No Dia de Portugal, Cavaco recusa “semear pessimismo” e fala em otimismo para o futuro

Cavaco Silva durante a sessão Solene Comemorativa do 10 de junho - Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, em Lamego, 10 de junho de 2015. PAULO NOVAIS/LUSA
Cavaco Silva durante a sessão Solene Comemorativa do 10 de junho – Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, em Lamego, 10 de junho de 2015. PAULO NOVAIS/LUSA

Mundo Lusíada
Com Lusa

Durante as comemorações do Dia de Portugal, Camões e Comunidades Portuguesas, o Presidente português recusou “semear o desânimo e o pessimismo” quanto ao futuro do país, sublinhando que, apesar do longo caminho a percorrer, existem “fundadas razões” para encarar o futuro com mais otimismo.

“Da mesma forma que nunca vendi ilusões ou promessas falsas aos portugueses, digo claramente: não contem comigo para semear o desânimo e o pessimismo quanto ao futuro do nosso país. Deixo isso aos profissionais da descrença e aos profetas do miserabilismo”, disse o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, no seu discurso na sessão solene do 10 de Junho, durante as comemorações que se iniciaram ontem em Lamego, Viseu.

Reconhecendo que ainda há “um longo caminho a percorrer”, Cavaco Silva considerou existirem hoje “razões fundadas” para se encarar o futuro com “mais otimismo e mais confiança”.

Na última intervenção do mandato no 10 de Junho e onde ficou de fora qualquer referência à necessidade de consensos, entendimentos ou compromissos partidários, uma das principais mensagens do Presidente dos últimos anos, Cavaco Silva optou por um tom otimista, recuperando parte das ideias do discurso do Dia de Portugal do ano passado, quando falou em esperança e confiança, e a oposição divulgou sua critica.

“Alguns têm a tendência para não acreditar no futuro, para duvidar da capacidade e da força do nosso povo. Há mesmo quem faça da crítica inconsequente um modo de vida, um triste modo de vida. Aos que preferem dizer mal de tudo e de todos, aos que optam pela crítica destrutiva sem apresentar soluções ou alternativas, devemos mostrar o exemplo do nosso povo, que ao longo da História sempre conseguiu vencer adversidades e encontrar caminhos de futuro”, disse.

Cavaco Silva fez ainda referência aos alertas e apelos que foi deixando ao longo da crise econômica e social em que Portugal “mergulhou” em 2011, depois de chegar a uma situação que qualificou na altura como “explosiva”. “Felizmente, conseguimos pôr-lhe cobro”, recordou, aludindo ainda à necessidade que houve de “dar voz aos que não tinham voz”, ou seja, “aos desempregados, aos excluídos, aos reformados e pensionistas”.

O Presidente ainda defendeu que, “independentemente de quem governe”, Portugal poderá olhar para o futuro com confiança se forem asseguradas orientações de política econômica que permitam a concretização de quatro objetivos, nomeadamente o equilíbrio das contas públicas.

Em segundo lugar, prosseguiu, deverá estar “o equilíbrio das contas externas e o controle do endividamento para com o estrangeiro” e, como terceiro “grande objetivo” terá de ser assegurada a competitividade da economia portuguesa face ao exterior. “E, finalmente, um nível de carga fiscal em linha com os nossos principais concorrentes”, acrescentou, sublinhando que só desta forma será possível assegurar o crescimento econômico e a criação de emprego.

Falando perante o primeiro-ministro e responsáveis de todos os quadrantes políticos, o Presidente da República voltou a lembrar “os tempos muito difíceis” que Portugal viveu recentemente, com uma crise que deixou “sequelas profundas em muitos portugueses, algumas das quais ainda persistem”. Pois, referiu, os níveis de desemprego mantêm-se “demasiado elevados” e “muitas famílias continuam privadas de um nível de vida digno”.

Mas, apesar de tudo, “com o esforço e sacrifício de todos”, Portugal conseguiu ultrapassar a situação de quase bancarrota a que o país chegou no início de 2011 e, nos últimos tempos, tem vindo a verificar-se “uma recuperação gradual da nossa economia e da criação de emprego”.

Reiterando os elogios aos portugueses, que foram “exemplares na atitude, na coragem e no sentido de responsabilidade”, Cavaco Silva insistiu na mensagem que tem tentado passar nos últimos tempos, considerando que “Portugal tem hoje motivos de esperança num futuro melhor”.

Como argumentos para sustentar esta ideia, o chefe de Estado apontou os “sinais de confiança no futuro” que tem encontrado junto de empresários, trabalhadores e parceiros sociais, jovens empreendedores, cientistas e acadêmicos, autarcas, instituições de solidariedade e comunidades portuguesas dispersas pelo mundo, bem como a “nova atitude” dos parceiros europeus e dos investidores e o comportamento dos mercados financeiros. Neste mesmo dia, a presidência divulgou a mensagem de Cavaco Silva dirigida às comunidades portuguesas no estrangeiro.

Jovens
Também se pronunciou a presidente da Comissão Organizadora das Comemorações do 10 de Junho, Elvira Fortunato, defendendo que os “jovens altamente especializados” devem ser cativados, para que não abandonem o país.

Segundo ela, nos últimos anos, o país conseguiu “dar um salto quantitativo e qualitativo na área da formação de jovens recursos humanos extremamente especializados e competentes”, mas que “muitos deles estão a ficar esquecidos”. “Não podemos desperdiçar esta mais-valia e há que tirar retorno do grande investimento que foi feito, caso contrário outros farão isso por nós. Não podemos deixar que jovens altamente especializados abandonem Portugal”, frisou.

“Devemos saber cativá-los e fazer com que os criadores e empreendedores potenciem todo o seu dinamismo a construir um Portugal de futuro que queremos e ambicionamos para todos”, acrescentou.

A catedrática da Universidade Nova de Lisboa considerou que Portugal não tem ouro, petróleo, nem diamantes, mas tem “um legado para deixar às novas gerações, que pode ficar seriamente comprometido, pois a universidade no seu todo está demasiado envelhecida”.

Na noite do dia 09, o Presidente discursou para quase uma centena de jovens que se reuniu durante o dia em Lamego para debater o problema da interioridade. “Penso que esta geração, uma geração de mudança, tem aqui uma oportunidade de agarrar o futuro, mas agarrá-lo com confiança de que podem vencer as dificuldades”, vincou, insistindo que “a cultura do pessimismo, do desânimo e da descrença não resolve nenhum problema do país”.

O Presidente da República encerra hoje as comemorações oficiais do 10 de Junho, que este ano decorrem em Lamego, com o tradicional discurso na sessão solene, onde também foram condecoradas mais de 40 personalidades. O programa do segundo e último dia das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, começou logo pela manhã, com a habitual sessão militar, no Largo da Feira de Lamego.

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