Vitória de Biden nos EUA vai acabar com dúvidas sobre lealdade europeia – MNE português

Da Redação
Com Lusa

O chefe da diplomacia portuguesa manifestou nesse fim de semana a esperança de que, com a nova administração norte-americana, “deixe de haver dúvidas” sobre as relações entre os Estados Unidos e a União Europeia (UE), NATO e ONU.

“A mudança que representa a administração Biden será muito visível na relação entre a UE e os Estados Unidos. Com a administração Biden não haverá mais dúvidas sobre se os europeus são ou não aliados leais dos EUA, sobre se a NATO é ou não uma organização eficaz e sobre a importância das Nações Unidas, do multilateralismo e de combatermos todos, em conjunto, as alterações climáticas”, disse à agência Lusa Augusto Santos Silva.

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal comentou a anunciada vitória, projetada pela mídia norte-americanos, do candidato democrata Joe Biden nas eleições presidenciais de terça-feira nos Estados Unidos frente ao republicano Donald Trump.

“A eleição do Presidente Joe Biden e da vice-Presidente Kamala Harris significará também um regresso, que é de saudar, dos Estados Unidos àquela que era a sua posição consolidada que partilhava com a UE no sentido de perceber que as crises de saúde pública são reais, que a melhor maneira de lidar com as pandemias é reconhecer a sua gravidade, é não negar, nem desvalorizar os seus efeitos e mobilizar o melhor conhecimento disponível para combatê-la”, acrescentou Santos Silva.

Para o chefe da diplomacia de Portugal, país que sucederá à Alemanha na Presidência rotativa da UE a 01 de janeiro de 2021, o “regresso” dos Estados Unidos a uma posição conforme a ciência e as prioridades de saúde pública “vai ser uma mudança muito importante e muito positiva com o Presidente eleito Joe Biden”.

Sobre eventuais efeitos da mudança de administração norte-americana nas relações bilaterais com Portugal, Santos Silva realçou que, nos últimos anos, elas têm-se intensificado, “porque não dizem respeito apenas à cooperação na área a segurança e defesa”.

“Têm-se estendido também a uma cada vez mais importante relação econômica e comercial, à colaboração na área da energia e à cooperação académica e científica.

Para esse desenvolvimento das relações bilaterais muito tem contribuído a pujança da comunidade portuguesa e lusodescendente na América. Estou absolutamente certo de que, com esta administração Biden, esta tendência vai continuar e as relações vão aprofundar-se”, concluiu.

Também o primeiro-ministro disse esperar que a eleição de Joe Biden proporcione “uma nova oportunidade” para as relações transatlânticas, nomeadamente as bilaterais com Portugal.

“Já tive a oportunidade de fazer uma mensagem pública, de felicitar o presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, e transmitir a vontade de não só incrementar as nossas relações bilaterais, como que seja uma nova oportunidade para uma nova época das relações transatlânticas”, disse António Costa.

“E para que possamos, em conjunto, trabalhar nos grandes desafios globais, o combate às alterações climáticas, a defesa da democracia, o progresso e a paz em todo o mundo”, acrescentou António Costa.

A posse de Biden como 46.º Presidente dos Estados Unidos está marcada para 20 de janeiro de 2021.

Discurso

Em pronunciamento neste dia 08, Joe Biden, defendeu hoje que é tempo de sarar e unir a América e de fazer com que o país volte a ser respeitado no mundo.

No seu primeiro discurso após o anúncio no sábado da vitória nas eleições presidenciais de terça-feira, Biden prometeu ser o Presidente de todos os americanos, os que votaram nele e os que votaram contra.

Dirigindo-se na noite de sábado (madrugada de hoje em Lisboa) aos eleitores que votaram no Presidente e candidato republicano, Biden disse: “compreendo a vossa desilusão esta noite. Eu também já perdi um par de vezes, mas agora vamos dar uma oportunidade uns aos outros”.

Afirmando que esta noite “todo o mundo está a olhar para a América”, o Presidente eleito dos Estados Unidos disse que o seu país “é um farol para o mundo”.

“Concorri a este cargo para restaurar a alma da América, para reconstruir a espinha dorsal desta nação, a classe média, para fazer a América respeitada no mundo outra vez, e para nos unir aqui em casa”, afirmou perante uma multidão em Wilmington, no estado de Delaware.

Após ser apresentado pela vice-Presidente eleita, Kamala Harris, que disse que Biden seria “Presidente de todos os americanos”, o Presidente eleito reclamou uma “vitória clara, uma vitória convincente”.

Lembrou que, com 74 milhões de votos contados, é o Presidente eleito com mais votos na história dos Estados Unidos.

Prometeu ser um chefe de Estado “que não procura dividir, mas sim unir, que não vê estados vermelhos ou azuis, mas apenas os Estados Unidos”.

“Vou trabalhar tanto para os que não votaram em mim como nos para os que votaram”, garantiu.

O democrata disse ser tempo de os dois lados “se ouvirem outra vez”.

“É tempo de pôr a retórica dura de lado, baixar a temperatura, olharmos uns para os outros outra vez e fazer progressos. Temos de parar de tratar os nossos opositores como inimigos. Não são nossos inimigos, são americanos”, afirmou.

Sublinhando que a sua primeira tarefa será controlar a pandemia do novo coronavírus, Biden disse que essa é a única forma de voltar a uma vida normal e anunciou a criação de um grupo de cientistas de topo e especialistas para ajudarem a definir o plano de ação que entrará em vigor em 20 de janeiro, quando Biden e Harris tomam posse.

Ainda referindo-se à pandemia, o Presidente eleito, que é católico, citou o hino católico preferido do seu filho Beau, que morreu de cancro em 2015, desejando que essas palavras reconfortassem todos os norte-americanos que choram a morte de entes queridos devido ao novo coronavírus.

No final do seu discurso, Biden apelou novamente ao espírito de união: “Vamos ser a nação que sabemos que podemos ser. Uma nação unida, uma nação reforçada, uma nação sarada. (…) Nunca houve nada que tivéssemos tentado e não tivéssemos conseguido quando o fazemos juntos”.

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