Lula assinará parceria em etanol e sete acordos em Angola

 

Da Agencia Lusa

Marcello Casal Jr./Abr

Os chanceleres Pranab Mukherjee (Índia), Celso Amorim (Brasil) e Nkosazana Dlamini-Zuma (África do Sul), do grupo Ibas (Índia, Brasil e África do Sul) posam para foto na sede da ONU, em Nova York.

Sete acordos entre os governos de Brasil e Angola e uma parceria na área de biocombustíveis serão assinados durante a visita do presidente Lula a Luanda, capital angolana, este mês.

"O fato de Angola ser um grande produtor de petróleo não é obstáculo para a cooperação na área de biocombustíveis", disse à Agência Lusa Luciano Macieira, chefe do Departamento África 2 do Itamaraty.

"Há negociações em curso para um projeto de produção de etanol na Angola e, se concluídas a tempo, pode ser anunciado um acordo já durante na visita do presidente Lula", disse o diplomata.

Na avaliação de Luciano Macieira, há mercado em Angola tanto para o petróleo quanto para os biocombustíveis, e o governo do país africano lusófono quer diversificar suas matrizes energéticas.

Macieira se negou a revelar os nomes das empresas envolvidas no negócio, limitando-se a informar que se trata de uma estatal angolana e de uma empresa privada brasileira.

O desenvolvimento do setor álcool-açucareiro interessa aos angolanos não só por causa do etanol, mas também pela possibilidade de aumentar a produção de açúcar.

No ano passado, por exemplo, a Angola comprou do Brasil US$ 94 milhões em açúcar, segundo artigo mais importante na lista de exportações brasileiras para o país, depois dos automóveis.

Além da parceria em biocombustível, os acordos a serem firmados por Luanda e Brasília, durante a segunda visita do presidente brasileiro a Angola, nos dias 18 e 19 próximos, referem-se às áreas de educação, prevenção e controle da malária, formação profissional e científica, mecanismos de consultas políticas e cooperação diplomática.

Investimentos A Petrobras, segundo o diplomata, estará representada na delegação empresarial que acompanhará Lula com o objetivo de ampliar a sua atuação na Angola na área petrolífera.

O chefe do DAF 2 adiantou à Lusa que a Eletrobrás e o governo angolano também estão avaliando um projeto hidroelétrico na bacia do rio Cunene, na fronteira com a Namíbia.

Uma possível parceria não deverá, entretanto, ser anunciada durante a próxima visita de Lula, pois os estudos de viabilidade ainda estão sendo realizados.

Atualmente, mais de 30 empresas brasileiras operam em Angola, entre elas as gigantes Petrobras e Vale do Rio Doce, Odebrechet, Andrade Gutierrez e Furnas.

"Angola é o país da África onde há o maior número de empresas brasileiras", assinalou Luciano Macieira, adiantando que os investimentos do Brasil naquele país superam US$ 400 milhões.

O diplomata afirmou ainda que o Brasil tem interesses em investimentos de longo prazo em Angola, mas admitiu que os investimentos brasileiros estão sendo substituídos pelos chineses.

"Não podemos competir com o tesouro chinês, que tem reservas superiores a US$ 1 bilhão", destacou.

Nos últimos anos, o comércio entre Brasil e Angola vem crescendo significativamente e, no ano passado, totalizou US$ 1,2 bilhão.

O Brasil compra do mercado angolano basicamente o petróleo bruto, com o qual o país africano garante as linhas de crédito do governo brasileiro que financiam produtos e serviços.

A última linha de crédito, que venceria em 2008, no valor de US$ 750 milhões, está praticamente esgotada, e os angolanos já iniciaram as negociações para sua renovação.

Cerca de 30 empresários deverão integrar a comitiva do presidente brasileiro nesta visita ao continente africano, que passará também por Burkina Fasso, República do Congo e África do Sul.

Brasil-África do Sul Em Johanesburgo, Lula participa, no dia 17, da 2ª Cúpula do Fórum de Diálogo Índia, Brasil e África do Sul (Ibas), que pretende estreitar o intercâmbio sul-sul.

Os três países estão preparando o lançamento de novas iniciativas de cooperação e de associações empresarias para a exploração de negócios nas áreas de aviação e navegação.

Além de participar da reunião do Ibas, Lula pretende dar um "empurrão", segundo Macieira, às relações bilaterais com a África do Sul.

Duas áreas de possível cooperação entre os dois países são o turismo e o esporte, já que a África do Sul recebe a Copa do Mundo de 2010 e o Brasil é o único candidato à organização do Mundial de 2014.

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