Portugueses em Macau pedem ao presidente mais tempo na visita a China

Da Redação
Com Lusa

O conselheiro das Comunidades Portuguesas na China José Pereira Coutinho apelou ao presidente Marcelo Rebelo de Sousa que fique mais tempo em Macau, durante a sua próxima visita oficial à China, para “satisfazer as aspirações” dos portugueses ali residentes.

“É pouco, muito pouco”, disse em Pequim, Pereira Coutinho, sobre a estada do Presidente da República em Macau, que está prevista durar 24 horas, durante a visita de uma semana à China, no final deste mês, e que inclui ainda Pequim e Xangai.

“O objetivo fundamental é que os portugueses em Macau vejam o Presidente”, notou o conselheiro.

Pereira Coutinho, que falava à margem de uma reunião do Conselho Regional da Ásia e da Oceania das Comunidades Portuguesas, lembrou ainda o problema “crônico” de falta de recursos humanos nos serviços consulares, exemplificando com Macau.

“Há uma gritante falta de recursos humanos” disse, lembrando que os salários pagos ao pessoal são “baixos”, comparando com os valores praticados naquele território.

“Há uma grande instabilidade nos recursos humanos: as pessoas vêm e passados dois meses vão embora”, contou.

O responsável referiu ainda as “expectativas” dos empresários, sobre uma “maior rapidez” no licenciamento para exportar produtos portugueses para o mercado chinês, afirmando que é preciso um esforço conjunto, nomeadamente uma resposta mais rápida do lado português aos pedidos das autoridades chinesas, durante o processo de fiscalização das condições higiossanitárias.

“Cada item leva anos e anos a negociar”, lembrou.

Sílvia Renda, conselheira das Comunidades Portuguesas na Austrália, apelou a um reforço da agenda cultural e ensino do português, apontando dificuldades em aproximar a juventude da comunidade e cultura portuguesas.

“Tem que haver uma política forte para os aproximar da cultura e da língua”, disse.

“Aquilo que temos de oferta cultural e recreativa tem que mudar para atrair as gerações mais jovens”, acrescentou.

A conselheira lembrou que a “integração” dos portugueses que têm chegado à Austrália tem sido “tão boa, que estamos a sentir uma resistência das pessoas mais novas em se identificarem”.

“Entre os portugueses, principalmente os de segunda e terceira geração, e os que estão a chegar, notamos que há uma separação, porque se integram bem, sabem falar inglês, e não precisam tanto do apoio da comunidade, e, portanto, estão a perder a ligação com Portugal”, descreveu.

Sílvia Renda referiu ainda a necessidade em encontrar uma solução para as pensões pagas através do Centro Nacional de Pensões.

“Os pensionistas que recebem a pensão através do Centro Nacional de Pensões ainda recebem hoje em dia em cheques, que às vezes se atrasam ou perdem-se pelo caminho”, disse.

Durante a reunião em Pequim, liderada pela presidente do conselho regional, Rita Santos, e que termina na quarta-feira, vai ser ainda discutida a proposta do estatuto dos conselheiros, a eleição anual dos cargos do Conselho Regional da Ásia e da Oceania, bem como o programa do encontro do Conselho Permanente do Conselho das Comunidades Portuguesas, marcado para 28 e 29 de maio, em Lisboa.

O Conselho das Comunidades Portuguesas tem atualmente 65 membros. O Brasil é o país que elegeu mais conselheiros, 13 no total, seguido por França, com dez conselheiros, Estados Unidos (sete), Venezuela (seis) e Alemanha, África do Sul e Suíça, com quatro cada.

O conselho reúne-se anualmente em Lisboa e é o órgão consultivo do Governo para as políticas relativas às comunidades portuguesas, competindo-lhe, em geral, emitir pareceres, produzir informações e formular propostas e recomendações sobre as matérias que respeitem aos portugueses residentes no estrangeiro e ao desenvolvimento da presença portuguesa no mundo.

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