Europa precisa “fazer mais” e organizações portuguesas lançam Plataforma de Apoio aos Refugiados

Mundo Lusíada
Com agencias

Organizações da sociedade civil decidiram criar uma Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR), que lançada na sexta-feira em Lisboa, com dois focos de atuação, o registro nos países de origem e o trânsito e acolhimento em Portugal.

A Caritas Portuguesa, o Conselho Português dos Refugiados, a Unicef, o Instituto Padre António Vieira, o Serviço Jesuíta aos Refugiados, o Instituto de Apoio à Criança e o Serviço Jesuíta aos Refugiados são algumas das entidades envolvidas no projeto.

“Esta plataforma inclui duas áreas de atuação: uma focada no acolhimento e integração de crianças refugiadas e das suas famílias em Portugal, e outra focada no apoio aos refugiados no seu país de origem”, lê-se na informação enviada à Comunicação Social.

Fazem igualmente parte da plataforma a Confederação Nacional de Instituições de Solidariedade, a Comissão Nacional justiça e Paz e a Obra Católica das Migrações, entre outras organizações. Famílias portuguesas tem se disponibilizado para ajudar.

Na terça-feira, a presidente do Conselho Português para os Refugiados (CPR), Teresa Tito de Morais, disse acreditar que Portugal tem capacidade para acolher mais refugiados do que os 1.500 que o Governo se disponibilizou para receber.

A crise dos refugiados, já comparada à da II Guerra Mundial, e as imagens de famílias em fuga com crianças ou de corpos encontrados nas costas da Europa estão a motivar reações por parte de várias entidades.

O ministro adjunto Miguel Poiares Maduro também concordou que Portugal tem disponibilidade para acolher mais refugiados do que os 1500 que têm sido referidos, e anunciou a constituição de um grupo de coordenação a nível nacional sobre esta matéria.

Fazer mais
O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, defendeu que “todos na Europa” precisam “fazer mais e melhor para resolver o problema das migrações” e rejeitou que se ponha em causa a liberdade de movimentos no espaço europeu. Passos Coelho assumiu esta posição durante uma iniciativa da coligação PSD/CDS-PP, num hotel de Lisboa, sem falar em números relativos ao acolhimento de refugiados.

O chefe do Governo considerou que “esse problema tem de ser olhado e atacado nos países de origem das migrações, nos países que servem também de passagem desses migrantes”, procurando que “muitas das razões que levam essas pessoas a fugir à fome, à guerra, a condições extremas se possam alterar no futuro”.

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, apelou em 03 de setembro aos Estados-membros da União Europeia para aceitarem pelo menos 100 mil refugiados, de modo a aliviar a pressão nos países da chamada ‘linha da frente’. “Aceitar mais refugiados é um gesto importante de verdadeira solidariedade”, disse Tusk, salientando ser atualmente necessária “uma distribuição equitativa de pelo menos 100 mil refugiados pelos Estados-membros”.

Também o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Federica Mogherini, apelou a todos os Estados-membros que “assumam as suas responsabilidades” face à vaga de migrantes e refugiados que chegam à Europa. A Alta Representante da UE para a Política Externa reiterou que a atual vaga migratória “é uma das maiores crises que a Europa e a sua vizinhança enfrentam”, apelando a uma “ação urgente e unida”.

Os ministros da Defesa da UE vão receber informação sobre uma operação naval que a UE lançou recentemente no Mediterrâneo para combater o tráfico de pessoas.

Já o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, considerou que a crise de migrantes é um problema alemão e não europeu, garantindo que ao seu governo cabe apenas registrar as pessoas. Segundo ele, “ninguém quer ficar na Hungria, nem na Eslováquia, Polônia ou na Estônia”, mas sim ir para a Alemanha.

Centenas de refugiados e migrantes invadiram um comboio na principal estação internacional ferroviária de Budapeste, já reaberta. Orban sublinhou haver regras europeias claras e que a chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou na quarta-feira que ninguém deve sair da Hungria sem estar registado.

Orban tem recusado aceitar um plano comunitário de quotas obrigatórias para refugiados e avançou para a construção de uma cerca de arame farpado ao longo da fronteira com a Sérvia para travar o fluxo de migrantes. Essa barreira não travou a chegada de pessoas à Hungria, que continua a ser uma das principais portas escolhidas por dezenas de milhares para entrarem na Europa.

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