Portuguesa Maria de Medeiros atua pela primeira vez nos palcos brasileiros

Espetáculo “Aos Nossos Filhos” estrelado pela atriz portuguesa Maria de Medeiros propõe reflexão sobre famílias contemporâneas. Escrito por Laura Castro, texto é baseado em experiências pessoais da autora.

 

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Da Redação

O CCBB Brasília apresenta, de 1º a 24 de fevereiro, a estreia nacional de “Aos Nossos Filhos”, espetáculo teatral com texto de Laura Castro e direção de João das Neves que trata das relações familiares contemporâneas. O projeto leva pela primeira vez aos palcos brasileiros a atriz portuguesa Maria de Medeiros, conhecida mundialmente por sua atuação no filme Pulp Fiction, de Quentin Tarantino.

O tema encontra sua síntese no embate de mãe e filha. A mãe, interpretada por Maria de Medeiros, é divorciada, com três casamentos, filhos em dois deles, mais os enteados. É uma mulher que lutou contra a ditadura no Brasil, pegou em armas, foi exilada e morou em diversas partes do mundo. A filha, vivida pela também atriz Laura Castro, é mais “careta” e vive um casamento que já vai completar 15 anos com outra mulher que está grávida do primeiro filho do casal.

A peça se passa na noite em que a filha conta à sua mãe que vai ter um filho através da barriga de sua companheira. A notícia traz à tona os encontros e os conflitos das duas gerações. Nesse momento, o espetáculo coloca em confronto duas mulheres, mãe e filha, ambas revolucionárias a seu tempo e tem como pano de fundo questões como liberdade individual e novas configurações familiares, com suas consequências, desdobramentos e afetos.

Aos Nossos Filhos nasceu de uma experiência pessoal da autora, Laura Castro. Casada há 13 anos com Marta Nóbrega, têm juntas três filhos: Rosa (gerada por Marta), José (gerado por Laura) e Clarissa (adotada). “A experiência me aproximou ainda mais das questões ligadas a famílias homoafetivas no Brasil. Anteriormente a este espetáculo, participei do programa de TV Novas Famílias, dirigido por João Jardim, no qual trabalhei na pesquisa e acabamos nos tornando personagens”, conta Laura.

Maria de Medeiros decidiu realizar seu primeiro trabalho teatral no Brasil por seu profundo interesse pela temática do espetáculo entre outras coincidências. Ela realizou o filme “Repare bem” que relata a história de três gerações de mulheres perseguidas durante a ditadura militar do Brasil, tendo como ponto de partida o militante brasileiro Eduardo Leite, conhecido como “Bacuri”. Essa realização, a tornou intimamente ligada ao tema da peça, ao conflito de gerações e, em especial à sua personagem Vera (ativista brasileira perseguida pelo regime militar). Além do tema em comum, a atriz está escrevendo longa-metragem sobre um casal de homens que desejando ter filhos, têm um bebê inseminado nos Estados Unidos. Maria também gravou, em seu último CD, a canção “Aos Nossos Filhos”, título da peça.

O premiadíssimo João das Neves, que dirigiu o teatro de rua do Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE) até a sua extinção pelo golpe de 1964 e fundou o histórico grupo Opinião, reforça, em sua direção, o papel do texto como instrumento artístico de reflexão social importante. O tema se torna relevante no país, refletindo a mudança nos costumes e nas políticas públicas, como na recente decisão do Supremo Tribunal Federal que reconhece a união estável de casais homossexuais.

Direção e Elenco

JOÃO DAS NEVES / DIREÇÃO: autor, tradutor, diretor, ator e iluminador teatral. Dirigiu o setor de Teatro de Rua do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE) até 1964, quando a entidade foi extinta pela ditadura. Ainda em 1964, foi um dos fundadores do histórico Grupo Opinião. Cursou Prática em Ciências Teatrais na Alemanha, estagiando no setor de peças radiofônicas da Westdeutscher Rundfunk. Dirigiu óperas contemporâneas como “Continente Zero Hora”, de Rufo Herrera e “Corpo Santo”, de Jorge Antunes, além de roteirizar e dirigir inúmeros shows da MPB. Escreveu e dirigiu “O Último Carro”, ganhador de mais de 20 prêmios, entre eles o Golfinho de Ouro, Moliére e o prêmio da Bienal Internacional de São Paulo. É autor de “Mural Mulher”, “Café da Manhã”, entre outros. Foi indicado como melhor diretor ao Prêmio Shell de 2007 (“Besouro Cordão de Ouro”) e de 2009 (“A Farsa da Boa Preguiça”).

LAURA CASTRO / ATRIZ: atriz, cantora, escritora e produtora cultural. Fez CAL (Casa das Artes de Laranjeiras), é Bacharel em artes cênicas pela UNIRIO e sócia da JLM Produções Artísticas. Entre 2005 e 2009, foi Diretora de Produção do Centro de Referência Cultura Infância. Atuou em inúmeros espetáculos, entre os quais: “Um Homem Célebre”, dirigido por Pedro Paulo Rangel; “Bituca – O Vendedor de Sonhos”, direção de João das Neves; “Carolina”, direção de Renato Farias; “Hans, o Faz Tudo”, dirigido por Karen Acioly; “Obrigado, Cartola!”, direção de Vicente Maiolino; “Elis, Estrela do Brasil”, dirigido por Diogo Vilela; e “Dolores”, direção de Antônio De Bonis.

MARIA DE MEDEIROS / ATRIZ: é uma atriz, cineasta e cantora portuguesa. Considerada a melhor atriz portuguesa de cinema da sua geração, foi nomeada Artista da UNESCO para a Paz. Passou a infância na Áustria, regressando a Portugal após o 25 de Abril de 74. Depois da juventude em Lisboa, onde estudou no Lyceé Français Charles Lepierre, instalou-se em Paris. Licenciou-se emFilosofia pela Universidade de Sorbonne – Paris IV, frequentando a École Nationale Superieure des Arts et Techniques du Théatre e o Conservatoire National d’Art de Paris, onde se formou como atriz.

Iniciou a sua filmografia com o longa-metragem Silvestre (filme) de João César Monteiro (1982), tendo consolidado a sua atividade com Henry e June (1990), de Philip Kaufman e Pulp Fiction, de Quentin Tarantino(1994). Destaca-se ainda as suas interpretações Três Irmãos, de Teresa Villaverd (1994), que lhe valeu os Prêmios de melhor atriz no Festival de Veneza e Festival de Cancun; Adão e Eva, de Joaquim Leitão (1995) que lhe deu um Globo de Ouro na categoria de melhor atriz e O Xangô de Baker Street, de Miguel Faria Jr.

 

Serviço

Teatro I

De 1 a 24 de fevereiro de 2013 / Sexta e sábado, às 21 horas;

domingo, às 20 horas.

Entrada: R$ 6,00 (inteira), R$ 3,00 (meia)

Classificação indicativa: 14 anos

O CCBB disponibiliza ônibus gratuito, identificado com a marca do Centro Cultural. O transporte funciona de terça a domingo, saindo do Teatro Nacional a partir das 11h.  Consulte todos os locais e horários de saída no site bb.com.br/cultura

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