Pesquisador defende mais pressão diplomática e dinheiro para colocar português na ONU

Da Redação
Com Lusa

O professor e pesquisador Luís Reto defendeu que é preciso “passar da retórica aos fatos” e reforçar a pressão diplomática e o financiamento para colocar o português como sétima língua oficial das Nações Unidas.

O investigador do ISCTE e autor do estudo sobre o potencial econômico da língua portuguesa, em entrevista a propósito do primeiro Dia Mundial da Língua Portuguesa dia 05 de maio, por decisão da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

“A UNESCO ter consagrado um dia mundial para a língua portuguesa é essencialmente simbólico, mas pode ser importante num passo que o português tem de necessariamente dar e que está firmado como intenção na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que é ser língua oficial das Nações Unidas” disse Luís Reto.

“É, de fato, um objetivo importante a alcançar”, acrescentou, assinalando que o português é “uma das grandes línguas internacionais que não tem assento na ONU”.

As línguas oficiais das Nações Unidas são o inglês, francês, mandarim, espanhol, árabe e russo.

“O português cumpre muitos mais critérios internacionais do que muitas das [línguas] que lá estão. É uma língua falada e oficial em nove países e uma região administrativa, tem dispersão em quatro continentes e mais de 260 milhões de falantes maternos”, disse.

O pesquisador sustentou que tem faltado “pressão diplomática e financiamento” para conseguir alcançar este objetivo.

“É preciso formar intérpretes e tradutores e pagar para o sistema de línguas das Nações Unidas funcionar. A CPLP, especialmente Portugal e Brasil, tem de ver se passa da retórica aos factos”, disse.

A CPLP aprovou uma proposta para tornar o português língua oficial da ONU na sua cimeira de Brasília, em 2016.

Luís Reto não tem dúvidas de que a entrada do português como língua oficial da ONU terá um retorno importante.

“Este reconhecimento da UNESCO é, pelo menos, uma consolação simbólica de que talvez estejamos no bom caminho. Forte era, de facto, o português conseguir ser a sétima língua da ONU”, disse.

“Para isso é preciso diplomacia e dinheiro”, acrescentou, considerando que se no pós-pandemia covid-19 houver uma retoma econômica forte do Brasil, talvez esse objetivo possa ser alcançado a médio prazo.

“O Brasil manifestou um interesse muito forte que isso acontecesse” durante a presidência de Michel Temer, disse Luís Reto, ressalvando a incerteza sobre a posição atual e futura das atuais autoridades brasileiras relativamente a este tema.

O português é língua de oficial e ou de trabalho das seguintes organizações internacionais: Organização dos Estados Americanos (OEA), Mercosul, Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), Comissão Econômica para a América Latina e Caraíbas (CEPAL), Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI).

Fazem ainda parte desta lista a União Africana (UA), Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), União Europeia (EU), UNESCO, CPLP, Organização Mundial da Saúde, Comunidade Econômica dos Estados da África Central (CEEAC), Comunidade de Estados do Sahel-Saara (CEN-SAD), Associação Latino-Americana de Integração (ALADI), União de Nações Sul-Americanas (UNASUL), Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (ZPCAS), e Mercado Comum da África Oriental e Austral (COMESA).

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