Crise pode gerar 50 milhões de desempregados no mundo, diz OIT

Da Redação Com agências

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou em 28 de janeiro um relatório no qual prevê um forte crescimento do desemprego e da pobreza em 2009, decorrente da atual crise mundial. Segundo o documento, o número de desempregados deve aumentar entre 18 e 30 milhões neste ano, podendo chegar a 50 milhões com o agravamento da situação econômica.

No dia 27, a OIT divulgou uma projeção de 2,4 milhões desempregados na América Latina por conta da crise mundial em 2009. No cenário mais pessimista, 200 milhões de trabalhadores no mundo passarão aos níveis de pobreza extrema. A taxa mundial de desemprego pode subir de 5,7%, em 2007, para 6,1% neste ano.

“A mensagem da OIT é realista, e não alarmista. Enfrentamos uma crise de emprego de alcance mundial. Muitos governos são conscientes da situação e estão tomando medidas, mas é necessário empreender ações mais enérgicas coordenadas para evitar uma recessão social mundial”, disse o diretor geral da OIT, Juan Somavia, no comunicado oficial sobre o relatório.

Segundo o relatório da OIT, o agravamento da crise em 2008 já pode ter gerado 30 milhões de desempregados a mais no mundo. Os problemas mais graves estão no norte da África e no Oriente Médio, que têm respectivamente taxas de desemprego de 10,3% e 9,4%. A América Latina tem um índice de 7,3%, abaixo dos 8,8% da União Européia e a par dos 7,3% da África Subsaariana. O maior impacto da crise mundial foi sentido nos países mais desenvolvidos, onde 3,5 milhões de pessoas perderam seus empregos.

As medidas propostas pela OIT são o aumento do seguro desemprego nos países, investimentos em infra-estrutura, apoio a pequenas empresas e maior coordenação de políticas entre os setores público e privado.

Portugal ajudará empresas sólidasO primeiro-ministro português, José Sócrates, disse na quarta-feira 28 de janeiro no Parlamento que o Governo só irá ajudar as empresas nacionais que sejam “economicamente sólidas e com perspectivas”.

O líder da bancada parlamentar do PSD, Paulo Rangel, perguntou qual o critério para o salvamento das empresas já que, afirmou, “sabemos que o crédito não chega às empresas”. “Este exército de novos desempregados não vão ser absorvidos pelas obras públicas”, criticou Paulo Rangel, questionando Sócrates sobre a disposição do Governo para “abdicar de obras faraônicas para baixar a taxa social única para todas as empresas já no orçamento suplementar”.

Sócrates salientou que, no caso das obras públicas, o PSD é o “único partido da oposição na Europa que em vez de reclamar mais investimentos ao Governo, contesta-o”. “O PSD está contra os programas do governo alemão, francês, inglês e americano”, disse Sócrates.

Zona Euro: recessão prolongadaO Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu em forte baixa as suas previsões para as principais economias mundiais, de acordo com dados divulgados neste mesmo dia 28. A Zona Euro deverá enfrentar uma recessão prolongada e só em 2011 começará a recuperar, prevê o FMI. Na Zona Euro, é esperado um recuo do PIB de 2%, o qual será seguido por uma quase estagnação em 2010 (0,2%). Em Novembro, o FMI antecipava uma recessão menos cavada (-0,5%) e uma retoma menos tímida em 2010 (0,9%).

Dos quatro países do euro para os quais o FMI apresenta dados desagregados, a Alemanha é o que sofre a maior revisão em baixa de 2,5%. Em 2010, a maior economia européia e maior exportador mundial terá um crescimento residual de 0,1%. Destaque ainda para Espanha e Itália que, segundo o FMI, vão permanecer em terreno negativo nestes próximos dois anos, com recuos de 1,7% e 0,1%, e 2,1% e 0,1%, respectivamente.

Estes valores são mais negativos do que os antecipados pela Comissão Européia, que apontavam para uma contração de 1,9% do PIB na Zona Euro (seguida de uma recuperação de 0,4% em 2010). Na comparação entre as duas instituições, o FMI é mais pessimista quanto ao comportamento da economia alemã, e menos em relação, por exemplo, a Espanha, principal cliente das exportações portuguesas.

Já os Estados Unidos – epicentro do “furacão” financeiro que lançou a economia global na mais severa recessão desde a II Guerra Mundial – deverão ressentir-se fortemente neste ano das ondas de choque lançadas sobre a economia real, tendo o Fundo, no curto espaço de três meses, mais do que duplicado a sua previsão de quebra do PIB (passou de -0,7% para – 1,6%). Em contrapartida, porém, a maior economia do mundo deverá regressar em 2010 a taxas de crescimento próximas do potencial (1,6%).

“Partindo do pressuposto de que haverá mais coordenação e maior abrangência nas iniciativas políticas para apoiar uma normalização gradual dos mercados financeiros, assim como estímulos orçamentais consideráveis e amplos cortes nas taxas de juro em muitas das economias avançadas, a produção deverá começar a recuperar no final de 2009 e ascender a cerca de 1% em 2010”, antecipa o Fundo.

As novas previsões sugerem ainda que, em virtude da descida dos preços do petróleo e da forte contração esperada no consumo, o ritmo de crescimento dos preços abrande para níveis historicamente baixos.

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