Angola confirma 50 mortes em mais de 700 casos de cólera

Da Agencia Lusa

O número de casos de cólera registrados em Angola nas últimas semanas já ultrapassou as sete centenas, com mais de 50 mortos confirmados, disse nesta terça-feira, 29 de janeiro, à Agência Lusa o ministro da Saúde do país, Ruben Sicato.

As situações mais graves são registradas em Luanda e nas províncias do sul de Angola – Huila, Cunene, Benguela e Kwanza-Sul.

Apesar do elevado número de vítimas do vibrião do cólera – agente causador da doença, que se manifesta por intensa diarréia e vômitos – a situação está longe da gravidade da epidemia que atingia o país há um ano.

Entre fevereiro de 2006 e março de 2007, Angola registrou mais de 77 mil casos e cerca de três mil mortes por conta da doença, segundo dados oficiais.

O ministro angolano da Saúde explicou à Lusa que um aumento dos casos de cólera já era esperado com a chegada da época das chuvas, que vai de novembro a abril. "Mas não estava à espera de um número tão elevado agora, depois do que se passou há um ano", apontou Sicato.

Em setembro, o ministro tinha alertado para a possibilidade do aumento do número de contaminações, tendo, na altura, recebido "algumas críticas". Ele próprio lamenta que tenha sido fácil ter razão, devido às más condições sanitárias do país e da água consumida pela população.

"Infelizmente, se confirmou. E isso quer dizer que temos de resolver primeiro o problema do saneamento do meio, temos de dar água de boa qualidade às pessoas, para que o problema do cólera possa ser controlado com maior eficácia em Angola, onde a doença é endêmica", disse.

"A inadequada formação de alguns técnicos de saúde" é igualmente sublinhada por Ruben Sicato como um dos motivos para o aumento dos casos mortais de cólera, preconizando "uma aposta na formação contínua" dos profissionais de saúde em Angola.

"É que o combate pela via da profilaxia passa pela melhoria das condições do meio, mas depois, o tratamento efetivo dos doentes é essencialmente a sua hidratação. E isso muitas vezes falha, porque o reconhecimento do cólera é tardio por parte dos técnicos de saúde", sublinhou o ministro.

O porta-voz da Organização Mundial de Saúde (OMS) em Luanda, José Caetano, em concordância com Ruben Sicato, também apontou o débil saneamento básico do país e a má qualidade da água como fatores causadores do elevado número de casos de cólera em Angola.

No entanto, o risco da repetição de uma epidemia de grandes proporções está afastado. A baixa pluviosidade nas zonas afetadas, anormal para esta época do ano, está contribuindo para a contenção da doença, bem como o trabalho feito pelas equipes enviadas pelas autoridades.

Nos meios de comunicação social de Angola, está em curso uma campanha de sensibilização da população, com destaque para os conselhos sobre a forma de atuar perante suspeitas de infecção e, ainda, instruções de como tratar a água de consumo e os dejetos onde não existe rede de saneamento.

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