérias relativas à emigração e às comunidades madeirenses; propor a adoção de medidas que visem a melhoria das condições de vida, da estada e de trabalho dos madeirenses que residem e trabalham no estrangeiro, entre outras.
O Conselho se reúne uma vez por ano logo após a realização do Fórum Madeira Global, encontro criado com o objetivo de contatar os madeirenses espalhados pelo mundo e também dar a conhecer suas ações. Para tanto foi escolhido o período de férias – este ano aconteceu em 07 de agosto subordinado ao tema “Língua, Cultura e Fé nas Comunidades Madeirenses” – que é a época onde os madeirenses já estão na Madeira, os imigrantes também são bem vindos a participar desde que faça sua inscrição prévia.
Após a realização do Fórum, onde são tratados assuntos de interesse coletivo, o Conselho se reúne para deliberar. “Quando eu aceitei o convite do governo regional para ser Conselheira da Diáspora Madeirense do Brasil, fui informada de que não havia necessidade de estar presente fisicamente a reunião do conselho, mas eu gosto de acompanhar minhas coisas mais diretamente” diz Sardinha mencionando ainda que já avisou ao marido, presidente do Conselho Deliberativo da Casa Ilha da Madeira de SP, José Pedro Baptista Gonçalves, a ajudá-la a estar na Madeira representando o Brasil sempre que for possível. “Se eu não conseguir fazer muita coisa, vou fazer tudo o que tiver ao meu alcance”.
Segundo ela, este ano foi conseguido que o Brasil fosse representado no Curso de Verão da Universidade da Madeira para lusos descendentes. Dentre 20 pessoas, 18 venezuelanos, 1 Uruguaio com ascendência luso- venezuelana e 1 Brasileira, a Patrícia Aveiro de Franco, elemento do grupo de Folclore e Etnografia da região Autônoma da Madeira de São Paulo, que fez sua inscrição, participou do curso, e já recebeu seu certificado.
A Ilha da Madeira tem uma tradição reconhecida de imigração. O dia 1 de julho é o dia da Ilha da Madeira e das Comunidades Madeirenses, e passou a ser também o dia da Comunidade Madeirense no calendário oficial da cidade de São Paulo.

Conclusões
Neste ano, a programação do Fórum, a exemplo do ano passado, falou muito da situação da Venezuela. “Neste momento particular, em que a Comunidade Madeirense radicada na Venezuela atravessa uma situação difícil, foi sugerida uma agilização de esforços entre autoridades e toda a população para acolher os que manifestem vontade em regressar à Madeira, notando que o Governo Regional, em cooperação com o Governo Central, está já a preparar alterações nos campos da Saúde, Habitação, Ensino e Segurança Social” traz a nota de conclusões do Fórum divulgada pelo governo regional.
Durante o evento, foi assinalada a necessidade de uma política centrada na cooperação cultural e econômica em todos os destinos da emigração Madeirense. “As manifestações religiosas e culturais da comunidade, assim como as celebrações familiares, são factores determinantes para a agregação e a coesão da comunidade madeirense e para o alicerçar da Identidade Portuguesa lá fora” conclui a nota.
Já o Conselho da Diáspora enalteceu a criação do Gabinete de Apoio ao Emigrante da Venezuela, unidade de missão que tem como objetivo a promoção e a adequada reintegração social dos emigrantes e dos luso-descendentes regressados do país, “promovendo e acompanhando todo o processo necessário à satisfação das suas necessidades junto dos serviços públicos”.
O Conselho ainda instou os membros do Governo Regional a visitarem com maior assiduidade os países onde residem as maiores comunidades madeirenses, com vista à sua valorização. “Fiel ao espírito dos princípios constitucionais que consagraram a Autonomia Político-Administrativa da Madeira, deve ser conferida aos Madeirenses que aprofundam a Região no Mundo, o direito ao voto nas eleições legislativas regionais. Num arquipélago diverso em que, nas palavras da Prof. Alberto Vieira, a nossa imensa comunidade universal ficou eternizada como a “nona Ilha”, é por demais justo e curial que esta, até por ser a “ilha” mais povoada, goze dos mesmos direitos de participação cívica, política e eleitoral que as restantes oito ilhas” divulga a nota.
Ainda, apelou ao Governo Regional que continue a defender os emigrantes lesados pela Banca Nacional, alvo de processos de resolução, bem como a defender os interesses daqueles que investiram em soluções financeiras do Centro Internacional de Negócios da Madeira, e demonstrou preocupação “com a situação política, econômica e social de algumas sociedades de acolhimento, com particular atenção para os casos da África do Sul e Brasil”.

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