Economia vulnerável com elevado endividamento das administrações públicas

Da redação com Lusa

O elevado endividamento das administrações públicas e o aumento das responsabilidades contingentes, no âmbito da crise causada pela pandemia, constituem uma vulnerabilidade da economia portuguesa, segundo Relatório de Estabilidade Financeira do Banco de Portugal (BdP).

“O elevado endividamento das administrações públicas e o aumento das responsabilidades contingentes constituem uma vulnerabilidade da economia portuguesa”, lê-se no relatório referente ao mês de junho, divulgado hoje pelo banco central português.

“A pandemia de covid-19 causou uma crise econômica com implicações para a situação financeira. As medidas de apoio, adotadas rápida e coordenadamente, evitaram a transmissão da crise ao setor financeiro”, concluiu o BdP, acrescentando que, “porém, a crise interrompeu o processo de ajustamento da economia portuguesa”.

De acordo com o relatório, “a magnitude e a persistência da crise, juntamente com a diluição no tempo e a redistribuição dos custos da pandemia entre os setores privado e público, levaram a um aumento da dívida, em particular nas administrações públicas e nos setores de atividade mais afetados pela crise”.

Assim, o relatório identifica as principais vulnerabilidades e riscos para a estabilidade financeira, que, além do endividamento das administrações públicas, refere ainda o “risco de uma correção nos mercados financeiros internacionais, que poderá ser amplificado pela elevada alavancagem, pela exposição a ativos de menor qualidade creditícia e pela baixa liquidez na carteira do setor financeiro não bancário na área do euro”.

Adicionalmente, constituem também vulnerabilidades “a retirada das medidas de apoio, numa situação de endividamento elevado e de atividade ainda deprimida em alguns setores”, que “potencia a materialização do risco de crédito”, a “correção dos preços no mercado imobiliário residencial em Portugal, que pode decorrer, inter alia, da potencial retração da procura de imóveis por não residentes, que surja associada a uma deterioração das condições de financiamento internacionais”, e o facto de no mercado imobiliário comercial, poder “ocorrer uma queda adicional dos preços na sequência da ocorrido em 2020 para alguns segmentos (retalho e hotéis)”.

Por fim, o BdP alerta ainda para as “perspectivas de rendibilidade baixa no setor bancário e reforço da ligação ao setor público, através do reforço da exposição a divida pública e da concessão de crédito com garantia pública”.

“Avaliadas de forma integrada, as vulnerabilidades e riscos elencados evidenciam interdependências entre setores econômicos, que devem ser tidas em consideração na formulação de políticas promotoras da estabilidade financeira”, transmitiu a entidade bancária.

PIB português

Portugal registrou em 2020 um Produto Interno Bruto (PIB) de 77% da média da UE e um consumo individual real expresso de 85% da média da União Europeia (UE), expressos em paridade de poder de compra (PPC), segundo o Eurostat.

De acordo com o gabinete estatístico europeu, o Luxemburgo (266%), a Irlanda (211%) e a Dinamarca (136%) são os países com os maiores níveis de PIB expresso em PPC, e a Bulgária (55%), Grécia e a Croácia (64% cada) os menores.

Os maiores índices de consumo individual real expresso em PPC foram observados no Luxemburgo (131% da média da UE), seguido da Alemanha (123%) e da Dinamarca (121%), com a Bulgária (61%), a Croácia (67%) e a Hungria (69%) no outro extremo da tabela.

A zona euro registrou um PIB e um consumo de 105% em PPC.

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