Petróleo empurra inflação lusa para 1ª queda desde 1960

Da Redação Com Lusa

A evolução dos preços dos combustíveis pressionou em baixa a inflação portuguesa em março, que registrou a primeira queda desde a década de 1960, depois dos preços do petróleo terem caído para menos da metade em um ano. Os dados divulgados na segunda-feira, 13 de abril, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que o índice de preços ao consumidor caiu em março para -0,4% em relação ao mesmo mês do ano passado. Em relação a fevereiro desse ano, houve uma subida de 0,2%.

Segundo o INE, "resultados similares em Portugal remontam ao início da década de 60" e são justificados, principalmente, pela área de transportes, "refletindo a redução significativa dos preços dos combustíveis". Os dados da agência de informações financeiras Bloomberg mostram que a média dos preços do barril brent de Londres em março de 2008 foi de US$ 102,86, enquanto em março de 2009 esse valor foi de US$ 47,41.

Deflação O presidente do Banco Central português, Vítor Constâncio, assim como vários analistas, já tinha avisado que Portugal teria durante alguns meses inflação negativa, afastando, contudo, um cenário de deflação, fenômeno que passa por uma descida continuada e generalizada dos preços. Excluindo os preços dos bens alimentares e da energia, a taxa de inflação desacelerou em relação ao mesmo mês do ano passado, para um ritmo de 0,9%, mantendo-se ainda assim em terreno positivo.

Os dados mostram ainda que em termos mensais (comparando março com fevereiro), os preços subiram 0,8%, após terem estagnado no mês anterior, pressionados em alta pelo fim da época dos saldos e pelo setor de vestuário e calçado, bem como pelas bebidas alcoólicas e tabaco e pelas comunicações.

Em termos harmonizados (comparáveis com o resto dos parceiros da União Europeia), a inflação homóloga portuguesa baixou para 0,6% em março, valor que compara com uma subida de 0,1% no conjunto dos Estados-membros, segundo a estimativa rápida do Eurostat, o gabinete de estatísticas da União Européia.

Zona do euro: retomada em 2010 O Banco Central Europeu (BCE) continua acreditando em uma retomada econômica na zona do euro em 2010, depois de um início de 2009 que teria sido "muito fraco". "A atividade econômica da área euro permaneceu muito fraca no início de 2009", diz o boletim mensal do BCE. No resto do ano, "é provável" que continue "muito moderada" e que ao longo de 2010 registre uma "recuperação gradual", acrescenta a instituição.

O banco reafirmou que as pressões sobre os preços permanecerão "moderadas" e que as tensões inflacionárias tem diminuído. No mesmo documento, o BCE alerta ainda que "muitos países necessitarão de especificar novas medidas de consolidação credíveis para 2010 e anos seguintes", para manter finanças públicas sãs e na trajetória de consolidação.

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