Marabaixo e Boi Bumbá, os novos reconhecimentos de patrimônio cultural

Da Redação

As expressões culturais Marabaixo, do Amapá, e o Complexo Boi Bumbá do Médio Amazonas e Parintins foram registradas, por decisão unânime, como Patrimônio Cultural do Brasil.

O reconhecimento foi decidido na tarde do dia 8, em Belém (PA), durante a 90ª reunião do Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), instituição vinculada ao Ministério da Cultura.

Marabaixo

Fruto da organização e identificação predominante entre as comunidades negras do Amapá, o Marabaixo é uma expressão cultural de devoção e resistência que representa tradições e costumes locais e reúne ritmo, dança, vestimentas, comidas e literatura.

A origem do nome da manifestação remete aos escravos que morriam nos navios negreiros; seus corpos eram jogados na água e os negros cantavam hinos de lamento mar abaixo e mar acima.

Os negros escravizados passaram a fazer promessas aos santos que consagravam e, quando a graça era alcançada, se fazia um Marabaixo. Sua herança é deixada de pai para filho e está associada ao fazer religioso do catolicismo popular em louvor a diversos santos padroeiros.

A forma de expressão reúne referências culturais vivenciadas e atualizadas pelos amapaenses, além de compor a memória, a identidade e a formação da sociedade brasileira.

Complexo do Boi Bumbá

São muitos os modos de brincar que celebram o Boi Bumbá pelo Brasil. Na região Norte, o folguedo se estabeleceu de forma marcante nas regiões do Médio Amazonas e Parintins (AM), misturando uma série de danças, músicas, drama e enredo que faz o coração dos brincantes e do público pulsar forte. O Complexo é uma das mais tradicionais e reconhecidas expressões culturais do país.

Com influências das missões jesuíticas, agregando referências indígenas, negras e de outras regiões, como o Nordeste, os Bois se caracterizam por fortes elementos marcados na transmissão do folguedo. Essas características estão presentes na construção das identidades sociais e no intenso envolvimento das comunidades na preparação de seus três formatos – Boi de Arena, Boi de Terreiro e Boi de Rua – e dos inúmeros saberes que constituem o chamado Complexo do Boi Bumbá do Médio Amazonas e Parintins.

Conselho Consultivo

O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural é o órgão colegiado de decisão máxima do Iphan para as questões relativas ao patrimônio material e imaterial. São 22 conselheiros que representam o Ministério da Educação, o Ministério das Cidades, o Ministério do Turismo, o Ministério do Meio Ambiente, o Instituto Brasileiro dos Museus (Ibram), o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), a Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB), a Associação Brasileira de Antropologia (ABA), e mais 13 representantes da sociedade civil, com especial conhecimento nos campos de atuação do Iphan.

A reunião do Conselho Consultivo realizada no Pará é parte integrante de um ciclo de atividades desenvolvido pelo Iphan para celebrar e promover o Patrimônio Cultural da Região Norte do Brasil. A programação inclui a realização de um seminário, lançamento de uma revista e a realização da cerimônia de premiação da 31ª edição do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, no Theatro da Paz, em Belém.

Também, os conselheiros decidiram ainda pelo reconhecimento do Geoglifo do Sitio Arqueológico Jacó Sá, no Acre. Denominados tatuagens da terra por grupos indígenas atuais, as estruturas conhecidas como geoglifos, herança cultural dos povos amazônicos, são numerosos na região Norte do país. Uma delas, localizada no Sítio Arqueológico Jacó Sá, foi tombada pelo Iphan por decisão unânime, durante a reunião em Belém.

Além de sua importância científica, histórica e afetiva, o geoglifo tem fácil acesso e pode ser identificado claramente por visitantes, sendo um potencial atrativo turístico. O geoglifo foi primeiro tombado pelo Instituto.

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