Governo português demite ex-vice cônsul em Porto Alegre procurado pela justiça

Da Redação
Com Portugal Digital

 

O Ministério dos Negócios Estrangeiros português demitiu o técnico superior Adelino Pinto, ex-vice-cônsul de Portugal em Porto Alegre, capital estadual do Rio Grande do Sul, no Brasil. De acordo com o jornal O Público, o funcionário foi demitido com justa causa, com efeitos a partir de 28 de outubro. A demissão, após processo disciplinar, foi confirmada pelo advogado de defesa de Adelino Pinto, mas o ministério não se pronunciou.

O ex-vice-cônsul português em Porto Alegre, que se encontra a residir em Portugal, teve a sua prisão decretada pelas autoridades brasileiras em agosto do ano passado, estando, desde então, na condição de foragido.

Ele foi acusado pela justiça gaúcha de quatro crimes relacionados com o desaparecimento de mais de um milhão de euros que a arquidiocese de Porto Alegre diz ter entregue ao então vice-cônsul para pagar a caução de um donativo de 5,2 milhões por parte de uma organização não-governamental (ONG) belga. O dinheiro seria destinado a pagar a recuperação de duas igrejas no estado brasileiro de Rio Grande do Sul.

Ainda enquanto funcionário do Protocolo de Estado do MNE, Adelino Vera Cruz Pinto foi nomeado vice-cônsul pelo ex-secretário de Estado das Comunidades António Braga, em Janeiro de 2010. Já nessa época, Adelino Pinto tinha cerca de um terço do seu salário penhorado, por decisão judicial, em resultado de uma dívida de mais de 78 mil euros.

Contactado pela Lusa, o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal comunicou que, até ao fim dos processos judiciais, não produzirá comentários. Em outubro, o ex-vice-cônsul entrou na lista de procurados pela INTERPOL.

 

“Fomos enganados”

Suspeito de cometer um golpe contra a Igreja Católica brasileira, o ex-vice-cônsul de Portugal disse à Lusa que os seus advogados estão a tratar do regresso ao Brasil e afirmou-se “pronto” para prestar declarações ao Ministério Público português. “Os meus advogados estão a tratar precisamente (do regresso) com a delegacia de Porto Alegre”, disse Adelino Pinto.

Adelino Pinto afirmou que também é vítima do golpe que gerou um prejuízo de 2,5 milhões de reais (1,08 milhão de euros) à arquidiocese de Porto Alegre. “Eu e os padres fomos enganados”, vincou o ex-vice cônsul. Adelino Pinto, nomeado a 20 de janeiro de 2010 para o cargo de vice-cônsul de Portugal em Porto Alegre, acusa Teresa Falcão e Cunha, alegada representante da referida ONG belga, de ter ficado com o dinheiro e que a sua intervenção foi apenas de “intermediário”.

“Frisei sempre que estava a atuar como Adelino Pinto, não como vice-cônsul”, acrescentou. Para a Arquidiocese de Porto Alegre, Adelino Pinto interveio no processo em nome das autoridades portuguesas.

“Eu fui enganado pela dra. Teresa Falcão e Cunha. Tive um processo disciplinar no MNE porque abandonei o posto. No dia em que percebi que ela não queria devolver o dinheiro, meti-me no avião e vim a Lisboa ter com a pessoa que me apresentou a dra. Teresa Falcão e Cunha”, explicou.

Essa pessoa foi Teresa Monteiro, filha de Ramiro Ladeiro Monteiro (fundador do Serviço de Informações e Segurança) e para Adelino Pinto agora em causa está o “mal-entendido” com os padres brasileiros.

“Os padres querem receber o dinheiro. É lógico. O dinheiro é deles, eles têm que receber. Eu compreendo isso, mas fomos ambos enganados, e agora, enfim, temos que fazer todos os esforços para serem ressarcidos desse dinheiro”, que, reafirma, é Teresa Falcão e Cunha que tem.

O ex-vice-cônsul disse que nunca mais viu Teresa Falcão e Cunha, com quem já trocou vários “email”, e esta ter-lhe-á garantido que até ao final do ano o dinheiro será devolvido.

 

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