Portugal “não tem condições para considerar a pandemia controlada” – Governo

Mundo Lusíada com Lusa

Nesta quinta-feira, a ministra de Estado e da Presidência disse que Portugal “não tem condições para considerar a pandemia controlada”, avançando que a incidência da infecção com o coronavírus SARS-CoV-2 é “significativamente mais elevada” esta semana.

“Na última semana a situação voltou a deteriorar-se em Portugal. Temos neste momento uma incidência de 176,9 e o Rt [índice de transmissibilidade] é 1,15”, disse Mariana Vieira da Silva no final da reunião semanal do Conselho de Ministros.

A ministra sublinhou que o Rt “é mais baixo do que era na semana passada, mas a incidência é significativamente mais elevada”.

“Quando olhamos para a evolução da incidência, aquilo que podemos ver é uma incidência mais alta e crescente nos grupos etários dos 15 aos 29 anos, dos 30 aos 34 anos e dos 0 aos 14 anos”, precisou, dando também conta que a incidência da infeção com o coronavírus SARS-CoV-2 é “alta entre os 45 e os 59 anos, mas significantemente mais baixa nos grupos etários que correspondem às idades já vacinadas”.

Mariana Vieira da Silva realçou que “isto significa que as vacinas resultam e tem os seus efeitos”.

A ministra voltou a reforçar a mensagem deixada na conferência de imprensa do Conselho de Ministro da semana passada que Portugal está numa “corrida entre o tempo da infecção e o tempo das vacinas”.

“Quanto mais protegermos os níveis da incidência enquanto as pessoas possam ser vacinadas mais defendemos a situação do nosso país”, frisou.

Mariana Vieira da Silva disse também que o país está numa situação em que é necessário manter as regras de distanciamento social, evitar as situações de ajuntamento, utilizar a máscaras e manter as regras de higiene respiratória de mãos.

“Não temos condições para considerar a pandemia controlada e faço um apelo a todos para que continuem a cumprir as regras e que se evitem comportamentos de risco”, afirmou.

Restrições

A proibição de circular de e para a Área Metropolitana de Lisboa (AML) vai manter-se no próximo fim de semana, no âmbito das medidas restritivas de combate à pandemia.

A Área Metropolitana de Lisboa engloba 18 municípios da Grande Lisboa e da Península de Setúbal, designadamente Alcochete, Almada, Amadora, Barreiro, Cascais, Lisboa, Loures, Mafra, Moita, Montijo, Odivelas, Oeiras, Palmela, Seixal, Sesimbra, Setúbal, Sintra e Vila Franca de Xira.

O Governo determinou hoje que nos concelhos em risco elevado (26) ou muito elevado (19) de incidência de covid-19 passa a aplicar-se uma proibição de circulação na via pública, entre as 23:00 e as 05:00.

Entre estes 45 municípios, encontram-se os 18 municípios que compõem a AML: Alcochete, Montijo, Setúbal, Palmela e Vila Franca de Xira, por integrarem a lista de concelhos em risco elevado, e Almada, Amadora, Barreiro, Cascais, Lisboa, Loures, Mafra, Moita, Odivelas, Oeiras, Seixal, Sesimbra e Sintra, por se encontrarem no grupo dos municípios em situação de risco muito elevado.

Questionada sobre se a proibição de entrar ou sair na AML tem sido uma medida eficaz, tendo em conta os concelhos que integram a lista de municípios em alto risco, a ministra sublinhou que o objetivo era que “uma maior incidência que existia nesta região não se propagasse rapidamente”.

“O que o Governo entende é que não temos, neste momento, condições para levantar medidas restritivas. Não é esse o momento em que vivemos, por isso mantêm-se as regras”, reiterou Mariana Vieira da Silva.

No último fim de semana foi possível entrar e sair da AML com um teste PCR, feito nas últimas 72 horas, ou de antigênio, feito nas últimas 48 horas, bem como com o certificado digital agora em vigor na UE. Os autotestes, aqueles que são vendidos em farmácias para serem realizados pelo próprio utilizador, não servem para o efeito.

Casos voltam a subir na Europa

Os casos da covid-19 começaram novamente a aumentar na Europa após 10 semanas consecutivas de queda, anunciou hoje a filial europeia da Organização Mundial da Saúde (OMS), alertando para o risco de uma nova vaga.

“Haverá uma nova onda na região europeia, a menos que permaneçamos disciplinados”, disse o diretor da OMS para a Europa, Hans Kluge, durante uma conferência de imprensa ‘online’.

Segundo Hans Kluge é uma situação de evolução rápida, que registou um aumento de 10%, com uma nova variante de preocupação (Delta), e numa região onde, apesar dos enormes esforços dos países, milhões de pessoas ainda não estão vacinadas.

Kluge lembrou que as estimativas sugerem que esta variante será dominante na Europa em agosto e pediu a manutenção de precauções individuais, bem como medidas de saúde para evitar uma nova onda no outono.

A variante Delta do coronavírus, que é particularmente contagiosa, deve representar 90% dos novos casos de Covid-19 na União Europeia até o final de agosto, estimou o Centro Europeu para Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) na semana passada.

Essa variante, inicialmente detetada na Índia, é 40 a 60% mais transmissível do que a Alpha, de acordo com a OMS.

A OMS reiterou que as vacinas são eficazes contra a variante Delta, mas é necessário receber as duas doses, não apenas uma.

A cobertura média da vacina (duas doses) na Europa é de apenas 24%, e metade da população idosa e 40% do pessoal de saúde permanecem desprotegidos, destacou a OMS.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.940.888 mortos no mundo, resultantes de mais de 181,7 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 17.101 pessoas e foram confirmados 882.006 casos de infeção, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde. O país regista atualmente um aumento do número de casos e de internamentos.

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