Concertinas invadem Arouca e prometem trazer vida nova à cultura portuguesa

Por Igor Lopes
Mundo Lusíada

Antônio Alves Serapicos, diretor de folclore do rancho do Arouca, e um dos organizadores do evento.

O Arouca Barra Clube promoveu, no sábado dia 3, o primeiro Arraial das Concertinas. O evento, que teve início na hora do almoço, contou com entrada franca, estacionamento gratuito e música da melhor qualidade. Um dos seus objetivos é servir de opção à tradicional festa portuguesa no Centro de Abastecimento do Estado da Guanabara (CADEG), em Benfica, Zona Norte da cidade carioca. A ideia é começar o arraial com periodicidade mensal. Dependendo da adesão popular, pode acontecer a cada 15 dias ou virar um acontecimento semanal. Certo é que o próximo encontro já está marcado para o próximo dia 17.

A estratégia da diretoria do Arouca, que fica localizado na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, é focar a segurança que se encontra no clube, além do conforto das instalações, da tranquilidade e do sossego. A fórmula é simples: o visitante vai ao clube, almoça e assiste às apresentações de concertinas até ao final da tarde. Pelo menos três pessoas ligadas ao rancho do clube dão o pontapé inicial, mas há espaço no palco também para convidados. Quem souber domar esse instrumento pode se juntar à festa.

Segundo Marcelo Brandão, presidente do Arouca Barra Clube, “as pessoas gostam de ir ao evento português no CADEG, todo sábado. Mas muita gente que mora nessa região da Barra não vai porque é longe. As pessoas têm medo do deslocamento, dos locais por onde têm que passar. Aqui, temos um espaço ótimo para este tipo de evento. Resolvemos começar aos poucos e tentar implementar isso aqui no clube”.

No palco não faltam talentos. Em pauta estão pessoas ligadas ao folclore português e que têm no sangue o poder dos acordes das sanfonas. Um dos responsáveis pelo arraial é Antônio Alves Serapicos. Nome típico na comunidade portuguesa no Rio. Hoje, assume a função de diretor de folclore do rancho do Arouca. “Ele convidou todo mundo que está tocando aqui hoje”, revela Marcelo.

“O que vemos aqui representa o encontro da nossa comunidade. Esperamos que agora a gente consiga fazer esse evento uma vez por mês. Vai depender da adesão da comunidade”, comenta Antônio Serapicos.

Cerca de 12 sanfoneiros movimentaram a tarde no Arouca. Foram tocadas músicas tradicionais portuguesas. “Queremos trazer um pouco mais da nossa terra para dentro do clube”, sublinha Serapicos, que acredita que as tradições de Portugal não podem morrer.

Serapicos atesta que a concertina é a representatividade maior da cultura portuguesa. “Quem nasceu como eu há 58 anos não conhecia outro instrumento musical a não ser a concertina e o realejo. Isso está na memória de 90 por cento dos portugueses”. Serapicos fala com propriedade sobre o assunto já que toca concertina há 30 anos. Aprendeu essa arte no Brasil e apostava na irreverência da desgarrada. “Hoje não vivo sem isso”, diz.

Marcelo Brandão espera que, com a publicidade do tipo boca a boca, o clube possa receber 400 pessoas por evento. Mas o que se notou no primeiro dia foi um público modesto, que se permitiu conhecer essa novidade.

“As pessoas sabem das marcas do Arouca, como o ambiente familiar. O serviço é bom e a comida tem qualidade, além da receptividade da diretoria”, afirma Marcelo. Nas mesas, algumas pessoas reclamavam do preço da refeição e das bebidas. “É inaceitável ter que pagar R$6 por uma cerveja gelada. As coisas estão muito caras por aqui”, reclamou um dos visitantes.

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