“Preços dos voos na Europa devem baixar” para atrair passageiros

Da Redação
Com Lusa

Os preços dos voos deverão baixar para atrair passageiros quando retomada as ligações aéreas na Europa, defende a transportadora Ryanair, frisando que esta será a sua forma de “estimular o tráfego aéreo” nos próximos meses.

“O que vai acontecer é que os preços vão baixar para fazer com que as pessoas voltem a viajar, por um período contínuo de tempo”, disse à Lusa o presidente executivo da Ryanair, Eddie Wilson.

No dia em que a companhia aérea de baixo custo anuncia a retoma das suas operações em julho próximo, após mais de três meses com os aviões parados devido às restrições implementadas pelos países europeus para conter o surto de covid-19, o responsável reforça que “a solução agora é baixar os preços”.

“Não crescemos da maneira que crescemos aumentando os preços”, assinala.

Eddie Wilson é, contudo, muito crítico dos apoios estatais que algumas companhias aéreas na Europa estão receber, como é o caso das transportadoras Lufthansa, Air France-KLM, TUI, SAS, entre outras, que já pediram ajudas governamentais de milhões de euros em forma de apoios públicos a empréstimos ou de subvenções.

Também em Portugal, por exemplo, a transportadora aérea de bandeira TAP já solicitou ao Estado português que garanta um empréstimo de 350 milhões de euros para assegurar liquidez.

“E é por isso que temos esta dificuldade com as companhias aéreas que estão a ser resgatadas pelos governos sem qualquer razão”, critica Eddie Wilson.

Gerida por investidores privados, a Ryanair é também uma das transportadoras mais afetadas na Europa por ter um modelo de negócio baseado nas receitas com passageiros.

“Grandes companhias aéreas estão a receber subsídios, enquanto outras […] como a Ryanair vão ter de adotar medidas por si e tentar estimular o tráfego aéreo, [o que implica que] a médio prazo tenhamos de o fazer através dos preços” baixos, explica o presidente executivo da empresa.

Para Eddie Wilson, “a resposta não são ajudas estatais”.

“Se queremos estimular o tráfego na Europa, a forma mais fácil de isso acontecer é reduzir taxas de forma não discriminada, para que todas as companhias aéreas possam ter acesso a essas medidas”, sustenta.

Além disso, “o que vai ser preciso a médio e longo prazo […] para retomar o turismo são as pessoas, [pelo que] os que transportam mais pessoas deveriam ser aqueles que seriam mais beneficiados”, argumenta o responsável.

Eddie Wilson questiona ainda: “Qual é o objetivo de dar dinheiro a uma companhia aérea […] se ela não vai fazer mais do que já fazia? É uma forma de desperdiçar dinheiro”.

Desde o início dos limites às viagens, aplicados em meados de março, a Ryanair só tem feito cerca de 30 voos por dia entre a Irlanda, o Reino Unido e a Europa, e espera agora passar para cerca de 1.000 ligações diárias, operando com menos frequência do que o habitual.

Em Portugal

Ryanair está a reavaliar a sua operação em Portugal, admitindo avançar com despedimentos e com a redução da frota no país, medidas que resultam da diminuição acentuada da procura provocada pela pandemia de covid-19.

“Anunciamos há algumas semanas que iríamos ter de reduzir cerca de 3.000 postos de trabalho em cerca de 15 a 16 mil funcionários e alguns deles provavelmente serão em Portugal, dependendo do número de aeronaves que lá tivermos [a operar]”, afirma em entrevista.

O responsável frisa que a Ryanair está agora “a reavaliar as suas operações e a falar com os sindicatos” em Portugal. “O nosso objetivo é ter acordos ou uma decisão tomada em breve”, diz Eddie Wilson à Lusa, precisando que esta decisão será divulgada “nas próximas semanas”.

Ainda assim, de acordo com o responsável, é já certo que “o que vai determinar esse número [de despedimentos] será o total de aeronaves baseadas em Portugal”.

“Por cada aeronave que é retirada, são cortados cerca de 10 postos de trabalho de pilotos e aproximadamente 20 empregos na tripulação de cabine”, exemplifica.

Questionado sobre quais serão as bases portuguesas mais afetadas, Eddie Wilson indica que a transportadora aérea baseada em Dublin, na Irlanda, está a “olhar para tudo”.

“Temos uma operação substancial no Porto, uma operação relativamente pequena em Ponta Delgada, redimensionamos a operação em Faro, e operamos em Lisboa”, elencou.

A Ryanair avançou em 01 de abril passado com ‘lay-off’ simplificado em Portugal, considerando o recurso à medida como indispensável para a preservação dos postos de trabalho no país, de acordo com informação transmitida na altura aos sindicatos.

E ressalvando que a Ryanair ainda não está “no final desse exercício [de reavaliação]” sobre a sua presença em Portugal, assim como noutros países europeus, Eddie Wilson justifica desde já que este tipo de medidas tem por base a pandemia de covid-19, visto que “a indústria está em crise”.

“Transportamos 150 mil passageiros em abril quando devíamos ter transportado 30 milhões”, aponta o responsável, ressalvando a necessidade de a Ryanair “ajustar a sua atividade à nova realidade”.

Sediada na Irlanda, a companhia aérea Ryanair pertence ao grupo aeronáutico com o mesmo nome, que inclui também empresas como a Buzz, Lauda e Malta Air, transportando normalmente cerca de 150 milhões de passageiros por ano, num total de mais de 2.400 voos diários operados a partir de 82 bases na Europa e norte de África.

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