Baixada Santista: Setor imobiliário é um perfeito termômetro da atividade econômica

Com a exploração do Pré Sal, a modernização do Porto de Santos, e o crescimento da oferta em construção, a economia santista só tende a crescer.

Por Odair Sene Mundo Lusíada

Mundo Lusíada

Economistas defendem que o Brasil já está observando a grande crise econômica mundial pelo retrovisor, com reflexos menores que as demais potências econômicas, e defendendo como promissoras as perspectivas como um todo. O país está no topo da lista dos países que mais atraem investimentos estrangeiros e ainda tem pela frente uma agenda de investimentos compromissados motivados pela Copa do Mundo em 2014 e pelas Olimpíadas em 2016. Um oceano de oportunidades, na perspectiva do economista Adalto Corrêa de Souza Jr, professor e Diretor Acadêmico das Faculdades de Ciências Sociais e Engenharias da UNIMONTE, em Santos.

Segundo ele, é natural que o crescimento robusto de uma nação provoque crescimento mais acelerado em regiões portuárias, motivado pela dinâmica das relações comerciais internacionais. Porém, além disso, o país também foi brindado com o pré-sal, o que afetará fortemente a dinâmica da economia no litoral paulista.

A região da Baixada Santista já é responsável por 3,8% de todo o PIB do Estado de São Paulo, com uma contribuição de R$ 30 bilhões e tem Santos como município sede que possui uma atividade econômica muito diversificada. Esse crescimento mais acelerado pode ser comprovado pela consistente elevação dos preços dos bens imóveis na região. “O setor imobiliário é um perfeito termômetro da atividade econômica, isto é, raramente este setor puxa o crescimento, mas quase sempre é consequência deste, comprovando que viemos crescendo mais que outras regiões do país. E todo esse crescimento até o momento, de nada teve relação com o pré-sal. Portanto, não há nada de bolha especulativa na valorização imobiliária que vivenciamos”, defende

Pré-Sal e Porto Segundo o economista Adalto Souza Jr, os impactos do petróleo em uma região são “estratosféricos”. Dos 10 maiores PIBs municipais do país (excluindo-se capitais), 7 produzem ou refinam petróleo, exemplificando com municípios do Rio de Janeiro, que no passado foram escolhidos como municípios-sede das atividades petrolíferas, como Quissamã, Carapebus e Macaé, esta última com uma elevação de 600% do seu PIB em apenas 8 anos.

Portanto, segundo Correa, a estimativa é que cerca de 1500 empresas estejam envolvidas direta ou indiretamente com o setor petrolífero no país. E com o pré sal, muitas dessas atividades serão transferidas para a região, mudando radicalmente a dinâmica da economia. Mas para Armênio Mendes, não é só o pré-sal que estará no centro deste grande crescimento da Baixada Santista, também o Porto de Santos, o maior da América Latina. Segundo o empresário e construtor, por um período o Porto deixou de ser controlado pela iniciativa privada, passando para a mão do Estado, e acabou “sendo sucateado por anos”. Atualmente, o Porto de Santos passou a ser novamente controlado pela iniciativa privada.

“A Baixada Santista está vivendo este grande momento da descoberta do pré-sal ainda no início da exploração. E estamos vivendo também o momento do Porto que passou a ser privatizado, está automatizado e tem que duplicar, porque a indústria no Brasil está se duplicando e nosso volume de exportação/importação consequentemente tem que ser duplicado ou triplicado. Isso vai gerar uma riqueza fantástica para a nossa cidade”, diz ele, citando ainda além destes dois pontos, a ampliação de grandes indústrias de Cubatão, dentre exemplos que agora são privatizados. “Tudo isso, crescimento de indústria, modernização do Porto e descoberta do pré-sal e início de exploração vai nos levar por 10 anos ao grande desenvolvimento na Baixada Santista”.

Boom da Construção “Não temos ainda muita noção do crescimento que está por vir. Certamente o setor imobiliário vai continuar refletindo os movimentos da economia regional demonstrando ser ainda um dos melhores dos indicadores de crescimento econômico, porém essa nova realidade tem de nos encontrar preparados, capacitados e qualificados para lidar com toda essa riqueza”, diz ao Mundo Lusíada o economista Adalto Corrêa dos Santos. Apesar dos fantasmas do passado na área da construção, hoje o país vive um outro momento. “O Brasil está num crescimento fantástico. Depois dessa bolha dos Estados Unidos e da Europa, passou a ser a vez do Brasil, e passou a reduzir os juros, que ao meu ver ainda estão altos”, afirma Armênio Mendes citando que hoje as pessoas tem mais acesso aos financiamentos imobiliários.

A Miramar Empreendimentos Imobiliários nasceu em 1974, e é dirigida por Armênio Mendes, que já soma 46 anos no mercado da construção. “Nós encontramos todos os momentos da construção. Nós pegamos momentos bons do passado, quando foi criado o Fundo de Garantia que passou a financiar a construção através do financiamento do próprio banco a longo prazo. E pegamos os momentos difíceis, tivemos 20 anos em que não se fazia construção praticamente em parte nenhuma do Brasil, porque não tínhamos financiamento. E os que existiam eram juros tão altos que as pessoas fugiam dele”, diz Mendes.

Para o construtor e empresário, está na hora do país acabar com o déficit habitacional no Brasil, o que segundo ele, deve acontecer nos próximos 10 anos, tanto para a alta quanto média e baixa camada. “Eu vivi altos e baixos momentos na própria atividade de construção, e hoje posso afirmar que estamos vivendo a alta em todas as camadas. Eu vejo 10, 15, 20 anos de continuidade deste grande crescimento e geração de emprego, através da própria construção”, diz Mendes.

“Não é só Santos. É o Estado, é o Brasil todo que está otimista, e nós aqui principalmente. Agora terão terrenos sendo comercializados na área do Porto, os do centro sendo bem valorizados. A nossa tendência é expandir, onde achamos bons terrenos em boa localização, temos que ir atrás”, defende Adelino Bastos, diretor da Construtora Anamar, existente há 25 anos na Baixada Santista.

De acordo com o diretor da Anamar, antigamente era muito mais fácil encontrar terrenos na região de Santos. “Realmente encontrávamos terrenos com muito mais facilidade. Hoje, além de casas, nós procuramos prédios pequenos, de até 3 andares, para derrubar e levantar um empreendimento”, relata.

Segundo Adelino Bastos, a Construtora Anamar projeta boas perspectivas para o futuro, já que a procura é cada vez maior. “Existe muita oferta hoje em Santos, muitos prédios em construção, mas a procura também é expressiva. Principalmente agora com a descoberta do pré-sal na Baixada, a procura tem aumentado bastante e a tendência é aumentar mais ainda”, diz Bastos. “Daqui para frente será mais difícil ainda encontrar terrenos, mas sempre acabamos conseguindo”. Empreendimentos na Região A Miramar Empreendimentos oferece hoje, segundo o seu presidente, o melhor condomínio residencial fechado de Santos, o Jardim da Grécia, que já está concluído. Além disso, a construtora oferece apartamentos de alto padrão, de R$ 3 milhões, como o Prime Plaza, além dos empreendimentos Stella Magna e Stella Mares, obras que estarão finalizadas em abril e até o final de 2010. “Nós temos aí para camadas do médio, alto e baixo, exatamente para que no momento de crise de uma camada menos ou mais privilegiada, pudermos continuar trabalhando”, diz Mendes.

Outro exemplo é a Anamar Empreendimentos. O Costa Royale, há alguns meses sendo divulgado no Mundo Lusíada, já conta com 50% das unidades comercializadas. Foram 18 meses até a finalização da obra. Hoje, o prédio está pronto para morar e já recebeu alguns dos novos moradores. “Nós não temos financiamento ali, temos tocado com recursos próprios. O financiamento é direto com a construtora e damos um prazo para o pagamento”, diz o sócio diretor da empresa.

A Anamar soma 15 prédios entregues até agora, e um em andamento, o Costa Clássica que será entregue em 2010, oferecendo dois apartamentos por andar, numa área útil de 190 m² cada, com toda infra-estrutura de lazer. E em todos estes anos, a empresa mantém desde o início seu padrão de nível. “O pessoal já nos conhece por isso. Temos prédios com apartamentos vendidos para moradores de outros prédios nossos também, que continuam nos procurando quando da aquisição de um novo. E a nossa intenção é seguirmos desta forma”.

Municípios se preparam para uma nova realidade: * Santos – sede da unidade de negócio da Petrobras e pretende instalar um CTGás; * Guarujá – aeroporto e quer instalar uma base de suprimento a plataformas; * Cubatão, Bertioga e Peruíbe – pretendem receber um estaleiro; * Praia Grande – está empenhada em viabilizar a construção de um aeroporto e de um condomínio industrial; * São Vicente e Mongaguá – também se organizam para destinar áreas a indústrias; * Itanhaém – aeroporto e pretende abrigar um retroporto, área de atividades de apoio ao porto. Fonte: Adalto Corrêa de Souza Jr – Professor de economia e Diretor Acadêmico das Faculdades de Ciências Sociais e Engenharias da UNIMONTE.

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