Serviços consulares devem melhorar em São Paulo e Santos com novos balcões e novo site

Em entrevista ao Mundo Lusíada, o Cônsul Adjunto Jorge Longa Marques disse: “Eu quero que o Consulado faça o melhor possível, e trate as pessoas como eu gostaria que a minha família fosse tratada”.

 

Por Odair Sene
Mundo Lusíada

Presente nos eventos, nas casas regionais de São Paulo já por um ano e meio, o Cônsul Adjunto do Consulado Geral de São Paulo, Jorge Longa Marques, vem representando o Cônsul Geral Embaixador Paulo Jorge Nascimento nos eventos da Comunidade Portuguesa.

Ao Mundo Lusíada ele disse que estar nas casas regionais “não é bem um trabalho” porque se torna muito “agradável” por ser essencial, mas por estar com as pessoas e poder ouvir as necessidades de quem precisa dos serviços prestados pelo Estado.

“Eu tenho tentado, não só eu, como o Embaixador Paulo Nascimento, temos tentado estar presentes em tantos eventos quanto possíveis, na semana passada estive no Arouca, na Sessão Solene, recentemente fomos à Santos, também nos Poveiros, no Gebelinense e estou regularmente no almoço semanal da Casa de Portugal de SP, porque é muito importante ter este contato com a comunidade, é assim que nós sentimos o que é necessário e o que a comunidade anseia, e como nós podemos fazer melhor o nosso trabalho também”, avaliou.

Jorge Marques tem vários familiares emigrados, tem familiares espalhados por vários países como no Peru, Venezuela, França, África do Sul e algumas ramificações até no Brasil, muito por isso, ele conhece várias comunidades fora de Portugal e, por isso, talvez tenha uma sensibilidade especial para tratar dos problemas que afligem a comunidade.

“Por isso eu quero que o consulado faça o melhor possível, e trate as pessoas como eu gostaria que a minha família fosse tratada na França, na Venezuela, na África do Sul, não é fácil e as pessoas, às vezes sentem uma frustração por falta de contato com o consulado”, disse ele reconhecendo que existe pontos a serem melhorados.

“Nós estamos tentando fazer melhorias no sentido de atender as necessidades dos usuários, mas há uma questão e é uma questão bastante pessoal para mim, no tratamento com a comunidade, e no relacionamento com a comunidade, por essas questões colocadas”.

Sobre o tamanho da comunidade portuguesa, e por ele estar presente em diferentes regiões, e conhecendo esta e outras comunidades, acha que no Brasil, a própria comunidade não tem muita noção do seu próprio tamanho e do que representa.

“Porque as pessoas estão habituadas a pensar em Portugal como um país pequeno e comparado com o Brasil, é pequeno, mas comparado com o Brasil – qualquer país é pequeno – o maior país da Europa comparado com o Brasil é um país minúsculo, a Alemanha, que é o maior país da União Européia, é menor do que o estado de Minas Gerais”, comentou ele exemplificando.

Voltando para a comunidade luso brasileira, Jorge Marques disse que teve acesso a números “avassaladores” sobre “comunidade portuguesa no Brasil”. Entre as muitas comunidades de estrangeiros vivendo no Brasil, a comunidade portuguesa é a maior dentre as tantas que vivem aqui.

“Nós temos cerca de um milhão de pessoas registradas para votar, quer dizer que a comunidade deve estar em volta de um milhão e meio de pessoas, mas há estudos que mostram que a maioria da população brasileira tem alguma origem em Portugal, algum antepassado português”, diz ele lembrando que tem muitos italianos, espanhóis, e tantos outros, mas pelos sobrenomes como: “Lima”, “Duarte”, “Ferreira”, “Almeida” e tantos outros revelando que há antepassado lusitano.

E mais números são mesmo surpreendentes: “Só na cidade de São Paulo, com documentação com cidadania, temos 500 mil pessoas (…) por isso mesmo é uma comunidade muito grande, muito representativa e também muito reivindicativa”, referiu.

Melhor atendimento

Questionado sobre o tamanho deste mercado e porquê os serviços não são mais ampliados, diante de tantas reclamações de usuários por conta do serviço oferecido, Jorge Marques garantiu que terá melhorias, terá novos balcões para atendimento, em Santos por exemplo, até a plataforma da Internet vai melhorar o atendimento.

“Nas redes sociais, uma característica é que as pessoas têm motivos de queixa, vão lá e se queixam, e quem não tem motivos, normalmente não vai lá para as mídias sociais a dizer que não tem motivos para se queixar, portanto lá só vão as pessoas que tem algum motivo para reclamar”, justificou revelando alguns dados.

“A questão realmente é que houve um aumento muito significativo durante a pandemia, da procura de nacionalidade portuguesa e de documentos portugueses em geral, há motivos para isso, primeiro que a comunidade é muito grande, outro motivo é estar alguns meses já sem poder retirar a sua documentação e eu acho que a pandemia também teve um efeito que assustou as pessoas, as pessoas se viram impossibilitadas de sair, de viajar, de viver a vida normalmente. Antes as pessoas viajavam com seus passaportes, de repente estavam impossibilitadas e isso provocou um aumento muito grande pela procura de documentação, especialmente da documentação portuguesa, e nós temos consciência disso” defendeu.

“A partir de 2020 para 2021, nós aumentamos o horário de atendimento, expandimos até o final do ano, e expandimos ainda com mais balcões (de atendimento). Desde 2019 até agora, nós aumentamos em 50% a nossa produtividade, estávamos a atender qualquer coisa por volta de 180 pessoas por dia, neste momento estamos a atender 240 pessoas por dia – 4 mil e 800 pessoas por mês – e isso demanda muito mais empenho, e nós vamos fazer melhorias ainda no sistema de agendamento, vamos melhorar o nosso site, porque muitas pessoas acessando, o sistema não suporta e cai. Então nós estamos trabalhando para melhorar este problema, e teremos um site mais robusto onde as pessoas vão poder acessar normalmente e fazer as marcações e agendamentos, e ainda vamos ver se conseguimos aumentar mais o número de balcões de atendimento”.

Para além de São Paulo, Jorge Marques revelou que haverá melhorias no escritório de Santos com mais um balcão de atendimento, tendo com isso um aumento da capacidade produtiva. Já em Campinas o diplomata lembrou que, praticamente a cada dois meses, o Consulado promove a “Permanência Consular”, uma presença consular frequente para atender os utentes naquela região.

Ainda sobre Campinas, Jorge Marques lembrou que o Estado é tão gigantesco que só na cidade de São Paulo temos atualmente 12 milhões de habitantes, mais 20 milhões na área metropolitana e ainda mais 20 milhões no resto do Estado.

“E não podemos esquecer que Campinas é a segunda maior cidade do Estado de São Paulo e um dos grandes pólos tecnológicos e acadêmicos do Estado, eu vejo com muito bons olhos a recente aposta da Câmara Portuguesa ao estreitar relações com Campinas, eu sei também que a AICEP trabalha muito a região de Campinas para opção aos investidores portugueses e apresentando aos investidores de Campinas, Portugal como uma aposta para sua internacionalização, como uma porta para a Europa, realmente nós estamos atentos com essa potencialidade que tem Campinas”, finalizou.

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