Jovens residentes na diáspora “redescobrem” as raízes em Cabo Verde

Da Redação
Com Lusa

logo_cabo-verdeUm grupo de dez jovens cabo-verdianos residentes na diáspora redescobrem as suas raízes no arquipélago, numa iniciativa do Ministério das Comunidades, no âmbito do projeto “Cabo Verde na Coraçon” (Cabo Verde no Coração).

Alguns nasceram no arquipélago, outros chegam a Cabo Verde pela primeira vez. Em comum têm o fato de estar longe do país há pelo menos dez anos.

Chegam de São Tomé e Príncipe, Portugal, França, Senegal e EUA, realidades sociais diferentes mas todos com o mesmo objetivo: conhecer a terra dos pais e “conferir se as histórias que se contam na emigração correspondem à realidade cabo-verdiana”.

O programa lançado em julho, pelo Ministério das Comunidades, visa o regresso, durante o período das férias, de jovens cabo-verdianos e descendentes, dispersos por vários países de mundo.

Durante a sua estada no arquipélago, os jovens vão participar numa colônia de férias para o “conhecimento de perto da realidade cabo-verdiana, reforço do sentimento de pertença ao país de origem e a sensibilização para as causas sociais nacionais”.

Para isso, o programa é intenso e compreende visitas a entidades oficiais como o primeiro-ministro de cabo-verdiano, ao parlamento, mas também troca de experiências com jovens nacionais, visitas a lares de idosos e trabalho social com crianças carenciadas ou limpezas de praias.

Ângela Almeida, tem 21 anos é estudante, nasceu e reside em França e esta viagem representa “o primeiro contato com as raízes”. “Tudo o que eu sabia sobre Cabo Verde era o que os meus pais me contavam e os meus pais são do interior, vieram do meio rural, por isso, esta parte mais urbana, como a cidade da Praia, eu não conhecia e pude perceber que o país está muito mais desenvolvido do que aquilo que eu pensava. Surpreendeu-me também a preocupação que os cabo-verdianos têm em relação a proteção ambiental mas também o cuidado com os idosos. Está ser uma experiência muito rica”, explicou.

O estado de desenvolvimento do país também surpreendeu Manuel Lopes, de 19 anos, que veio dos Estados Unidos. Partiu da localidade de Chã das Caldeiras (interior da ilha do Fogo) com a mãe aos seis anos rumo aos EUA e nunca mais voltou. Hoje surpreende-se até com a energia elétrica existente no arquipélago.

“Quando fui para os EUA, morava em Chã das Caldeias, na zona do vulcão do Fogo e não havia nem energia elétrica. Agora, para além de luz, tem internet, tem várias coisas. Não pensava que Cabo Verde estivesse tão evoluído”, contou.

Mas a parte que Manuel Lopes mais destaca é a cultura e a história de Cabo Verde, contado durante a visita à Cidade Velha património da Humanidade. “Pude aprender um bocado sobre Cabo Verde, o povoamento das ilhas e perceber que daqui partiram gente que depois foram formar outros povos. É engraçado pensar que se calhar nos EUA posso ter um vizinho cujos antepassados foram escravos e passaram por Cabo Verde”, adiantou.

Mais do que as diferenças o que surpreende a estudante Marina Alves de 24 anos residente na Ilha de Príncipe, são as semelhanças. “O crioulo que nós falamos é a mesma coisa. A forma de dançar o batuque também é igual. É muito interessante perceber tudo isso”, garantiu à Lusa.

Durante a estada dos jovens no arquipélago serão realizados uma série de atividades abarcando as áreas social, cultural, ambiental, desportiva, entre outras. É que segundo a Ministra das Comunidades, esta colónia de férias não é “só passeio”.

“Queremos que eles conheçam o trabalho que se faz aqui na área social, com crianças, com idosos, na área ambiental e preservação cultural para que depois, lá onde estiveram possam ser dignos representantes da cultura e do povo das ilhas”, afirmou.

Edson Lázaro, residente em Lisboa, estudante do curso de estudos Africanos afirma já conhecer a realidade cabo-verdiana bem melhor, até porque a proximidade entre Cabo Verde a capital portuguesa é maior. Mas garante que a experiência tem sido muito positiva. “Tenho estado a confirmar algumas coisas que já sabia sobre Cabo Verde. Por exemplo, sempre ouvimos falar em Lisboa que o país está bem desenvolvido, pude perceber que ainda há vários problemas sociais, mas se continuarmos a crescer assim, acho que mesmo sem riquezas naturais Cabo verde será com certeza um dos melhores países de África”, concluiu.

Para esta primeira edição de “Cabo Verde na Coraçon”, os 10 jovens com idade compreendida entre os 28 e 25 anos permanecem no arquipélago até 09 de Agosto.

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