Associação dos Poveiros encerra ano com festa natalina e quer mais Fado para 2014

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Por Vanessa Sene

A Associação Poveiros de São Paulo promoveu uma grande festiva natalina, em 08 de dezembro, para encerramento do ano. Na ocasião, cardápio recheado, muitos convidados, e homenageados especiais, além do folclore do Rancho Raízes de Portugal.

Um dos homenageados foi o português centenário Antonio Vinagre, com 100 anos e dois meses, natural de Leiria, que esteve pela primeira vez nos Poveiros, acompanhado da filha Angela Duarte Vinagre, e do genro José Duarte Carpinteiro. Foram ainda homenageados nesta tarde Manuel Lourenço, Fernanda Poveira e Maria Festas, todos da Póvoa de Varzim.

“Nós temos que homenagear as pessoas idosas da nossa comunidade que são as pessoas com mais experiência que pode ensinar às novas gerações muita coisa. E como elas têm relação com a Póvoa de Varzim, nós aproveitamos essa confraternização de natal de 2013 aqui na Associação dos Poveiros de São Paulo” disse ao Mundo Lusíada o presidente da entidade Isaias José Gomes dos Santos.

Cerca de 150 pessoas estiveram presentes nesta tarde, e provaram uma ceia de natal completa, com pernil, leitão à bairrada, e diversos acompanhamentos, além dos doces, panetones, o famoso Bolo Rei, rabanadas e castanhas assadas. “Tudo relacionado ao nosso natal em Portugal”.

2013/2014

Segundo o presidente dessa gestão, a entidade encerra o ano com saldo positivo. “Encerramos o ano acredito com uma nota positiva, e pretendemos continuar com as nossas festividades e tradições para divulgarmos sempre a Póvoa de Varzim e Portugal aqui em terras brasileiras”.

Para o próximo ano, além das atividades que a entidade realiza anualmente, a diretoria resolveu dar mais espaço também ao fado. “Nós temos que incentivar um pouco o fado, darmos oportunidade para estes cantores de fado que estão vindo para o Brasil, e os que já existem aqui, e é uma tradição portuguesa. Como a nossa casa é pequena, ela se adapta muito bem ao fado. Vamos tentar isso para o ano de 2014”, diz o presidente que só realizou duas apresentações de fado na casa.

O folclore também continua com o Raízes de Portugal, dançando suas músicas de norte a sul de Portugal, mas pretende trazer o fado para noites durante a semana, e assim reunir um público diferenciado na casa.

“É muito gratificante estar à frente de uma casa como a nossa Associação dos Poveiros de São Paulo. Estamos ligados a Povoa de Varzim e gostamos de lembrar as tradições antigas da Póvoa, e só as pessoas mais idosas é que se lembram delas”.

 

Velhas histórias de Poveiros

Na Romaria da Senhora da Saúde, em Póvoa de Varzim, antigamente os pagadores de promessas eram transportados dentro de um caixão, durante a romaria. Hoje essa tradição não mais acontece, mas os antigos ainda se recordam dessa estranha história da região. A promessa de “morto vivo” acontecia no templo Nossa Senhora da Saúde, aos pés do monte de São Félix. A Nossa Senhora da Saúde é particularmente venerada pelos pescadores, os precursores da romaria anual que, atualmente, reúne grande número de pessoas no último domingo de Maio.

A história foi contada durante o evento da Associação dos Poveiros, e fez com que alguns lá presentes se recordassem dessa antiguidade. Nascido em 30 de outubro de 1913, o sr. Antonio foi um dos homenageados e chegou ao Brasil na década de 50 no navio Eugenio C.

“Eu o encontrei em Caraguatatuba, nos anos 90, ele se lembrava não da freguesia em si, mas dessa tradição de fazer uma romaria dentro do caixão” conta o presidente da entidade Isaias Gomes dos Santos.

Ainda o Sr. Manuel Lourenço chegou ao Brasil em 1952 no Navio Charles Tellier, foi também homenageado hoje com 85 anos. Muito aplaudida também foi a dona Fernanda Poveira, chegou ao Brasil em 1956, o marido veio antes no Navio Eugenio C e ela veio depois, já de avião. E por último, dona Maria Festa, aos 94 anos não pode estar presente, mas foi representada na homenagem pelos netos, Fabio Ricardo de Sousa e Fernanda Varela.

O presidente da casa Isaias chegou ao Brasil depois do 25 de Abril de 1974, fez 36 meses de exército, e foi liberado em 30 de novembro de 1974. “Em 04 de dezembro eu parti para o Brasil” conta ele que se formou em engenharia no Porto, mas no pós 25 de Abril, o emprego era muito mais difícil. O que restou foi emigrar para o Brasil, e quando chegou, permaneceu como turista até arrumar um emprego. “E daí a minha vida progrediu aqui, amo o Brasil. Gosto de ir a Portugal visitar, mas é aqui que tenho a minha família, meus filhos e netos”.

Mas as histórias do Portugal antigo ainda permanecem vivas na mente, como na época em que Isaias foi aluno do professor Pedro Homem de Mello, um grande folclorista português, na Escola Industrial Infante Dom Henrique no Porto, na época dos anos 80. “Ele montou a escola de folclore dentro da Escola Industrial, e essa escola existe até hoje. Só me lembro dele chegar na aula inspirado por escrever os poemas do nosso folclore, que ele escreveu vários, mas escrevia de madrugada no Parque da Boa Vista no Porto. Essa é a história que me lembro dele contar aos alunos na classe”.

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