Sonae admite comprar participação da Telefónica na Vivo

Lisboa – A SonaeCom, empresa do grupo português Sonae, admite a possibilidade de adquirir a participação que a Telefónica detém na Vivo, como forma de ficar com o controle total do operador brasileiro de telefonia móvel, no caso de a oferta pública de aquisição (OPA) lançada sobre a Portugal Telecom (PT) ter sucesso.

No projeto de prospecto, que foi entregue na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a SonaeCom diz que "começará por avaliar as possibilidades de conseguir controlar as operações em que o grupo PT é atualmente acionista, especialmente no caso do Brasil e de Marrocos".

Porém, salienta a subsidiária da Sonae, caso não seja possível o controle dessas participadas, como é o caso da Vivo, em que a PT tem uma posição de 50% e a Telefónica outros 50%, os recursos envolvidos nessas participações serão alvo de novas apostas. A SonaeCom diz que "procurará reafetar os recursos envolvidos nas operações em referência à aquisição de outros operadores baseados na tecnologia GSM/3G, com especial interesse em países africanos e do Sudeste Europeu".

A empresa da Sonae tomou esta posição porque, segundo consta do projeto da OPA, "a detenção de ações em empresas não controladas ou em controle conjunto com outros operadores de telecomunicações não permite retirar o essencial das vantagens de consolidação", nomeadamente economias de escala, poder negocial, acesso a conteúdos e marketing.

Na OPA sobre a PT, a SonaeCom oferece 9,5 euros por cada ação da empresa de telecomunicações portuguesa. Um dos argumentos de defesa da SonaeCom é o de que a contrapartida oferecida representa "um prêmio substancial", já que está 16% acima da cotação dos papéis da PT à data do anúncio preliminar da OPA, que foi a 6 de fevereiro. Com os dividendos que as ações da PT rendem, o prêmio eleva-se a 20,8% (9,88 euros por ação).

No cenário em que venha a conseguir comprar a totalidade das ações da PT, a SonaeCom terá de investir cerca de 11,1 bilhões de euros, montante que a empresa da Sonae diz estar garantido, em função de um acordo de financiamento já preparado com o banco espanhol Santander. Encontram-se também assegurados os meios financeiros para o refinanciamento do passivo da PT, até ao montante de 4 bilhões de euros, acrescenta a SonaeCom.

Abandono do Brasil pela Portugal Telecom aumentaria a dívida

A opção da Sonae de fazer a Portugal Telecom abandonar o Brasil e investir em Marrocos poderá ter um efeito colateral negativo. De acordo com o "Jornal de Negócios", a troca da Vivo pela Médi Telecom daria à Portugal Telecom um encargo adicional de 300 milhões de euros em dívida.

O jornal português publicou que o redirecionamento da internacionalização da PT pela Sonae, do Brasil para Marrocos, como parece ser a intenção do grupo de Belmiro de Azevedo, poderá agravar os níveis de endividamento da maior operadora de telecomunicações nacional, alvo de uma OPA pela Sonaecom.

A OPA não se concretizou ainda, uma vez que só foi apresentado o anúncio preliminar. Analistas no mercado consideram que o preço oferecido, de 9,5 euros por cada ação da Portugal Telecom, é baixo e poderia ser aumentado até 14 euros, não fosse a dívida já existente do grupo de telecomunicações. Não foi para já anunciada qualquer contra-proposta, embora cresça no mercado português a expectativa por um movimento desse gênero.

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