UE tem de agir no período de crescimento e antecipar crises, diz presidente português

Da Redação
Com Lusa

O Presidente de Portugal defendeu que a União Europeia (UE) tem de agir com urgência neste período de crescimento para resolver problemas como as migrações e o quadro financeiro e antecipar o aparecimento de crises.

“É um desafio de urgência. Há urgência. Não podemos perder tempo na resolução dos problemas concretos dos europeus. Sobretudo, porque vivemos um período de crescimento e de criação de emprego. É neste período que temos de resolver outros problemas: desigualdades, problemas sociais, migrações, preparar o futuro financeiro. É agora”, afirmou.

Questionado se teme que o crescimento econômico desapareça, respondeu: “Não é temer, é que temos de fazer tudo para que ele não desapareça. Isso prepara-se, isso previne-se”.

No que respeita às dívidas soberanas dos Estados-membros, segundo o Presidente da República, é essencial “haver mecanismos que possam antecipar o aparecimento de crises”, pois “o que aconteceu da última vez é que não havia”.

O chefe de Estado referiu que “houve que inventar fundos à última da hora, houve que inventar mais poderes do Banco Central Europeu (BCE) para além daqueles que teoricamente estavam previstos nos tratados, houve que criar instrumentos ou formas de atuação, porque se acreditava que não haveria crises”.

“Hoje, que sabemos que pode haver crises, mais vale prevenir as crises do que estar a improvisar outra vez em cima da hora”, advertiu.

Quanto ao quadro financeiro plurianual da UE, no seu entender, “se é deixado para depois das eleições europeias fica uma incerteza muito grande”.

É igualmente urgente “fechar o ‘Brexit’ dentro do prazo, naquilo que é essencial, e fechar bem”, apontou Marcelo Rebelo de Sousa, considerando que “há condições para fechar bem”.

Nas eleições para o Parlamento Europeu do próximo ano, “aquilo que se deseja é uma forte participação dos europeus no voto, um debate muito aberto e em que aqueles que defendem a Europa com uma reforma profunda, uma Europa atenta aos europeus, ganhem uma voz mais forte”, disse.

De acordo com o Presidente da República, nesta reunião “houve a noção exata de que é muito importante para a UE um Parlamento Europeu que não fique muito fragmentado e uma Comissão Europeia que seja forte”.

“Que não demore muito tempo a formar-se, e que seja forte – porque, se não, a própria transição financeira, de pacotes financeiros, sofre”, completou.

Marcelo Rebelo de Sousa, que ouviu o Presidente da Grécia manifestar a esperança de que nas eleições europeias os cidadãos digam que os populismos “não passarão”, declarou que essa é “uma preocupação comum” aos chefes de Estado do Grupo de Arraiolos.

A UE “é um projeto que muitos na Europa não estão a perceber, ou estão a criticar ou estão a atacar mesmo”, considerou no Castelo de Riga, na Letônia, no final da 14.ª reunião do Grupo de Arraiolos, que junta chefes de Estado da União Europeia sem poderes executivos.

No entanto, advogou que não basta dizer “não passarão”, é preciso analisar as causas do surgimento dessas correntes e criar condições para que não ganhem espaço, com ações que demonstrem que “os líderes europeus estão mais próximos dos cidadãos, resolvem os problemas”.

Mudança de hora
O Presidente ainda defendeu que a União Europeia tem assuntos mais importantes a resolver do que a questão da mudança da hora, sobre a qual não quis revelar já a sua posição.

“Se me quiserem perguntar em Portugal, eu tenho uma opinião pessoal, que evitei pronunciar-me sobre ela para não criar um problema institucional”, declarou aos jornalistas. “Ao definir a minha posição pessoal, depois descobrir que o parlamento tem uma posição muito diferente ou o Governo tem uma posição diferente. Veremos”, justificou.

Embora sem revelar a sua posição, o chefe de Estado desvalorizou este tema, sustentando que “pode ser ou não um problema europeu, considerado como suficientemente importante para ser um problema europeu”.

“Vejam bem o seguinte: nós já temos alguns problemas para resolver. Se me perguntassem se [a questão da mudança de hora] é, em termos europeus, mais importante do que o quadro financeiro plurianual – não é, certamente. Mais importante do que prevenir crises econômicas e monetárias, não é certamente. Do que as migrações e refugiados, não é”, reforçou.

A Comissão Europeia propôs esta sexta-feira acabar com as mudanças de hora sazonais na Europa em 2019, dando assim a hipótese aos Estados-membros para decidirem de vez se querem aplicar de forma permanente o horário de verão ou de inverno.

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