Literatura de Cordel é reconhecida como Patrimônio Cultural do Brasil

Da Redação
Com EBC

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) reconheceu, em 19 de setembro, a literatura de cordel como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro. A decisão foi tomada por unanimidade pelo Conselho Consultivo, que se reúne no Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro.

“Poetas, declamadores, editores, ilustradores, desenhistas, artistas plásticos, xilogravadores, e folheteiros, como são conhecidos os vendedores de livros, já podem comemorar, pois agora a Literatura de Cordel é Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro”, anuncia o Iphan.

A reunião contou com a presença do Ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, da presidente do Iphan, Kátia Bogéa e do presidente da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, Gonçalo Ferreira.

O gênero literário é ofício e meio de sobrevivência para inúmeros cidadãos brasileiros. Segundo o instituto, apesar de ter começado no Norte e no Nordeste do país, o cordel hoje é disseminado por todo o Brasil, principalmente por causa do processo de migração de populações.

“Sou suspeito para falar do cordel. Minha bisavó, nascida no Crato (CE), me fez na infância e adolescência um leitor voraz de cordel. Contribuiu muito para a minha formação, para as minhas referências, para ser quem eu sou”, destacou o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão. “Tenho respeito e admiração pelo trabalho heroico feito pela Academia Brasileira de Literatura de Cordel para manter o gênero vivo”.

O fundador da Associação dos Escritores, Trovadores e Folheteiros do Estado do Ceará (Aestrofe), Klévisson Viana, comemorou o registro da literatura de cordel como patrimônio imaterial brasileiro. “Esse reconhecimento é de extrema importância. O Brasil tem uma das literaturas populares mais ricas do planeta, tanto em quantidade como em qualidade”, destaca.

“O cordel é uma tradição viva que se renova o tempo todo, que procura dialogar com cada período histórico. Hoje, são raros os cordelistas que não têm uma página na internet para divulgar o seu trabalho”, completa Viana, que é autor de mais de 200 folhetos de cordel e de 38 livros, um deles – O Guarani em Cordel – vencedor do Prêmio Jabuti em 2015.

História
O cordel foi inserido na cultura brasileira ao final do século 19. O gênero resultou da conexão entre as tradições orais e escritas presentes na formação social brasileira e carrega vínculos com as culturas africana, indígena e europeia e árabe.

Tem ligação com as narrativas orais, como contos e histórias; à poesia cantada e declamada; e à adaptação para a poesia dos romances em prosa trazidos pelos colonizadores portugueses.

Originalmente, a expressão literatura de cordel não se refere em um sentido estrito a um gênero literário específico, mas ao modo como os livros eram expostos ao público, pendurados em barbantes, em uma especie de varal.

De acordo com o Iphan, os poetas brasileiros no século 19 conectaram todas essas influências e difundiram um modo particular de fazer poesia que se transformou numa das formas de expressão mais importantes do Brasil.

Nesta quinta-feira, dia 20, quatro outros bens serão avaliados: Procissão do Senhor dos Passos, em Florianópolis (SC), Sistema Agrícola Tradicional das Comunidades Quilombolas do Vale do Ribeira (SP) e os terreiros de candomblé Ilê Obá Ogunté Sítio Pai Adão, em Recife (PE), e Tumba Junsara, em Salvador (BA).

Deixe uma resposta

%d blogueiros gostam disto: