Candidato de Bolsonaro ao Rio de Janeiro promete reforçar laços com Portugal

Da Redação

O candidato apoiado por Jair Bolsonaro ao governo estadual do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, prometeu reforçar o intercâmbio com Portugal e disse esperar o apoio dos portugueses no Brasil.

“Vamos aumentar o nosso comércio, as nossas relações de pesquisa e de intercâmbio, e de tudo o que favorecer o nosso povo com o de Portugal”, disse à Lusa o candidato a governador pelo Partido Social Cristão (PSC).

Além disso, “vamos também procurar estar próximos da comunidade de Língua Portuguesa”, prometeu o candidato, à margem de um comício organizado por apoiantes de Jair Bolsonaro numa casa portuguesa localizada no Rio, o Arouca Barra Clube.

“O Brasil mudará muito com Jair Bolsonaro pois ele representa a quebra de uma velha política. Uma política de compadrio, uma política alicerçada na troca de favores. Nós, aqui no Rio de Janeiro, seguimos essa mesma linha. Nós não temos essa relação promiscua com empresários ou com quem quer que seja. Daremos oportunidades a todos e não aos amigos do ‘Rei’. Eu e o Jair simbolizamos essa mudança”, afirmou Wilson Witzel.

Quanto à grande comunidade de portugueses a viver no Rio, o candidato a governador do PSC disse que “podem esperar um estado mais seguro, mais promissor, com mais oportunidades”.

Wilson Witzel obteve 41,28% dos votos na primeira volta das eleições e vai disputar a corrida eleitoral com Eduardo Paes, no próximo domingo.

Magno Malta foi outra das figuras políticas que marcou presença no ato de apoio a Bolsonaro. O ex-senador do estado brasileiro do Espírito Santo, chegou a ser apelidado por Bolsonaro como o “vice-presidente dos seus sonhos”, cargo que Malta recusou para tentar uma reeleição para o cargo de Senador, algo que não conseguiu.

“Eu não tenho dúvidas que ele (Bolsonaro) será o próximo Presidente do Brasil. Ele voltará a resgatar os valores, o respeito pelas famílias e pela vida, e pela segurança pública. O Brasil voltará a ser Brasil a partir do dia 28 (dia da segunda volta das presidenciais)”, afirmou.

“Estamos juntos há mais de seis anos e estou mais convencido do que nunca de que a nação brasileira responderá definitivamente contra esse socialismo falido que destruiu os valores e a economia do país, gerando 14 milhões de desempregados e fazendo com que nós nos tornássemos na vergonha pública do mundo”, disse Magno Malta.

Num discurso direcionado aos cidadãos brasileiros a viver em Portugal, o ex-senador apelou ao exercício do voto como forma de “resgatar o país”.

“Eu sei que vocês (emigrantes brasileiros) estão fora, alguns por razões ligadas aos estudos mas outros não. Muitos deixaram de suportar a violência e tinham medo criar filhos aqui, medo de deixar os filhos na escola e serem eles erotizados lá. Mas nós vamos reconstruir o Brasil para vocês poderem retornar à vossa terra, para se sentiram seguros e felizes. Vá ao consulado, vote, e cante connosco o hino nacional de volta”, afirmou o político, dirigindo-se aos brasileiros fora do país.

Os candidatos Jair Bolsonaro e Fernando Haddad estão no segundo turno das eleições presidenciais brasileiras já no próximo domingo, onde 147 milhões de brasileiros decidirão quem será o sucessor de Michel Temer na Presidência do Brasil.

Divergências e criminalidade

Unidos pela nacionalidade portuguesa, mas afastados ideologicamente, portugueses que vivem no Rio de Janeiro lamentam a insegurança sem controle e dividem-se mesta eleição.

Para a vereadora no Rio de Janeiro Teresa Bergher, nascida em Viseu e vivendo no Brasil desde os 10 anos de idade, as manifestações de ódio provenientes de discussões políticas é aquilo que mais a preocupa. Sem dizer em quem vai votar, recusou qualquer expressão de fascismo: “Nós não queremos que regimes ditatoriais ou mesmo pessoas que se manifestem de uma forma que nada tem a ver com o futuro do Brasil”.

Gonçalo Carvalho, é um empresário do ramo da restauração. Está no Brasil há quatro anos e concorda com a maioria da comunidade portuguesa, no que diz respeito ao aumento da criminalidade. “Temos notado todos os dias a criminalidade a aumentar. De dia para dia o número de assassinatos e de roubos aumenta e nós acompanhamos estes acontecimentos pelas notícias e conseguimos ver isso”, afirmou à Lusa Gonçalo que vê na falta de envolvimento em casos de corrupção, uma vantagem para Bolsonaro.

“Nós estamos aqui com duas soluções que não me parecem que sejam viáveis para o problema atual do Brasil. No entanto, dos males, eu penso que o menos seria o Bolsonaro. Porque ele consegue, pelo menos até agora, ser isento em relação a casos de corrupção, que é o que temos vindo a assistir nos último 20 anos, que é o tempo que o PT esteve no poder”, disse.

Outro apoiante de Bolsonaro, mas com uma relação diferente com o Brasil é Marcelo Cerqueira, que nasceu no Rio de Janeiro, tendo-se mudado para Braga em criança. Em 2010 decidiu regressar ao seu país. “O PT já teve a oportunidade e fazer todas as mudanças e não tem forma de agora aparecer e dizer que vai consertar o Brasil quando o PT é o único responsável pelo estado em que o Brasil chegou. A única alternativa chama-se Bolsonaro. Temos que vestir essa camisa”, defendeu.

Carolina Mota é uma engenheira civil de 32 anos que nasceu no Brasil mas que aos nove anos foi viver para a cidade de Espinho, no norte de Portugal. Seria a crise econômica que Portugal atravessou que, anos mais tarde, em 2013, a traria de volta à sua cidade do Rio. “Os anos 90 foram anos de tiroteios, de arrastões no meio da rua, balas perdidas, muitos bailes ‘funk’ com muitas confusões naquela época. O armamento era liberado na altura, muita gente possuía porte de parte e a lei do desarmamento só veio muito tempo depois”, recordou a jovem engenheira.

“Há cinco anos (época em que regressou ao Brasil) encontrei um país diferente daquele quando saí daqui. Um Brasil muito mais seguro, mais tranquilo, com menos disparidades sociais. Como trabalho na área da construção, lido com pessoas de uma classe social mais baixa e não via muitos casos de fome ou de falta de necessidades básicas. Havia muito menos gente de rua e era uma Brasil seguro”, afirmou Carolina.

No entanto, aos poucos, a portuguesa viu a criminalidade aumentar, a cidade a degradar-se, o aumento de abandono de bens públicos e considera que, hoje em dia, a violência é maior do que aquela que abalava a cidade há cinco anos.

Num período político atípico, Carolina vê a eleição presidencial ser regida por valores morais ao invés de ideologias políticas e, para a jovem, a opção válida para governar o país é Fernando Haddad (Partidos dos Trabalhadores, PT). “O PT esteve 13 anos no Governo e em momento algum ameaçou a democracia. Já o Bolsonaro tem um discurso diferente, que ameaça a democracia e ameaça valores éticos e morais. Para mim isso é o mais importante”, defendeu.

Igor Ferreira, também de 32 anos, fez questão de acompanhar a sua mulher, Carolina, no regresso ao Brasil. No plano político, o arquiteto rejeita tudo o que o candidato Jair Bolsonaro defende: “Vejo esta situação com muita tristeza porque o Bolsonaro é contra tudo aquilo que eu sou a favor. Sou a favor da inclusão dos negros, dos homossexuais, das mulheres. A situação da desigualdade de gênero é surreal no Brasil: Tenho colegas de trabalho que têm um salário inferior ao meu por serem mulheres”, afirmou.

Hugo e Patrícia são outro casal de portugueses que escolheu o Brasil para viver. Vindos de Coimbra, Patrícia percebeu no Brasil como funciona a desigualdade de gênero. “Estive a trabalhar numa empresa, entretanto tive um filho e quando acabou a licença de maternidade a empresa mandou-me embora”, uma situação que “toda a gente diz que é normal acontecer”, lamentou Patrícia Sampaio.

A pensar num futuro para o seu filho, Patrícia afirmou que irá votar em Haddad: “Há um candidato em quem eu não voto que é Bolsonaro. Não me identifico com a pessoa, as ideias dele não me representam e eu não quero um país para o meu filho que seja governado por uma pessoa que tem esse tipo de ideias”.

Com medo de uma eventual ditadura, a jovem mãe recusa ficar no Brasil caso vença Bolsonaro: “Não vamos ficar aqui para assistir. Temos visto alguns relatos do que foi a ditadura e não quero que o meu filho, com pais europeus, assista a isso, porque lá nós não estamos perante esse tipo de cenário”.

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