Mundo Lusíada com Lusa
No fim de semana do Dia de Nossa Senhora de Fátima, a cidade recebeu cerca de meio milhão de peregrinos no Santuário de Fátima, em Portugal, para a peregrinação internacional que marca os 90 anos da primeira aparição da Virgem Maria na Cova da Iria.
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Paulo Nova/Lusa
Peregrinos acenam lenços brancos na procissão à Nossa Senhora durante a peregrinação anual do 13 de Maio em Fátima, Portugal. |
A estimativa foi divulgada pela GNR (Guarda Nacional Republicana) que mobilizou cerca de 500 militares para a segurança do local. A peregrinação do dia 13 de maio, que lotou o Recinto do Santuário de Fátima, foi considerada pelos serviços do Santuário a maior desde a última visita do Papa João Paulo II, em 2000.
A cerimônia de 90 anos da aparição da Virgem foi presidida pelo ex-secretário de Estado do Vaticano no pontificado de João Paulo II, Cardeal Ângelo Sodano, a quem coube, em 13 de maio de 2000, desvendar o véu que cobria o chamado “Terceiro Segredo” de Fátima. Ele esteve representando o Papa, que se encontrava em visita ao Brasil.
Peregrinos estrangeiros de 26 países participaram das cerimônias religiosas no domingo. Milhares de fiéis estiveram presentes, sobretudo dos países Itália, Polônia, Alemanha, França e Espanha. Após a tradicional Procissão de Velas no Santuário, foi celebrada a eucaristia, seguindo-se de uma noite de vigília. Durante a peregrinação anual, fiéis também transportavam um cartaz da menina britânica de 4 anos, Madeleine Mccan, desaparecida em Portugal, pedindo a intercessão de Nossa Senhora do caso que mobilizou Portugal.
Muçulmano em Fátima
Entre os milhares de católicos presentes nas celebrações oficiais da Peregrinação Internacional de Maio, no Santuário de Fátima, esteve pelo menos um muçulmano, divulgou a Lusa.
Pela primeira vez no Santuário, o paquistanês e muçulmano Yousef Tarik foi acompanhar a mulher, uma portuguesa da Baixa da Banheira (Moita, Portugal) que costuma ir todos os anos. “Nos outros anos, vim a pé com a minha mãe e a minha irmã. Desta vez, o meu marido veio cá para dar apoio”, explicou Rita Sousa, casada com o imigrante há três anos.
“Sou muçulmano mas não tenho nada contra os católicos. Até casei com uma”, disse Tarik que tem “respeito” pela fé católica. “Nunca fui a Meca. Isto é a maior peregrinação a que vou assistir”, afirmou, ainda que recusando qualquer conversão. “Não vou deixar de ser muçulmano mas isso não quer dizer que seja contra toda a gente”, disse o imigrante, criticando o fanatismo religioso. “Sou contra o terrorismo. Se somos muçulmanos temos de ser tolerantes”. Quanto aos futuros filhos, Yousef Tarik diz que gostaria que eles fossem muçulmanos. Enquanto Rita prefere que eles sejam católicos e que serão batizados na Igreja Católica. “Depois, eles podem escolher mas têm de ser batizados primeiro”, prometeu.
Uma centena evacuada pelos bombeiros
Mais de uma centena de peregrinos foi evacuada do recinto do Santuário por motivos de saúde, divulgou a Lusa. No total, foram feitas 106 evacuações para os hospitais de campanha ali montados e 20 peregrinos foram levados para os hospitais vizinhos de Leiria, Torres Novas e Santarém.
Um peregrino espanhol faleceu em Leiria, depois de ter sentido mal horas antes do início da Procissão das Velas, na noite de sábado. Os bombeiros ainda prestaram cuidados a 782 peregrinos. Horas depois do final das celebrações, as saídas da cidade permaneciam congestionadas, principalmente nos acesso à auto-estrada, apesar dos esforços das autoridades em retirar o trânsito.