Diretor da Anamar Construtora diz que empresa “vendeu bem” em 2021 apesar da pandemia

Por Odair Sene
Mundo Lusíada

O setor da construção começou 2021 com expectativa de crescer 4% no ano. Com os desafios decorrentes da pandemia e a continuidade dos aumentos nos custos dos materiais, a previsão foi reduzida para 2,5%, em março, depois voltou para 4%, o maior crescimento desde 2013. A estimativa é que em 2022 o setor diminua o volume de lançamentos, caso isso aconteça, o efeito no mercado deve aparecer somente em 2023.

O mercado imobiliário e a construção civil são dois segmentos que conseguiram continuar em alta mesmo durante a pior fase da pandemia da Covid-19. Para se ter uma ideia, de acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em 2020 as vendas de unidades residenciais novas cresceram 9,8% no Brasil.

Sobre este cenário, o diretor Adelino Bastos, da Anamar Construtora (empresa luso brasileira de Santos, uma das mais importantes da região), disse que o ano de 2021 surpreendeu bastante. “Quando começou a pandemia, ficamos um pouco assustados porque parou tudo. E por incrível que pareça, o que aconteceu foi o contrário.

Aumentou a procura por apartamentos que tínhamos parado há muito tempo, apartamentos grandes, que era o que não estava vendendo”, revelou ele dizendo “de uma hora para outra começou a vender”, concluindo que o ano não foi de todo ruim (neste aspecto).

Por outro lado, a Anamar tem prédio na cidade de Santos em fase bem adiantada, com entrega prevista para daqui há um ano. No entanto não se sabe como vai ser daqui para frente com nova variante do vírus e incertezas de quando a questão da saúde vai estar resolvida. “Com essa nova onda que está surgindo, ficamos meio temerosos”, disse.

Outro fator que surgiu para atrasar a vida do construtor foi a falta de material. Boa parte das empresas da construção civil sofre com escassez dos insumos e a demora nas entregas dos produtos da cadeia de aço. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o setor tem sido atingido pelo aumento dos preços do material de construção e as ameaças de desabastecimento podem prejudicar o setor.

“Para se ter uma ideia, a gente antecipa a compra de material que normalmente utilizamos no final do prédio, estamos comprando hoje com perspectiva de entrega para um ano. E estamos comprando tudo antecipado para chegar na hora de aplicar, termos em estoque”, diz o diretor Adelino Bastos, justificando como conseguiu manter todo o planejamento empresarial da Anamar na fase da pandemia.

Um dos produtos citados como escassos no mercado foi o ferro e o aço. A estratégia da Anamar neste sentido foi conseguir antecipar as compras, meio que antevendo os problemas e então não sentir a falta de material como no mercado em geral. “Por causa da empatia, conhecemos todo mundo, acabamos fazendo amizades neste meio, e sempre que acontecia uma suspeita da falta de produtos, algum fornecedor avisava, eu comprava antecipado, e por isso, até agora não faltou nada para gente”.

O ramo da construção civil está aquecido, como sempre, e contratando, e apesar das incertezas, as empresas então vendendo. Porém ainda existe um desafio grande a ser superado, e não só pela área da construção, praticamente em todas, que é a contratação de mão de obra qualificada.

Adelino explica que neste sentido realmente tem que melhorar muito. “Um funcionário que pede emprego, a gente dá trabalho, ele vai fazer o exame para ser admitido, e já no caminho até o local do exame, ele passa por três ou quatro obras, se oferecerem 10 reais a mais ele vai embora e a gente não vê mais”, relata o diretor expondo a dificuldade, um pouco do que passa diversos setores que sofrem com falta de mão de obra qualificada.

Para o ano que vem, a empresa tem boas expectativas, mesmo diante do cenário de nova variante do coronavírus na Europa, enquanto se discute no Brasil a não obrigatoriedade de máscaras, torcida nos estádios ou eventos como o Carnaval. “As coisas devem complicar depois do carnaval, e podemos ter outra onda de casos. Não era hora ainda para ter shows e Carnaval. Tirando tudo isso, temos tudo para dar certo e continuar de vento em popa, estou otimista”.

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