Aeroporto Internacional de São Vicente deverá receber nome de Cesária Évora

Mundo Lusíada
Com agencias

A cantora cabo-verdiana Cesária Évora, de 70 anos, morreu na manhã de 17 de dezembro no hospital Baptista de Sousa, em São Vicente, Cabo Verde, onde se encontrava internada desde dia 16. A notícia foi confirmada à Lusa pelo diretor clínico do hospital, que explicou que a morte ocorreu por volta das 11:20 por “insuficiência cardio-respiratória aguda e tensão cardíaca elevada”.
Alcides Gonçalves disse ainda que desde que Cesária deu entrada no hospital esteve internada nos serviços de cuidados intensivos “com um quadro muito complexo”. “Durante este período, ela alternou momentos de lucidez com momentos de inconsciência e esteve sempre acompanhada do seu empresário José da Silva”, disse o diretor.
A cantora regressou a S. Vicente, sua ilha natal, no último 22 de outubro após ter posto fim à sua carreira musical devido a problemas de saúde.
A notícia triste para fãs em diversos países no mundo fez o  primeiro-ministro cabo-verdiano declarar que aprova “de forma incondicional” a proposta de atribuir o nome de Cesária Évora ao Aeroporto Internacional de São Pedro, em São Vicente.
A proposta, que tem circulado durante os últimos dois dias nas redes sociais e blogues, mereceu o aval do chefe do governo que considerou “simpática” a proposta de dar o nome de “Cizé” ao aeroporto de S. Vicente.
Em declarações à Rádio Nacional de Cabo Verde, José Maria Neves lembrou, no entanto, que a proposta terá que merecer a aprovação do Conselho dos ministros e da entidade que gere os aeroportos em Cabo Verde, a empresa de Aeroportos e Segurança Aérea (ASA).
O primeiro-ministro referiu ainda que Cesária Évora deu um contributo “gigantesco” para que Cabo Verde fosse conhecido no mundo, pelo que “toda a nação global cabo-verdiana, amanhã, deve curvar-se” perante à sua memória. “Mais do que embaixadora de Cabo Verde no Mundo, a Diva dos pés descalços calçou as ilhas e apresentou-as ao mundo”, argumentou.
Com as presenças do Presidente da Republica, Jorge Carlos Fonseca, do presidente da Assembleia Nacional, Basílio Ramos e do primeiro-ministro, José Maria Neves, para além de uma “importante delegação” ministerial, as honras serão prestadas no Palácio do Povo, o símbolo da República na ilha de São Vicente, na Rua de Lisboa, onde o corpo esteve antes da partida para o cemitério.
Antes de chegar ao palácio, o corpo da artista passou pela casa que foi de Cesária Évora, onde os amigos íntimos e familiares prestar-lhe as últimas homenagens.

Amália cabo-verdiana
Cesária Évora “é um pouco a Amália [Rodrigues] cabo-verdiana, ela é a voz e a alma da música de Cabo Verde”, disse o programador do Festival de Músicas do Mundo de Sines.
Carlos Seixas referiu que Cesária Évora foi “capaz de trazer ao mundo aquilo que é a grande cultura musical da crioulidade da cultura cabo-verdiana”.
O programador mostrou-se confiante que apesar da “perda irrecuperável, a cultura cabo-verdiana saberá reinventar-se e ultrapassar este momento de luto, tanto mais que a cena musical está muito ativa”.
O responsável pelo Festival de Músicas do Mundo afirmou-se “comovido” com a notícia da morte de Cesária e referiu “a imensa pena em nunca a ter trazido” ao palco de Sines.

Novo disco
A cantora Cesária Évora, há quatro meses, numa entrevista à Lusa, deu conta de vários planos, nomeadamente a edição de um novo álbum. Simpática e tímida, em finais de agosto, a “diva dos pés descalços” afirmou estar “bem-disposta, normal, como dantes”, e acrescentou “com certeza” o que gostava de fazer era música, gravar discos.
B. Leza [Francisco Xavier da Cruz] e Manuel de Novas, compositores cabo-verdianos já falecidos – eram os autores já gravados, assim como Teófilo Chantre, com quem Cesária Évora gravou no seu último registo discográfico, um álbum de duetos.
O novo álbum estava previsto ser editado “talvez em 2012”, segundo afirmou a intérprete de “Sôdade”, que adiantou que se trataria de um disco de “mornas e coladeras”.

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