Alunos de liceu de Luanda pedem classificação como Patrimônio Mundial

Da Redação
Com Lusa

Alunos do antigo Liceu Nacional Salvador Correia, de Luanda, manifestaram pretensão de ver classificada a centenária instituição, do período colonial português, como Patrimônio da Humanidade, lamentando, contudo, a falta de água e manutenção do agora Magistério Mutu-Ya-Kevela.

A pretensão foi manifestada pelo presidente da Associação dos Antigos Estudantes do Liceu Nacional Salvador Correia, Pedro Guerra Marques, nas celebrações de sexta-feira do centenário do histórico edifício, recordando que o apelo não é novo.

“Na altura em que a instituição foi proclamada Patrimônio Histórico-Cultural Nacional [de Angola], em 1992, a associação também meteu um processo na Unesco [Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura] para o candidatar a Patrimônio Mundial”, recordou Pedro Guerra Marques.

Um processo que, lembrou, logo à partida foi barrado face à existência, dentro da instituição, de construções que não faziam parte do antigo liceu, inviabilizando a candidatura.

O centenário do Liceu Nacional Salvador Correia, formalmente criado a 22 de fevereiro de 1919, foi assinalado em cerimônia que contou com o vice-Presidente de Angola, Bornito de Sousa, na sede da instituição.

Designado Magistério Mutu-Ya-Kevela, após ser reinaugurada a 24 de março de 2018 pelo Presidente angolano, João Lourenço, o líder associativo apresentou inúmeras preocupações sobre o funcionamento do edifício.

“O que nos preocupa é que uma instituição como esta, com este tamanho, tudo novo, 3.800 alunos, não tem água, tem o acervo em quatro contentores, não tem meios, não tem dinheiro, não tem pessoas”, lamentou.

“E não tem equipamentos para digitalizar esse acervo que faz parte da história desse país”, realçou.

Pedro Guerra Marques pediu às autoridades “maior atenção ao edifício” para que se pense na sua manutenção.

“Sei que não é fácil, sei que Angola tem milhares de prioridades. Mas essa atenção é não esquecer que esta instituição, felizmente, destina-se agora à formação de professores e, como tal, agradecíamos que o Executivo olhasse um bocadinho mais para ver se conseguimos mantê-la por muitos e longos anos”, apelou.

Aproveitando as comemorações (1919-2019), foi também descerrada a placa comemorativa em homenagem da Associação dos Antigos Alunos pelo centenário e outra indicativa da sua classificação como Patrimônio Histórico-Cultural Nacional pelo despacho da secretaria de Estado da Cultura, de 08 de julho de 1992.

Na ocasião, Roberto Vítor de Almeida, deputado do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e antigo estudante do Liceu Nacional Salvador Correia, no período colonial, mostrou-se lisonjeado pelo momento.

“É uma forma de reconhecimento do trabalho ali realizado. Este é um monumento nacional, por aqui passaram várias gerações de estudantes, portugueses e angolanos, e naturalmente aqui se edificaram algumas das mentalidades que mais tarde seguiram os caminhos do progresso e da ação política”, referiu.

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