Portugal entre os melhores países para ser menina, Brasil entre piores

Mundo Lusíada
Com agencias

MulheresPortuguesasDiasporaPortugal é o oitavo país que oferece melhores oportunidades para as meninas, enquanto Brasil, Guiné-Bissau e Moçambique aparecem em posições preocupantes no índice divulgado pela organização não-governamental de defesa das crianças Save the Children.

No Índice de ‘Oportunidades para Raparigas’, Portugal ficou à frente de países como Suíça, Itália, Espanha, Alemanha, Reino Unido, França e até dos Estados Unidos, que têm a maior economia do mundo, mas aparecem apenas na 32ª posição, logo atrás do Cazaquistão e da Argélia.

A organização teve em conta cinco indicadores ao elaborar o índice: casamento infantil, gravidez na adolescência, mortalidade maternal, mulheres no parlamento e conclusão do ensino secundário.

Portugal, tal como a maioria dos 144 países analisados, apresenta problemas sobretudo na representação feminina no parlamento.

À frente de Portugal, aparecem apenas Suécia, Finlândia, Noruega, Holanda, Bélgica, Dinamarca e Eslovênia, por esta ordem.

Entre os países lusófonos, numa lista onde não constam Angola nem Cabo Verde, o segundo melhor colocado é Timor-Leste, na 66.ª posição.

O alto número de casamentos infantis – antes dos 18 anos de idade – e de meninas grávidas na adolescência coloca o Brasil entre os 50 piores países do mundo para se nascer mulher.

O Brasil, país que faz parte do G20, aparece somente na 102ª posição, com os autores do estudo a destacarem que se trata de um “país com rendimentos médios altos, que ainda assim está apenas ligeiramente acima no índice do Estado frágil e de baixos rendimentos do Haiti”, que ocupa o 105º lugar.

As meninas brasileiras têm menos oportunidades sobretudo na representação parlamentar, mas os autores do relatório sublinharam também as altas taxas de gravidez na adolescência e de casamento infantil.

Moçambique é o pior país lusófono nesta análise, ocupando a 130.ª posição e apresentando problemas em todas as áreas, sobretudo de gravidez na adolescência, casamento infantil e conclusão do ensino secundário.

Guiné-Bissau está cinco posição acima de Moçambique, com problemas em todos os problemas analisados, especialmente na representatividade parlamentar e na conclusão do ensino secundário.

A Guiné-Equatorial, que também faz parte da Comunidade do Países de Língua Portuguesa (CPLP), apresenta uma situação semelhante, ocupando o 119.º lugar.

Os piores países para as raparigas são Níger, Chade, República Centro-Africana, Mali e Somália, por esta ordem.

“Os piores lugares para ser uma rapariga são os países mais pobres do mundo. Os 20 países na parte inferior do índice são todos países de baixos rendimentos na África Subsaariana. Estes países têm taxas extremamente altas de privação em todos os indicadores selecionados”, lê-se no documento.

Por outro lado, os autores do estudo constataram que nem todos os países ricos estão se saindo tão bem como deveriam.

Apesar de saírem prejudicados sobretudo na representação parlamentar, os Estados Unidos também apresentam taxas relativamente altas de maternidade na adolescência e de mortalidade materna em comparação com outros países ricos.

A Save the Children alertou que “mais de 700 milhões de mulheres no mundo casaram antes do seu 18.º aniversário e um terço delas antes de atingirem os 15 anos” e que a mortalidade maternal é a segunda maior causa de falecimento entre meninas entre os 15 e os 19 anos (depois do suicídio), morrendo cerca de 70.000 cada ano.

Nos alertas para violência de gênero, a organização informou, por exemplo, que “30 milhões de meninas correm o risco de mutilação genital feminina na próxima década”.

O relatório mostrou ainda que o nível de desenvolvimento de um país não é limitador, dando o exemplo do Ruanda (49.ª), que “tem a maior proporção de deputadas no mundo”, estando também a ir bem na prevenção de casamentos infantis e de gravidez entre adolescentes comparativamente a outros países de baixos rendimentos.

“Ouvir as garotas e valorizar o que elas dizem ser suas necessidades é essencial para determinar políticas que vão permitir que essas necessidades sejam conhecidas. Amplificar as vozes das garotas é condição central para cumprir a promessa da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável de não deixar a ‘ninguém para trás’”, pontua o relatório.

A questão da representatividade feminina na política é o único fator que pesa contra Suécia, Finlândia e Noruega, os três melhores países para se nascer garota, segundo o ranking da Save The Children. Nesses países, o índice de mortalidade materna e de casamento infantil é zero e as taxas relativas a não conclusão do ensino médio ou de gravidez na adolescência são muito baixas. A baixa quantidade de mulheres no parlamento é o único fator negativo que aparece relacionado a eles.

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