Comemorações no Plenário da Assembléia Legislativa do Estado de SP

Por José Verdasca dos Santos

Fui solicitado a colaborar na programação das comemorações do ACHAMENTO (22/04/1500) do Brasil por Pedr´Alvares de Gouveia (depois Cabral), dos 400 anos do Pe. Antônio Vieira (06/02/1608), da chegada da CORTE ao Rio de Janeiro (07/03/1808), dos 100 anos da imigração japonesa e da Revolução dos Cravos (25/04/74), cerimônia a realizar-se no PLENÁRIO da Assembléia Legislativa (Parlamento) do Estado de São Paulo, às 18h00 do dia 25 de Abril, em sessão solene promovida pelo deputado Caramez.

Convidado para ser o orador oficial, não tive como recusar, e penso aproveitar a ocasião para insistir nas verdades históricas em que acredito, para ressaltar o que imagino deve ser ressaltado, para enfatizar o que acho deve ser enfatizado. E – apesar de tranqüilamente poder falar de memória – vou reler os melhores historiadores, rememorar os aspetos mais positivos dos eventos a comemorar, reavivar o que de mais elevado e nobre os bons autores citam sobre obras e obreiros, que no seu conjunto PROJETARAM, DERAM FORMA, CONSTRUÍRAM, FORMARAM e ENGRANDECERAM este Brasil continente, de língua portuguesa e civilização ocidental – mas de feição bem singular – porque fruto e produto da MISCEGENAÇÃO de todos os sangues do Globo, do CALDEAMENTO de todas as culturas da TERRA, do CRUZAMENTO de todas as ETNIAS HUMANAS e da IMPLANTAÇÃO da NOSSA LÍNGUA PORTUGUESA, hoje muito enriquecida com vocábulos, trejeitos e sons dos dialetos das cerca de 250 tribos de índios encontradas por Cabral, de quase outras tantas de nativos africanos aqui aportados, e de – talvez – mais de 100 línguas de povos e-imigrantes aqui chegados após a independência.

Abordar estes fatos históricos é tarefa de muita responsabilidade. Todos nós nascemos ignorantes, daí a importância de professores e livros, para nos ensinarem e informarem. Entretanto, há muito orador sem critério, e muito historiógrafo (que escreve sobre história) que não seleciona as suas fontes, que é TENDENCIOSO, que deturpa o que lhe ensinaram, que NÃO SABE INTERPRETAR os TEXTOS, que TEM INTERESSES ESCUSOS ou mesmo falta de parafusos, razões de ser de TANTA BOBAGEM OUVIDA, VISTA e LIDA sobre D. JOÃO e a CORTE, sobre a colonização e formação do Brasil, sobre os e-imigrantes e seus costumes, sobre os africanos e sobre os índios. Temos à nossa disposição muitas enciclopédias, muitos tratados de história, muitas fontes históricas, MAS HÁ QUE EVITAR basear-se em um ÚNICO autor, especialmente quando não dominamos o tema, quando ignoramos o assunto. Revistas e jornais, emissoras de televisão e outros que tais costumam apresentar REPORTAGENS sobre os temas atuais; mas os repórteres são NORMALMENTE jovens, pelo que ainda não amadureceram, não têm experiência de vida, não tiveram ainda tempo de APRENDER, seus conhecimentos (quando os têm) não estão consolidados, os seus trabalhos são feitos à pressa (de poucos dias para a leitura do dia), pelo que POR VEZES não apresentam a profundidade necessária, a objetividade indispensável e ou a clareza recomendável. Tudo isto, se MAL OUVIDO ou APRESSADAMENTE LIDO pode ser UM DESASTRE!!!

Um erro gravíssimo – quando se fala de tempos idos – é IGNORAR que HOJE, os TEMPOS são outros!!! Só para nos situarmos na época da vinda da corte, chamamos a atenção para o fato de NÃO HAVER BANHEIROS nos NAVIOS!!!. Na prôa (ao ar livre) havia um prolongamento de assoalho vazado, onde muitos se "aliviavam", com a vantagem de ser "lavado" pelas ondas mais altas. Recorria-se aos penicos, e em casos especiais – decerto na nau de D.João – de quase 1000 tripulantes para poucas centenas de passageiros, as coisas eram diferentes. Portanto, quando se diz que "os portugueses" não tomavam banho, não tinham higiene, comiam coxas de frango à mão, deve-se acrescentar que ERA ASSIM EM TODO O MUNDO, sem se tentar diminuir os joaquins e manoéis.

Ontem ouvi um ILUMINADO dizer que D. João levou – em 1821 – barras de ouro para Portugal; mas aquele "BEM INTENCIONADO" não quis informar, não sabia ou, de má fé, não citou o fato de o Príncipe D. João ter TRAZIDO em 1808 TODO O TESOURO do REINO de PORTUGAL, de mais de 80.000.000 (oitenta milhões) de Cruzados em OURO e DIAMANTES. Acredito que parte deste tesouro, até se devesse às MINAS GERAIS, pois riquezas iam e vinham constantemente. Alguém tinha de pagar as naus e caravelas, os salários e as panelas, a comida e as velas, as roupas e as chinelas de tripulantes e passageiros, de evangelizadores e açougueiros, de governadores e marinheiros, de senhores e pan…deiros. Portanto – e para terminar – TEMOS A SAGRADA OBRIGAÇÃO de HONESTAMENTE INFORMAR.

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