Tabaco: Estado pode poupar mais de 77 ME em 22 anos com diminuição de 15 por cento do consumo

Da Agencia Lusa Portugal

O Estado português poderia poupar mais de 77 milhões de euros se o consumo de tabaco diminuísse 15 por cento em 22 anos e 400 mortes seriam evitadas, revela um estudo europeu a divulgar terça-feira.

As contas do projeto PESCE (General Practitioners and the Economics of Smoking Cessation in Europe – Prática Gerais e Econômicas de Cessação Tabágica na Europa) indicam ainda que um decréscimo de três por cento até 2030 permitiria ao Serviço Nacional de Saúde poupar 7,5 milhões de euros em custos diretos com doenças muito prevalentes na população fumadora.

Segundo António Vaz Carneiro, diretor do Centro de Estudos de Medicina Baseada na Evidência (CEMBE) da Universidade de Medicina de Lisboa, a diminuição de 15 por cento levaria a menos 765 casos de cancro de pulmão, 226 casos de doença coronária, 872 de doença pulmonar obstrutiva crônica e 245 enfartes, por ano.

Estima-se ainda que em 2030 cerca de 400 mortes poderiam ser evitadas.

Para o responsável do organismo português que participou no PESCE, apesar de "não se procurar lucro na Saúde, mas gastos mais racionais", os resultados do estudo mostram que, "dado o impacto das doenças muito prevalentes provocadas pelo tabaco, a cessação é uma das pouquíssimas intervenções que dá lucro"

"Mostra-se, pela evidência, que o gasto é justificado na cessação tabágica porque o lucro conseguido é muito superior aos gastos com medicamentos, tempo dos médicos e logística", referiu à Lusa.

O PESCE assentou em três vertentes: revisão da literatura sobre os obstáculos para um maior envolvimento dos médicos de família na cessação tabágica, a elaboração de recomendações para um aumento dessa participação e um estudo econômico de custo/benefício na redução do consumo de tabaco.

Sobre a participação dos clínicos gerais, Vaz Carneiro lembrou que uma conversa de cinco minutos aumenta em 30 por cento o sucesso da cessação ao final de um ano.

Os estudos existentes revelam que a pouca adesão dos médicos de família se deve, por exemplo, a questões de falta de tempo, conhecimentos específicos, ausência de financiamentos específicos e se os doentes estão dispostos a deixar de fumar.

Para contrariar estes e outros aspectos, o grupo de especialistas europeus elaborou um conjunto de 15 recomendações gerais, que incluem treinos específicos e participação em estudos científicos, disponibilização de informação e criação de rotinas de questionar cada paciente acerca de hábitos tabágicos e registrá-los numa base de dados.

A nível mais político, os peritos recomendam a disponibilização de financiamentos extraordinários para o tempo extra gasto no acompanhamento de cessação tabágica, maior aposta na comunicação e proibição de fumo nos locais de trabalho dos médicos de família.

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