Fadistas de Portugal marcam 10 de Junho em São Paulo

Por Odair Sene
Mundo Lusíada

LinaRodrigues_RodrigoCostaFelix

Lina Rodrigues e Rodrigo Costa Félix foram a atração de fadistas que a Casa de Portugal de São Paulo trouxe para a noite de comemoração ao Dia de Portugal, no último 07 de junho.

Ela, trasmontana. Ele, lisboeta. Pela primeira vez no Brasil, os fadistas conversaram com o Mundo Lusíada e falaram da “honra” de cantar em São Paulo. “Eu vivi em São Paulo dos dois aos sete anos, então é uma sensação muito boa estar pela primeira vez como artista numa cidade que me acolheu tão bem” disse Rodrigo, relatando uma emoção especial nessa noite. “Criei uma ligação afetiva com o Brasil muito forte, que nunca perdi. Voltei cá várias vezes mas nunca aconteceu cantar no Brasil, e especialmente na cidade que me acolheu, onde vivi com a minha família durante cinco anos, e donde tenho recordações muito boas, por isso é uma emoção muito forte”, diz Rodrigo que levou a fadista Lina para comer pastel na feira no bairro dos Jardins, revivendo seu antigo habito.

Lina comentou sobre a nova geração do fado, a música tradicional de Portugal levada por tantos jovens como eles. “Pelo progresso que o fado tem tido até agora, vejo o fado como um sentimento d’alma, que está dentro de nós, e que liberta. Amália me ajudou muito a perceber esse sentimento e a gostar do fado como era antigamente e do que está a se tornar agora” diz ela, citando Amália como uma grande referência para todo fadista.

No repertório, os fadistas prepararam uma seleção na qual o público se identificasse, trazendo clássicos , além de temas novos e que estão nos últimos CDs de cada um deles. Além de algumas surpresas, como duetos e trechos de canções brasileiras. Eles que já estiveram em palco juntos outras vezes, geralmente fazem cada qual o seu show em Portugal. Já em São Paulo a ideia era fazer um concerto em duas partes, além das apresentações em conjunto.

Pela primeira vez o principal instrumento musical do fado, a guitarra portuguesa, foi tocada por uma mulher. Marta Pereira da Costa esteve acompanhando os fadistas, ela que é esposa do Rodrigo Costa. “Ela é de fato a primeira e única mulher que toca a guitarra portuguesa profissionalmente no fado. Já tem algumas mulheres aprendendo a tocar, mas o trabalho dela é extraordinário porque a guitarra é um instrumento muito duro, já é para os homens, mais duro ainda para mulheres porque têm os dedos mais sensíveis” diz o marido que contou com a guitarrista tocando em seu CD, o primeiro CD da história do fado com uma mulher a tocar guitarra portuguesa e com a emoção que ela consegue transmitir.

Rodrigo Costa já soma 20 anos de carreira e está em fase de produção do “Fados de Amor” que traz temas ligados à cultura brasileira, entre eles o “Amigo Aprendiz” apresentado nesta noite ao público da Casa de Portugal. “Quando gravamos achávamos que era um poema de Fernando Pessoa, mas depois descobrimos que o autor da poesia é um famoso brasileiro, padre Zezinho, é um poema extraordinário”.

Já Lina Rodrigues, aos 29 anos, começou a cantar fado aos 17. Seu disco de estreia sai em setembro pela Sony Music, com um tema centenário, Chiquinha Gonzaga, intitulado “Lua Branca” e que a fadista aposta que os brasileiros irão abraçar o projeto. Ela que tem família em São Paulo há muitos anos, uma tia-avó trasmontana com 82 anos, que esteve presente nessa noite para assisti-la.

O Evento – Nesta noite também foi aberta a exposição fotográfica Portugal Contemporâneo, de Hênio Souza, com apoio do Turismo de Portugal, um projeto que reúne fotos tiradas a partir da “janelas portuguesas”, mostrando paisagens e arquitetura histórica e moderna de Portugal.

Na curta solenidade, a abertura do evento ficou por conta do diretor de Turismo no Brasil, Paulo Machado, que abriu espaço para pronunciamento do cônsul geral de Portugal em São Paulo, Paulo Lourenço.

Em seu pronunciamento, interrompido por aplausos, Paulo Lourenço cumprimentou o presidente da casa Antonio dos Ramos, elogiou o bom público presente, e afirmou que Portugal sempre foi, antes de qualquer coisa, os portugueses. “Tenho certeza da capacidade que o Estado português tem, em circunstâncias difíceis, de continuar a reconhecer a importância da obra dos portugueses”. Como exemplo, citou o reconhecimento do governo português a três membros da comunidade portuguesa de São Paulo, que serão homenageados numa cerimônia que será realizada em Lisboa. E encerrou agradecendo a forma como sempre foi recebido desde sua chegada a São Paulo.

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