Passageiros de avião com cocaína com destino a Portugal livres para sair do Brasil, diz PF

Mundo Lusíada
Com Lusa

Os passageiros do voo interceptado na semana passada pela polícia brasileira com 500 quilos de cocaína que tinha Portugal como destino estão autorizados a sair do país. Segundo informações da Polícia Federal em Salvador, cidade onde o caso ocorreu, nenhum passageiro ou tripulante da aeronave foi detido ou está impedido de deixar o Brasil.

“Foram ouvidos até agora somente a tripulação, os pilotos e aeromoça, e o pessoal do hangar do aeroporto”, divulgou o órgão. “Alguns [passageiros] já voltaram para a Europa [e] outros serão ouvidos hoje. Nenhuma pessoa foi presa”, acrescentou.

“A investigação está em andamento, isso não está sendo informado em detalhes para não comprometer as investigações”, completou a polícia.

Ex-presidente do Boavista
O advogado e ex-presidente do Boavista João Loureiro disse à televisão portuguesa SIC que estava na lista de passageiros, com destino ao aeródromo de Tires, em Cascais, no dia 9 de fevereiro, mas não embarcou.

Também estariam na lista de passageiros Lucas Veríssimo, ex-jogador do Santos, além de Bruno Macedo, agente de Jorge Jesus, e Hugo Cajuda, agente de Abel Ferreira.

“Ia regressar a Portugal nesse voo [onde foi apreendida a droga] junto com vários outros passageiros, mas já tinha desistido de o fazer” afirmou o jurista Loureiro, numa mensagem escrita à Lusa.

João Loureiro referiu que, na altura da operação policial que culminou na apreensão da droga em Salvador, ele estava em São Paulo. “E acredito que talvez o tenha sido devido ao meu pedido para que houvesse uma inspeção rigorosa ao avião”, sublinhou.

Dizendo-se “completamente alheio” ao que se passou, o ex-presidente do Boavista Futebol Clube vincou que fez questão de por “mote próprio” falar com as autoridades brasileiras na qualidade de testemunha, antes de regressar a Portugal.

Situação que “demorou mais um tempo” devido aos vários feriados de Carnaval no Brasil.

João Loureiro confessou estar “tranquilo” desde então até agora e, por respeito às autoridades brasileiras e pelo segredo de justiça do processo, não prestará mais declarações públicas. “Aproveito ainda para agradecer profundamente as muitas mensagens de solidariedade que me têm chegado de Portugal”, concluiu.

Já o Embaixador de Portugal no Brasil, Luís Faro Ramos, disse à Lusa que “o assunto está em investigação pelas autoridades policiais brasileiras” e que a Embaixada de Portugal em Brasília não foi contactada pela polícia local.

Questionado se algum passageiro do voo procurou as autoridades portuguesas para pedir apoio, o diplomata explicou, sem dar maiores detalhes, que o piloto da aeronave contactou o Consulado de Portugal em Salvador.

“A única pessoa relacionada com este voo que contactou o Consulado, logo na altura [do facto], foi o comandante do avião. O comandante do avião pediu uma informação que lhe foi prestada. É o que eu posso dizer sobre o assunto. Todo o resto está a ser objeto de averiguações das autoridades policiais aqui do Brasil”, concluiu.

Empresa aérea

A empresa portuguesa OMNI Aviação e Tecnologia assumiu que foi “surpreendida” com a apreensão no Brasil, acrescentando que a tripulação do voo já regressou “há vários dias” a Portugal.

Em comunicado, a empresa conta que, “na viagem para o aeroporto em Salvador [depois de descolar do aeroporto de Jundiaí, no Estado de São Paulo], a fim de aguardar pela autorização de regresso a Lisboa, foi detectado um problema técnico durante a aproximação” à pista de aterrissagem.

“Esta situação ocasionou a necessidade de intervenção de manutenção no avião, tendo sido prontamente solicitada pelo comandante do voo à Dassault (fabricante do avião),em São Paulo. Neste sentido, existiu a necessidade de abrir um painel técnico na fuselagem do avião, onde encontraram um volume afixado à estrutura interna do avião”, refere o comunicado da administração da OMNI.

Perante este cenário, acrescenta a empresa, “foi imediatamente solicitado, pelo Comandante do voo, a intervenção da Polícia Federal, que tomou conta da ocorrência”.

A Polícia Federal do Brasil apreendeu meia tonelada de cocaína escondida no avião particular, na sequência da inspeção dos agentes, na aeronave estacionada na pista do Aeroporto Internacional de Salvador.

Mecânicos foram ao avião para verificar o problema, descobriram parte da droga e relataram à Polícia Federal.

“Com o apoio de especialistas criminais federais e cães treinados para detectar drogas da Polícia Civil, foram encontrados na aeronave outros esconderijos onde estava o resto da droga”, informou a Polícia Federal em nota.

A droga tinha sido dividida em embalagens com indicação de marcas desportivas famosas.

Embora não tenha produção própria de cocaína, o Brasil é um importante intermediário nas rotas de embarque para a Europa da droga produzida nos países andinos.

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