“Ficamos seletivos nos negócios”, diz presidente do Banif-Brasil

Em entrevista ao Mundo Lusíada, Dr. Julio Rodrigues fala do Banco Banif no país, da crise na Europa e do Brasil do futuro.

Por Odair Sene

 

O Banco Banif teve um crescimento no último ano, na ordem dos 5%. Nem podia ser diferente, com a atual situação do mercado português, em grandes dificuldades. O Mundo Lusíada conversou com o presidente do banco no Brasil, Dr. Julio Rodrigues, sobre especulações de mercado na Europa, agências de analise e as apostas do banco para o Brasil.

De acordo com Julio Rodrigues, Portugal está renegociando suas dívidas externas no mercado comum europeu. “As coisas evoluíram, já se foram três anos, e obviamente que a crise vai melhorando e achando soluções”, acredita.

Entre todos os países do mercado comum europeu que conta com contrato de ajuste e equilíbrio, Portugal é o que está melhor. “Os bancos portugueses no final de 2011, alguns deles foram obrigados a se capitalizar. O nosso banco não teve necessidade, ou seja, os níveis de negócios que podemos fazer baseado no nosso capital eram mais do que suficiente. Deve vir mais ajustes pela frente e não devemos ser incluídos mais uma vez porque estamos com capital suficiente”, garante.

Entre os bancos do Brasil, o Banif foi o de menor crescimento, segundo o presidente, “porque estamos tomando certos cuidados tendo em consideração que Portugal é um país que está renegociando sua dívida. Foi um ano bom, até acima da média para nós, porque ficamos muito mais seletivos nos negócios”, diz o economista, informando que o Banif fechou o ano com um resultado de 14 milhões de reais.

 

Mercado de especulações: agências de risco têm atividades “quase orquestradas”

Julio Rodrigues falou também sobre as especulações que Portugal e toda Europa vêm passando nessa grave crise financeira. Segundo ele, os analistas tem sido “severos” tanto com Portugal, como com a Grécia, Polônia, Hungria, Irlanda, Espanha e até a Itália.

“Não é uma surpresa das dificuldades e dos ajustes que estes países têm que fazer nas suas dívidas externas. Temos tido notícias das agências de rating atacando o mercado europeu, e isso cria uma grande rentabilidade na taxa de juros nestes papéis, e provoca prejuízos em quem tem esses papéis e provoca lucro em quem adquiri-los baratos. É uma simbiose, existe um jogo de interesses, e os investigadores um dia jogam contra a prata, um dia contra o níquel, um dia contra o petróleo, um dia contra instituições financeiras em determinado país” afirma.

Segundo Dr. Julio, esta é uma atividade “quase orquestrada” porque a razão está no interesse dos especuladores que forçam alguma área a uma queda, quando eles são os compradores. Mas por mais de meio século, o mercado mundial acredita nessas agências famosas em estudos econômicos. “Não que elas são as melhores ou piores, é que elas têm uma fama muito grande, e quando sai no mercado tem impacto negativo”, aponta.

O que os europeus se queixam mais é que as agências americanas são muito severas quando classificam empresas e países europeus, e menos severas quando classificam empresas americanas e os Estados Unidos. Segundo Julio Rodrigues, essa é uma realidade que “infelizmente acontece”, lembrando do caso que ocorreu na agência de rating Moody’s, a qual fez uma analise e rebaixou os EUA. Como consequência, os acionistas acabaram por remover o presidente da companhia depois da divulgação.

“Nós tivemos uma perda muito grande dos bancos brasileiros a nível acionário, a nível de cotação de bolsa”, afirma Julio Rodrigues acreditando que em empresas como Petrobras e Vale do Rio Doce, e tantas que estão crescendo no Brasil, não há razão para a redução do seu papel. “Há um grande investimento que a Petrobras tem que fazer, porém a longo prazo a receita potencial é absurda”, avaliou.

 

O Brasil será uma das maiores potências do mundo

Apostando no país do futuro, Julio Rodrigues citou, entre outros campos, a força que o Brasil conquista com o Pré-Sal, ou o Petrosal. “Vai nos levar a ser um dos maiores potenciais de petróleo do mundo. Estamos entrando num nível de exploração de Petróleo daqui 4 ou 5 anos que vai transformar o Brasil num país com reserva superior talvez a Venezuela, comparáveis aos países árabes. Poderia talvez perder para a Arábia Saudita”.

Além de apostar no Brasil como uma das grandes potências exploradoras e produtoras de Petróleo, o economista defende as vantagens que o país tem em energias alternativas. “Temos um grande explorador alternativo de energia elétrica através das hidroelétricas, já somos um grande produtor até de eólica, e já temos a bioenergia, temos álcool da cana-de-açúcar, do óleo de mamona, da soja. E temos usado tudo que é massa – que são os restos de materiais – aproveitando inclusive o circuito todo para que a queima destes materiais se transforme também em energia através do calor”.

O economista apontou que em cerca de três décadas a energia vai ser mais limpa com aproveitamento brutal, a não ser que o Brasil encontre alguma outra energia atômica de outros materiais. “Não tenho dúvidas que teremos energia de outros recursos. O mundo está avançado na energia produtiva, energia boa, ou seja, utilizar energia atômica como temos Angra 1 para que se transforme em energia elétrica”.

Deixe uma resposta

%d blogueiros gostam disto: