Acordo ortográfico será adotado no máximo em 2012, diz MEC

Da RedaçãoCom agencias

 

Em 25 de julho, o ministro brasileiro da Educação, Fernando Haddad, afirmou à Lusa que o acordo ortográfico será adotado definitivamente pelo Brasil "no máximo em 2011 ou 2012". Haddad, que diz que cada país tem que se adaptar às suas condições, considerou "natural" o debate em Portugal sobre a adoção do acordo ortográfico e defendeu que as mudanças são "muito poucas" para os dois lados do Atlântico.

Falando na entrada da 7ª reunião de cúpula da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Haddad afirmou que nos próximos 30 dias, o decreto presidencial sobre o acordo ortográfico estará sob consulta pública, antes de ser publicado oficialmente em setembro ou outubro. Paralelamente, prosseguem contatos com as editoras brasileiras para definir o cronograma de adoção do acordo, que deve ser concluído no Brasil "com alguma velocidade".

Já o ministro português dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, afirmou que Portugal deverá acompanhar o Brasil, que impulsionou a questão. “2011 é uma data que se adapta ao previsto de entrada em vigor em 3 a 5 anos e está dentro do que é proposto pelo Brasil”, disse, num dos intervalos da cimeira. “O Brasil tomou esta iniciativa e tornou-se o impulsionador da CPLP. Sem o Brasil ter esta decisão, estávamos parados”.

Para o senador Marco Maciel (DEM-PE), integrante da Academia Brasileira de Letras, “as línguas são de propriedade dos usuários, elas vão se mantendo ou modificando no ritmo próprio interno das culturas. O que se visa no acordo ortográfico são as convergências fundamentais antes que as divergências eventuais se convertam em definitivas e nos separem para sempre” disse em entrevista à Rádio Senado.

Entrada em vigorCom intuito dos países membros se entenderam quanto a data de entrada em vigor do acordo ortográfico, o primeiro-ministro português José Sócrates anunciou ao final da 7ª Cimeira da CPLP que vai convocar uma reunião de ministros dos oito países.

Para o ministro brasileiro da Educação, o acordo permite reforçar a cooperação entre os países lusófonos nos palcos internacionais. "Ter a mesma ortografia facilita a tradução de documentos, a própria cooperação internacional e faz com que a língua seja aceita como instrumento de trabalho".

Durante o encontro, Angola também anunciou que irá ratificar o acordo ainda este ano, assim que o novo parlamento tomar posse, eleições que estão previstas para setembro. O acordo foi, até agora, ratificado por Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Brasil e Portugal.

UniversidadeSobre a criação da Universidade Federal Luso-Afro-Brasileira (Unilab), o ministro informou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou o projeto ao congresso no último dia 24. “A Unilab será voltada para a África. O objetivo é criar um ambiente político e pedagógico voltado para a integração e promoção da língua. Queremos ser mais fortes com os países da CPLP na defesa da língua. Hoje temos 24 acordos de cooperação, só na área da educação, com países da CPLP”, afirmou.

Para Fernando Haddad, apesar do projeto da Unilab já estar em andamento, ele só fará sentido após a adoção do acordo ortográfico e com um reforço "decisivo" dos oito Estados-membros da CPLP na promoção do idioma.

A universidade deve começar a funcionar em 2010, e a meta é chegar aos 10 mil estudantes. A sua localização, em Redenção, no Ceará, é o estado mais próximo de Portugal e África, uma escolha simbólica já que a cidade é conhecida como uma das primeiras do Brasil a ter abolido a escravatura.

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