Jovem portuguesa alcança sucesso através da web

Por Ígor Lopes
Do Rio para Mundo Lusíada

 

Que o site de compartilhamento de vídeos mais utilizado pelos usuários da internet, Youtube, ajudou a revelar alguns talentos, mais ou menos populares, ninguém tem dúvidas. E cada vez mais a internet se torna um celeiro imenso de apresentação de candidatos ao estrelato. Muitos nomes vingam, outros sequer conseguem críticas positivas. Mas Ana Free parece estar no caminho certo. A cantora portuguesa conta com centenas de visualizações dos seus vídeos e o público aceita, naturalmente, as suas músicas e o seu estilo.

Natural de Lisboa, Ana Gomes Ferreira, mais conhecida como Ana Free, é um desses nomes prodígios, dotados de talento e personalidade. Para conseguir mostrar o poder da sua voz, a cantora postou no Youtube, aos 19 anos de idade, o seu primeiro vídeo. Hoje mora em Londres, de onde marca os seus shows por várias cidades ao redor do mundo e de onde vê crescer o seu número de fãs e seguidores nas redes sociais. Ana é presença assídua em alguns festivais. Com o inglês afiado, ainda não está na mídia, todos os dias, divulgando a sua imagem e o seu trabalho, mas, com a ajuda internet, promete voar longe. Ana está gravando um álbum, no qual propõem a participação de fãs, o que só é possível com a ajuda da rede social do momento: Facebook.

Tudo começou em janeiro de 2007. As visitas aos seus vídeos foram aumentando e surgiram várias oportunidades de trabalho. Atualmente, Ana está preparando o seu primeiro álbum. “Estou a adorar!”, revela ela, que adianta que quando decidiu publicar os vídeos não tinha nenhuma intenção. “Simplesmente achei uma ideia inovadora porque o YouTube estava a destacar-se como uma plataforma para subir vídeos, cantar e criar”.

A artista toca guitarra há 15 anos, experimentou piano por quatro e ainda escreve músicas compulsivamente. “A música sempre foi uma das minhas grandes paixões. Gosto de tocar o que me toca o coração. Hoje em dia, ainda gosto de criar melodias com o piano, mas a guitarra é o instrumento da minha alma”.

Aos 24 anos de idade, conta com mais de 500 temas originais, que começaram a ganhar vida quando tinha apenas 11 anos. “A música é um apoio total para mim”, diz com entusiasmo. O seu som deixa evidente a sua influência pop-rock. “As pessoas têm a tendência de me categorizarem como acústico pelo fato de eu tocar guitarra e cantar. Acho que isso é um erro bastante comum porque aquilo que realmente gosto é na base de Pop. O meu disco vai ser Pop, mas pode às vezes puxar pelo lado mais Rock”.

A cantora fez shows em lugares como Londres, Nova Iorque, Miami e Barcelona. Sem falar nos palcos portugueses. Até hoje fica guardada na sua memória a abertura que fez do show de Shakira, em Lisboa, no Pavilhão Atlântico. Nesse dia, Ana Free se apresentou para mais de 19 mil pessoas. “Fiquei perdida no momento. Tentei absorver tudo, sentir e recordar a sensação. Foi lindo”. Em outras oportunidades, a cantora abriu caminho para James Morrison, Colbie Caillat, Joe Brooks, entre outros.

O Brasil não fica de fora dessa lista. Ana Free gravou com a dupla Pop de Porto Alegre, Claus e Vanessa. “Convidaram-me para fazer parte de uma remix de um hit original deles. Foi marcante para mim. Adorei essa fase. Há ainda de vir muito mais, espero eu! Depois estive no Rio. Adorei o Brasil”.

O seu gosto musical contempla nomes como Maria Gadú, Caetano Veloso, Tiago Iorc e Ivete Sangalo. “A música brasileira é muito viva, tem ritmo e paixão. É viciante”, assume.

Em Portugal, as estações de rádio já conhecem o seu trabalho. Mas é na internet que Ana mostra o seu lado cover, cantando canções de outros artistas, o que, na sua opinião, a ajuda a compor músicas próprias. “Ajuda sim, em termos de ouvir as estruturas das músicas e as ideias deles. Eu fico muito atenta aos pormenores do som. Acho que é por aí que vou construindo e adaptando as minhas ideias”.

Quando o assunto é motivação, Ana Free não titubeia: O que mais lhe inspira nessa profissão são os fãs. “Ouvir as suas histórias. Não há mesmo comparação a fazer. É sem dúvida a melhor coisa”.

O Mundo Lusíada conversou com um dos seus fãs. O carioca Rafael Vasconcelos, de 28 anos, descobriu os vídeos de Ana Free buscando, na internet, videoclipes das suas bandas favoritas. Foi quando encontrou o cover de uma canção muito especial. “Quando ouvi a primeira música fiquei impressionado com a afinação da sua voz e sua destreza ao tocar violão. Não parei enquanto não vi todos os vídeos postados por ela. Pela fluência no inglês, achei que era americana, mas fiquei surpreso ao ouvi-la cantar uma música em português, o que revelou a sua nacionalidade”, explica Rafael, que acredita que o talento da cantora portuguesa é nato.

“Percebe-se claramente a sua evolução e maturidade musical ao longo dos anos, já que alguns vídeos são de cinco ou seis anos atrás. É nítido também que os vídeos não parecem ter tido grandes elaborações e edições, o que torna o verdadeiro talento ainda mais perceptível. Gosto quando, após alguns vídeos, ela mostra errinhos engraçados nas tentativas de chegar à versão final postada”, conta o fã, neto de emigrantes portugueses no Brasil, que vieram do distrito de Viseu.

Para ele, a sua música favorita é a versão de “Angie”, dos Rolling Stones. Segundo Rafael, essa canção ficou excelente na voz e na execução de Ana Free.

 

Youtube é estratégico para lançar carreiras

Ao lançar o seu trabalho no mundo virtual, através de uma rede famosa de compartilhamento de vídeos, Ana Free se expôs às críticas, positivas ou não, do público. Por outro lado, viu o seu trabalho, as suas letras e a sua voz serem foco de atenção de milhões de pessoas ao redor do mundo, o que é uma excelente oportunidade para promover o seu talento. Um dos nomes mais conhecidos e que é fruto desse nascimento virtual é o cantor canadense Justin Bieber. Ana Free seguiu o mesmo caminho, há mais tempo. E num seguimento mais elaborado.

De acordo com Ana Free, essa iniciativa só dá certo se houver genuinidade. “Acho que é importante ser genuíno. Os teus seguidores não são cegos nem estúpidos e vão perceber logo se algo não encaixa bem e, aí, vais perder muito apoio. É uma questão de sempre seguir aquilo que queres cantar ou expor – a tua arte. Assim, não vais ter que justificar nada a ninguém. Faz pelo amor e não pela atenção”, explica Ana.

Essa estratégia de utilizar a internet foi vista com bons olhos pela cantora. “Acho que ajuda. É sempre mais um caminho para divulgar o meu trabalho, o que não pode ser mau. Eu gosto porque tenho a oportunidade de me destacar e desafiar. Sinto que isso é importante”, complementa.

 

Fazer as coisas boas da vida, sempre!

A par da sua veia musical, Ana se dedica aos estudos. Estudou Economia na Inglaterra. Dessa experiência, nasceu um amor pela capital inglesa. Nos tempos livres, gosta de estar com os melhores amigos e a família. Aproveita ainda para escrever músicas, viajar, ir à praia, etc. “Fazer as coisas boas da vida”, explica.

Para o futuro, conta que está preparando um novo álbum e, para aproveitar o bom momento, tem uma campanha chamada Pledge, na sua página oficial no Facebook. O objetivo é possibilitar aos fãs poder fazer parte da gravação do próximo trabalho. “Acho que é uma maneira inovadora de os incluir. E, claro, estou a lançar o próximo single com um DJ muito conceituado, Diego Miranda. Estamos em digressão e a promover a nova música que fizemos juntos: Girlfriend”.

Durante as suas apresentações, Ana Free presenteia o público com músicas originais, além de “covers bem selecionados”.

No final da entrevista exclusiva ao Mundo Lusíada, Ana Free revelou alguns dos seus sonhos: “estar sempre perto da minha família, saber o que me faz feliz e continuar a sentir e viver a vida à flor da pele”.

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