No encerramento da Web Summit, Presidente pede ajuda para criar “um mundo melhor”

Marcelo Rebelo de Sousa na Altice Arena no Parque das Nações, em Lisboa. JOSE SENA GOULAO/LUSA

Mundo Lusíada
Com Lusa

O presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, foi aplaudido de pé pelos participantes da Web Summit na cerimônia de encerramento, a quem pediu para ajudar “a criar um mundo melhor”.

“Levem essa mensagem”, pediu, no discurso de encerramento, em inglês, de pouco menos de cinco minutos, aos participantes no palco do Altice Arena: “Por favor, ajudem a criar um mundo melhor”.

Tal como fez no ano passado, Marcelo Rebelo de Sousa apresentou três desafios, a começar por criar uma “plataforma fixa”, em vez de ser apenas uma iniciativa como a Web Summit, de quatro dias.

O segundo desafio é “não deixar ninguém para trás”, recordando o caso de imigrantes e refugiados, e o terceiro desafio passa pela liberdade e pela paz que a “revolução digital”, para Marcelo representada na plateia da Web Summit, deve defender.

“A revolução digital tem de ser para o diálogo, para a paz. Sei que é difícil, porque esta onda que atravessa o mundo vai durar quatro, seis, oito anos, mas é o oposto da revolução digital, do seu significado”, afirmou.

A todos, pediu que é preciso “lutar pelos valores, pela liberdade, pelo multilateralismo e não pelo unilateralismo, pela paz. É esta a mensagem que é preciso espalhar pelo mundo”, acrescentou.

Porque quem estava à sua frente, na plateia, “são pioneiros, líderes, do presente e do futuro”, Marcelo pediu que “não se esqueçam do resto da sociedade”.

O chefe do Estado lembrou que, no passado, os três desafios que se colocavam foram ultrapassados, começando por manter a cimeira em Lisboa, o que foi conseguido com a ajuda do Governo, da câmara de Lisboa, e continuar a revolução digital.

O terceiro desafio foi tornar “mais visível” que o “problema das alterações climáticas é verdadeiro”. “Não é ‘fake news'”, afirmou Marcelo, mais uma vez aplaudido pela plateia.

Depois da intervenção do Presidente da República, o fundador da cimeira de tecnologia e inovação Web Summit, Paddy Cosgrave, dirigiu, no meio da plateia, a palavra ao lotado Altice Arena por breves segundos para declarar encerrada a edição de 2018.

A edição deste ano, a terceira em Lisboa, juntou 69.304 participantes de 159 países, mais de 1.200 oradores, mais de 1.500 investidores e 2.600 jornalistas.

A cimeira tecnológica, de inovação e de empreendedorismo Web Summit nasceu em 2010 na Irlanda e mudou-se em 2016 para Portugal e desde essa altura gerou um impacto econômico de mais de 500 milhões euros.

O contrato inicial previa três edições, mais duas opcionais, mas em outubro foi anunciado que a cimeira ficará até 2028 na capital portuguesa.

‘Glamour’ da Web Summit
Antes, o presidente tinha ouvido testemunhos de refugiados residentes em Portugal, como contraponto ao ‘glamour’ da Web Summit.

Ele ouviu depoimentos de residentes em Portugal naturais do Congo, do Afeganistão, do Zimbabué e da Síria, no 13.º Congresso Internacional do Conselho Português para os Refugiados, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Perante uma plateia composta por refugiados e alunos de escolas da região de Lisboa, acrescentou: “As sociedades são feitas de pessoas de carne e osso. De que servem essas tecnologias se não servirem as pessoas de carne e osso? Sim, de que servem? São muito importantes, se servirem. São pouco importantes, se não servirem”.

Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que, se for ao serviço “de valores como estes”, do acolhimento de refugiados, “então vale a pena”.

O Presidente da República incentivou os jovens na assistência a lutarem contra os “movimentos xenófobos, racistas e de fechamento das sociedades” que, no seu entender, parecem ser “a onda claramente dominante na Europa”, e criticou as ações unilaterais à revelia dos acordos internacionais.

“Vou falar disto na Web Summit, daqui a bocadinho, que é um sítio improvável para falar disto, mas é nos sítios improváveis que se deve falar”, prometeu.

Fundador muda-se para Lisboa
O fundador da Web Summit também anunciou que vai se mudar para Lisboa, assim como irá expandir os escritórios da organização na capital portuguesa.

“A minha mulher disse-me ontem à noite que nos vamos mudar para Lisboa, por isso a decisão parece estar tomada. Já passo aqui muito tempo, vou passar ainda mais, assim como a minha mulher e o nosso pequeno filho”, anunciou.

Este ano, a startup inglesa Wayve, que criou um programa para carros autônomos, venceu o concurso para estas empresas em fase inicial na cimeira de tecnologia.

O anúncio foi feito no palco principal do evento, na Altice Arena, depois da final entre três companhias, de um total de 168 de 40 países que concorreram.

“Tenho a certeza de que todas vão ser grandes empresas e o voto não foi fácil, mas acabámos por escolher optar não seguir a escolha do público”, disse o presidente do júri, o investidor Tom Stafford, anunciando assim a eleição da Wayve.

Em sentido inverso, os participantes no evento escolheram, através da aplicação para telemóvel da Web Summit, a ‘startup’ LvL5 (com 46% dos votos), que também usa inteligência artificial para carros autônomos através da colocação de câmaras de vídeo.

Seguiu-se a Factmata (43%), de verificação de informação, e a Wayve (11%).

A Wayve é uma empresa de fase inicial criada por jovens da instituição inglesa de ensino superior Cambridge University, que desenvolveram um ‘software’ com inteligência artificial para aplicar em carros autônomos.

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