ONU: Favelas e comunidades são próxima frente de batalha contra coronavírus

Da Redação

A contaminação com covid-19 deve alastrar-se de grandes cidades como Milão, Wuhan, Nova Iorque e Madri para áreas com enormes desafios de resposta à medida que a pandemia chega à África, América Latina e a outros países da Ásia.

E a maior preocupação é com os assentamentos informais, favelas e comunidades em cidades como Rio de Janeiro, Mumbai e Johannesburgo. O alerta é da diretora-executiva do ONU-Habitat, a agência das Nações Unidas para Assentamentos Humanos.

Para Maimunah Mohd Sharif, a chegada da pandemia às favelas será a nova frente global de batalha contra a doença porque ali é difícil aplicar medidas de prevenção recomendadas pela Organização Mundial da Saúde, OMS.

Existem 1 bilhão de pessoas vivendo em assentamentos informais no mundo. Fontes inseguras de água corrente, falta de sabão e de álcool gel geram dificuldades para a lavagem frequente de mãos.

Um outro ponto é a superlotação das casas e a dificuldade de distanciamento social. Muitos moradores utilizam banheiros comunitários e buscam água em fontes compartilhadas. E a subsistência de muitos habitantes depende do mercado e da venda ambulante no setor informal.

Para Mohd Sharif, as medidas de assistência social anunciadas pelos países desenvolvidos para socorrer a população das consequências econômicas e de saúde da covid-19 têm de ser implementadas pelos países em desenvolvimento, aonde a pandemia se desloca.

Moradia
Segundo ela, esse deve ser um esforço de governos, setor privado e sem fins lucrativos para fornecerem água, saneamento básico e moradia adequada antes que o novo coronavírus se espalhe descontroladamente por esses assentamentos.

E segundo a chefe do ONU-Habitat, a comunidade internacional deve apoiar esses governos com equipamentos e tanques de água além de outros itens de prevenção e enfrentamento da pandemia.

Ex-prefeita em seu país natal, Malásia, Mohd Sharif diz que as populações de comunidades são resilientes e bem organizadas, e têm interesse em defender a saúde, o que segundo ela, é uma grande vantagem na luta contra a doença.

Brasil
Pelo último Censo do IBGE, cerca de 12 milhões de brasileiros vivem em favelas.

Uma pesquisa com apoio da FAPESP, realizada no âmbito do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP), teve como coordenador Sergio Adorno, Professor titular da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP.

Segundo ele, “enfrentar a pandemia em São Paulo é algo extremamente desafiador devido à heterogeneidade. Não existe um único corte, entre centro e periferia ou entre ricos e pobres, mas uma situação muito mais complexa”, diz Adorno à Agência FAPESP.

Adorno cita como exemplo a alta concentração de pessoas em moradias precárias. “Por mais necessário que seja o confinamento, é muito difícil que ele seja cumprido à risca nos agrupamentos urbanos onde predominam trabalhadores de baixa renda e escolaridade, e elevada densidade demográfica por cômodo de residência, o que dificulta o isolamento social. Além do mais, a maior parte das pessoas passa o dia em atividades fora de casa, o que intensifica o contato interpessoal. Grande parte dos trabalhadores informais depende de sair à rua diariamente para se sustentar. A pandemia ressalta, de maneira dramática, toda a escandalosa desigualdade social do país”, diz.

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