Dia da Língua: Solidariedade com Guiné-Bissau marca noite lusófona na ONU

Da Redação
Com Rádio ONU em Nova York

DiaLingua_ONUCPLPNa sede das Nações Unidas, a noite de 08 de maio começou com a chegada de lusófonos e dos seus convidados para celebrar o Dia da Língua Portuguesa e da Cultura. E os embaixadores, habituados a lidar com questões diplomáticas, tiveram um momento de descontração com o ritmo da Guiné-Bissau. O espírito de solidariedade levou a dedicar a noite à Guiné-Bissau e ao processo para estabilizar o país.
Para o representante da Guiné-Bissau na organização, João Soares da Gama, a noite prometia “um pouco do muito que o país tem para oferecer ao mundo”. “Um artista nosso muito conhecido, que é o Zé Manel Forte, irá mostrar a cultura guineense forjada numa série de valores linguísticos, tradicionais, que tem a Guiné-Bissau neste momento.”
O Brasil preside a Estratégia da ONU para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau. Antes do evento, o embaixador do país junto das Nações Unidas considerou importante a afirmação dos guineenses através da cultura. “Refletem a riqueza da música e da cultura guineense num momento em que o país atravessa um desafio difícil. A cultura é muito importante, tanto como refúgio dos indivíduos em momentos de dificuldade, como também de afirmação da sua identidade.”
No arranque da festa, o embaixador de Moçambique junto à ONU, António Gumende, levou os espectadores a treinar português. A nação preside rotativamente a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Cplp.
A determinação dos guineenses para construir um futuro de paz e de harmonia foi destacada nos elogios feitos ao processo de estabilização do país, que a 18 de maio realiza o segundo turno das eleições presidenciais.
O vocalista do Super Mama Djombo aproveitou a noite para contar a história das canções apresentadas em crioulo. “Eu acho que todas as músicas em crioulo tem muitas palavras em português que a gente dá para perceber. Eu penso que a música é social. Fala do problema do povo, problema político, problema que a Guiné tem. E não é muito longe dos outros países. A Guiné não está assim tão mal. Tem problemas, mas outros países também têm problemas, cada um tem o problema dele. Tem que se ficar do lado do povo. O povo nunca erra. O povo é o povo, é humilde, indefeso, então a gente tem que falar na voz do povo.”
Antes do fecho da atuação, Zé Manel, a estrela do concerto deixou a sua impressão. “Foi lindo, a gente teve cá representando a Cplp, todo mundo ficou satisfeito. A África é um mosaico muito grande, não é? Tem o Brasil, tem Portugal, Angola, Moçambique, tem todo mundo, é uma coisa muito linda. É uma coisa diferente mas têm sangue, não é? Vibraram, mesmo sentados escutando. A gente sente a energia.”
Portugal, na voz do seu embaixador junto à ONU, Álvaro Mendonça e Moura, falou do que considerou efeito contagiante no público. “É um conjunto muito bom, realmente muito, muito bom. Valeu imenso a pena trazê-los cá.”
Após ter participado pela primeira vez no evento, o embaixador de Cabo Verde junto das Nações Unidas, Fernando Jorge Wahnon Ferreira revelou a importância de apoiar os guineenses. “Como todos sabemos, a Guiné-Bissau tem tido um passado conturbado. Nós pensamos que com o apoio de todos, com o apoio das organizações internacionais, em particular das Nações Unidas, as eleições que estão a ser realizadas, vamos para a segunda volta das presidenciais, poderão com o apoio de todos vir a dar de fato uma estabilidade à Guiné-Bissau, que é fundamental para seu desenvolvimento”.
O ponto de vista é compartilhado pelo embaixador brasileiro, Antonio Patriota. “Há um processo eleitoral em curso na Guiné-Bissau. É necessário que esse processo transcorra de maneira democrática, transparente e com toda a credibilidade possível, para que o país encontre o caminho da estabilidade, do progresso institucional e econômico-social.”
Representando São Tomé e Príncipe, o embaixador Carlos Agostinho das Neves avaliou que a homenagem na ONU foi bastante adequada. “No momento em que se está a comemorar os 40 anos da independência da Guiné-Bissau, é o momento adequado para que os países de língua portuguesa, pela língua, pelos laços de cultura e de história que nos une, devíamos homenagear a Guiné-Bissau e marcar este momento simbólico em termos de unidade entre os países que usam a língua portuguesa como fator de unidade”.

A Língua
Ao ressaltar a importância do Dia da Língua Portuguesa, o embaixador de Cabo Verde, Fernando Ferreira, afirmou que a sociedade civil, em especial as instituições acadêmicas, devem ampliar seu apoio ao idioma. “Nós podemos apropriar-nos de uma linguagem científica em português para podermos lançar a língua em termos de tecnologia. O que também é importante para a afirmação da própria língua. Penso que com as Academias nós deveremos estudar conjuntamente a forma da promoção da língua.”
Também olha para o futuro Timor-Leste, que em breve assume a presidência da Cplp, como revelou a embaixadora Sofia Borges. “Nós vamos assumir a presidência da Cplp em julho deste ano e somos muito fieis desta responsabilidade e também para a promoção da língua portuguesa, que une os oito países da Cplp. Para nós é muito importante mostrarmos a nossa solidariedade com os oito países.”
Com um brinde acompanhado por uma apresentação sobre o potencial da língua portuguesa no mundo, caiu o pano da noite em que os lusófonos celebraram a língua e a cultura nas Nações Unidas.

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