Pesquisadora de Trás-os-Montes estuda gramáticas antigas portuguesas e brasileiras

Da Redação
Com Lusa

Uma pesquisadora da Universidade de Trás-os-Montes (UTAD) estuda gramáticas produzidas em Portugal e no Brasil, entre finais do século XVIII e início do XIX, e recolhe informações para a história do ensino da língua portuguesa.

Lívia de Melo, estudante do doutoramento em Ciências da Linguagem e investigadora do Centro de Estudos em Letras (CEL), está, segundo anunciou em comunicado a universidade instalada em Vila Real, a estudar as gramáticas produzidas em Portugal no final do século XVIII e as primeiras gramáticas produzidas no Brasil no início do XIX.

De acordo com a academia, o objetivo é recolher “informação relevante para a história do ensino da língua portuguesa, à data, nos dois lados do império”.

“As gramáticas revelam as ideias linguísticas e pedagógicas que predominavam em Portugal no ensino da língua portuguesa, pelo que quisemos descrever e analisar essas ideias, a fim de verificar como era o ensino em Portugal e como essas metodologias foram levadas para a implementação do ensino no Brasil”, afirmou a pesquisadora.

A mudança da família real para o Brasil aconteceu em 1808, onde permaneceu até 1821, tendo estabelecido na cidade do Rio de Janeiro a capital do Império. Essa mudança, segundo Lívia de Melo, teve impacto em todo o contexto socioeconômico e cultural brasileiro, nomeadamente o educacional.

Foi também, acrescentou, uma forma de consolidar o ensino da língua portuguesa e estimular a produção de novas gramáticas no Brasil, dando origem ao “nascimento de uma linguística brasileira”.

“A metodologia utilizada nesta investigação segue os pressupostos da historiografia linguística, de analisar o texto no seu contexto, estudando uma a uma as gramáticas, e procurando compreender o contexto histórico e educacional em que foram escritas, assim como os objetivos dos respetivos autores e a avaliação dos críticos da época”, explicou a investigadora.

Até ao momento foram descritas quatro das 10 gramáticas em estudo.

Exemplos destas são a primeira gramática filosófica portuguesa, de Bernardo de Lima e Melo Bacelar, de 1783, que inaugura o “iluminismo linguístico” na gramaticografia portuguesa.

A investigadora apontou outra obra “raríssima e quase desconhecida” da autoria de uma religiosa educadora do Mosteiro das Visitandinas, a primeira gramática produzida por uma mulher, voltada exclusivamente para o ensino feminino em Portugal, com publicação em 1786.

Lívia de Melo disse que da análise destas obras foram já obtidos dados importantes e ainda “pouco explorados no campo da historiografia linguística”, mas, acrescentou, será “ainda necessário desenvolver um estudo específico das políticas educacionais implantadas nos dois lados do império, ou seja, um estudo da legislação portuguesa para o ensino regular, e a aplicação desta no Brasil”.

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