Ensino superior deve “expandir” acolhimento de estudantes refugiados, diz ex-presidente

Da Redação
Com Lusa

O ex-Presidente português Jorge Sampaio defendeu, durante uma sessão sobre voluntariado, no Porto, que se as instituições de ensino superior portuguesas expandirem as “boas práticas” que desempenham no acolhimento de estudantes refugiados têm “muito a ganhar internacionalmente”.

“As universidades portuguesas têm muito a ganhar e isso deve ser usado internacionalmente para expandir as possibilidades e boas práticas (…) Temos uma excelente colocação no terreno para fazermos progredir e mostrar as boas práticas no exterior”, afirmou o antigo chefe de Estado.

Jorge Sampaio, no sessão de encerramento da “Semana do Voluntariado” da Universidade do Porto, adiantou, contudo, que é necessária “concertação interna” entre as diferentes instituições, algo que, na sua perspectiva é “uma das contradições do mundo atual”

“Os desafios que temos pela frente são uma das grandes contradições do mundo atual. Nós percebemos perfeitamente que a concertação, o multilateralismo e as organizações internacionais poderão contribuir para a solução de vários problemas, mas ao mesmo tempo a visão economicista e revolucionária também, obviamente, é um empecilho nesse sentido de alargamento de visão e de valores”, frisou.

Durante a sessão, onde estiveram também presentes três jovens sírios que frequentam e já frequentaram o ensino superior português ao abrigo da Plataforma Global para Estudantes Sírios e o médico humanitário Gustavo Carona, Jorge Sampaio e a sua equipe aproveitaram para apresentar “uma nova iniciativa” associada ao Mecanismo Rápido de Resposta (programa desenvolvido ao abrigo da plataforma).

A iniciativa, intitulada ‘YES (Youth Education Solidarity) Fund’, é “voluntária” e propõe que cada estudante do ensino superior “doe um euro ou dólar por ano” para que os jovens que vivem em países de situações de conflito possam dar continuidade aos estudos e ter acesso à educação.

O ‘YES Fund’ prevê ainda que cada instituição do ensino superior tenha “uma conta” e que sejam as próprias universidades a “recolher e gerir” o dinheiro doado pelos estudantes.

Em declarações aos jornalistas à margem da sessão, Jorge Sampaio afirmou que esta iniciativa poderá ser o mote “para puxar outros” interlocutores, mas também para precaver que não se “perca muito tempo” no processo de reintegração dos estudantes refugiados.

“Os estudantes e as universidades podem ter um papel de iniciadores da forma de financiamento mínima e isso é muito importante para puxar por outros. Se pensarmos que um dólar ou um euro é uma coisa sem significado, isso multiplicado pelo número de estudantes é alargável com uma relativa rapidez, assim queiram as pessoas”, concluiu.

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