Governo português ignora as comunidades, diz Carlos Pereira

O presidente do Clube de Portugal do ABC André Magalhães, o visitante da França, presidente do CCP-Mundial, Carlos Pereira.

 

Para o português residente na França, é importante saber as necessidades dos luso-brasileiros. “Eu vim de férias ao Brasil, ouvi falar tanto no Brasil. Eu moro na França e gostaria de conhecer as comunidades portuguesas que estão noutro país”. Vindo do RJ, onde esteve com a comunidade local, Pereira seguiu para São Paulo e para o litoral paulista. Dando seqüência à sua viagem, partiu na segunda-feira, 31 de agosto, para o Recife. Ao Mundo Lusíada, o atual presidente mundial do CCP falou sobre como o governo português desconhece as comunidades e os portugueses a residirem no exterior. A entrevista foi concedida durante sua visita ao Clube de Portugal do Grande ABC, no domingo 30 de julho, durante a Festa Portuguesa promovida na entidade. Realidade Luso-brasileira A comunidade luso-brasileira é muito expressiva. Diferente da comunidade portuguesa na França, no Brasil as casas portuguesas contam com seus próprios espaços para a difusão de sua cultura. “Eu estou admiradíssimo com estas casas portuguesas. Eu conheço a Europa toda, em todos os países da Europa não há exemplos de casas como estas, enormes. Isso para nós é gigante, é um mundo grande. Não há essas casas, em geral, na Europa, recorre-se às salas municipais; as Câmaras Municipais é quem emprestam as salas para poder se fazer estas festas. Aqui são as sedes dos próprios clubes, eu visitei algumas casas aqui em São Paulo e no Rio, e também espero visitar no Recife, e isto me impressionou muito, são mundos muito grandes”. Preocupações Entre as preocupações já apresentadas ao presidente do CCP, a transmissão da cultura às gerações futuras ganha espaço para reflexão. O esforço, segundo Pereira, deve ser grande para que “esta riqueza” não se perca. “Se calhar, as pessoas que estão cá não dão valor a essas casas, mas eu dou porque venho do país onde não há esta realidade”. Para Carlos Pereira, seria muito negativo os dirigentes não darem a devida continuidade. “Eu pretendo conversar aqui sobre algum plano organizado, alguma coisa que permitisse motivar os mais novos a ingressar nestas casas e não deixarem perder esta riqueza que me parece enorme”. Governo português Para o presidente do CCP-Mundial, o governo português pouco conhece e não faz questão das comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo, que representa cerca de 5 milhões de portugueses. “Portugal não conhece as comunidades portuguesas, pura e simplesmente ignora. Nem conhece e nem quer conhecer”. O importante, na sua visão é motivar o governo português para “descobrir a força que é ter 1/3 da população portuguesa fora de Portugal”. O esforço do órgão está em mostrar essa “riqueza” que o país não utiliza, e convencer os dirigentes – o Presidente da República, Primeiro-Ministro, ministros e deputados – sobre a realidade das comunidades portuguesas fora do país. “É uma riqueza enorme para Portugal. É uma promoção cultural enorme, é uma promoção comercial, uma promoção turística. Portugal só tinha a ganhar com os portugueses que moram fora. Só que Portugal esquece, no dia-a-dia não se lembram de nós, e é uma pena”, disse ao Mundo Lusíada.

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