Saúde do Algarve garante que vai controlar surtos sem ‘fechar’ a região

Da Redação
Com Lusa

A Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve garantiu nesta quinta-feira que tem capacidade instalada para responder a eventuais surtos de covid-19 que surjam no Algarve, como o que foi registrado em Lagos, “sem perigo de fechar” a região.

O presidente do conselho diretivo da ARS/Algave, Paulo Morgado, afirmou que “não há perigo de o Algarve fechar, de o Alentejo fechar ou de o país fechar” porque o que se verifica “neste momento é o aparecimento de pequenos surtos aqui e acolá”, o que pode acontecer em qualquer “ponto do território nacional” ou em outros países.

A Ordem dos Médicos defendeu neste dia 18 a necessidade de intensificar uma campanha de sensibilização para as regras de segurança face à covid-19 no Algarve, apontando que uma eventual cerca sanitária é decisão da tutela, mas ouvindo os autarcas.

O presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos, Alexandre Valentim Lourenço, também defendeu, em entrevista ao Diário de Notícias, medidas mais rigorosas para a zona do Algarve, dizendo que se houver um surto de 100 casos em Faro ou em Portimão tinha que se “fechar o Algarve”.

“São declarações alarmistas. Neste momento, a situação da pandemia e da epidemia em Portugal não está completamente controlada, é verdade, mas estamos numa fase descendente da curva. Podemos vir a ter uma segunda onda, como outros países onde a doença existe, mas se essa onda vai ser maior ou menor, ninguém sabe e ninguém é capaz de prever”, disse o presidente da ARS.

Paulo Morgado assegurou que “o Algarve tem capacidade de resposta”, como “teve para a primeira onda” da pandemia, quando “nunca esteve perto de esgotar a capacidade instalada” para tratar os doentes infetados pelo novo coronavírus.

“Temos capacidade para ter cerca de 250 doentes covid internados nos nossos hospitais e o máximo que tivemos foi um décimo disso, em termos de capacidade de internamento”, exemplificou, considerando que, “num surto de 100 pessoas, se calhar, só 10 é que precisam de internamento”.

Paulo Morgado assegurou que, “para já, não há nenhum surto de 100 pessoas” e “está-se longe” desses números, acusando a Ordem dos Médicos do Sul de tomar uma “posição que é alarmista e não tem adesão à realidade”.

“Qualquer surto, mesmo um de 100 pessoas, que já teria algum significado, não geraria 100 internamentos, a esmagadora maioria destas pessoas ficaria em casa em isolamento de contatos, em seguimento pelo médico de família. Neste momento, na região temos zero doentes com covid-19 em cuidados intensivos e temos só seis doentes internados. E os doentes que temos internados não são até doentes com gravidade”, argumentou.

Paulo Morgado disse que o caso do surto existente em Lagos “está e vai ser controlado”, porque está em curso uma ação de testagem que já permitiu a realização de “mais de 500 testes” de diagnóstico a pessoas que estiveram na festa ou a contatos próximos, sobretudo nos concelhos de Lagos e Portimão, “onde residem a maior parte dos casos relacionados com este surto”.

“A percentagem de positivos é baixa e temos a certeza que vamos conseguir controlar a situação com a estratégia que está em marcha. As nossas capacidades são mais do que suficientes para dar resposta a esta situação”, disse ainda o presidente da ARS, sem precisar o número exato de infetados já detetado relacionado com o surto de Lagos.

Segundo as informações divulgadas na quarta-feira pela autarquia sobre o foco de infecção, relacionado com uma festa ilegal realizada em 7 de junho no salão de festas do clube desportivo de Odiáxere, o número de infectados subiu para 37.

Também o presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL) acusou a Ordem dos Médicos de ser “alarmista” sobre a capacidade de resposta regional a eventuais surtos e enalteceu a atuação das autoridades regionais no surto de Lagos.

“Apesar de o surto [de Lagos] ter tido efeito maior que qualquer episódio até agora, as situações estão identificadas, os contatos estão definidos, as pessoas estão controladas e faz parte do processo de desconfinamento [surgirem situações como esta]”, afirmou António Miguel Pina, em declarações à Lusa.

O caso de Lagos veio “demonstrar que o Algarve é um caso exemplar de articulação entre as diferentes instituições – da saúde, policiais e municipais –, e está preparado para outro episódio destes, que faz parte do processo de desconfinamento”, acrescentou o presidente da entidade que representa os 16 municípios do distrito de Faro.

“Agora, lamentavelmente, assistimos a declarações bombásticas e irresponsáveis, que no fundo têm como foco um combate quase sindicalista e uma luta daquela classe profissional pela exigência de mais profissionais, sem pensar no efeito que traz para os algarvios”, criticou António Miguel Pina.

“Os portugueses não podem levar muito a sério aquilo que são as declarações desta corporação, que é uma mistura de sindicato e Ordem, porque à segunda dizem que é preciso mais médicos e à sexta-feira dizem que há médicos suficientes”, desvalorizou ainda o autarca.

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